quinta-feira, 27 de agosto de 2009

OS LIBANESES EM PALMA





















É necessário que se faça algum registro sobre a importância dos imigrantes libaneses que se instalaram em Palma no início do século passado e sua contribuição para o desenvolvimento do comérci
o do município.
Infelizmente, até a data em que redijo o texto que se segue,no poder público municipal, de todos os tempos, ainda não apareceu ninguém sensível o suficiente para reconhecer a grande contribuição dos libaneses que vieram para nossa região e se fixaram em Palma.Na sede do município não existe nada (rua, placa, praça, mon
umento ou qualquer outra manifestação) que faça lembrar a importância do libanês na cidade.
Inicio tal registro com a relação daqueles que constituíram família e por aqui ficaram por muito tempo. (peço perdão pela grafia errada de algum nome)
A seguir, os casais que aqui vieram residir, aqueles que se casaram em nossa terra e constituíram suas famílias, com os respectivos filhos e outros
Depois, apenas algumas lembranças e coisas que ouvi contar.

- Alfredo Salim e Sahud Salim ( Nacib, Chaquib, Faride, Jofre. Alfredo, José, Glorinha,Selma e Iracema)
- Calixto Maluf e Alida Maluf Miguel ( na verdade Kalil Maluf Salum e Alida Metre Maluf)(Assed, Chafia e Odete)
- Chicre Metre Maluf e Maria Kalil Metre( Pedro, Said, José, Ralile, Sahda, Libania, Rosa e Hily)
- Daher Mirad e Burbara Sahid ( Mirat, Maron, Fideles, Teresa, Arlete, Manira, Alzira, Maria da Penha)
- Elias Abdalla Saab e Maria Metre Abdalla (sem filhos)
- Família Salum, em Cisneiros.
- Feres Maron e Amélia Metre Maron (Victória e Odaléa)
- Feres Metre a Málaque Simão Metre (Maria, Amélia, José, Helena e Laila)
- Feres Nemer e Málaque Nemer (Wilson , Jorge, Ivone, Ivete,
Tereza, Vitória e Emily)
- João Simão e Sahda Simão ( Nacib, Adib, Said, Simão, José, Chafih, Latufala, Maria Helena e Jamel)
- Jorge Ammar e Soraya Ammar (Mansur, Emily, Jorgete, Janete e Jane)
- José Auad e Maura Manira Auad (Lea, Marina, Terezinha, Joana D’Arc, Maria José, Maria Imaculada, Maria Cristina, Maron, Pedro, Antonio de Pádua e João Batista)
- José Simão e Violeta Simão (Américo, Michel, Mário, Nazira, Adiba, Adelina, Maria, Violeta, Faride e Emília)
- Latuf Abdalla e Ward Abdalla Chebli ( Fued, Nege, Michel, Amale)
- Miguel Felipe Amaro e Isabel Namitala  Amaro (Omar, Hinkler, Norma, Márcia, Carlos Miguel e Eber Pólo)
- Roque Nacif e Maria Jacob Nacif (Nagila, Maura Manira e Antonio )
- Said Abdalla e Jamel Abdalla ( Victória)
- Said Mansur e Saide Mansur ( Chaquib, Diebe, Hacibe, Michel, Nimer, Málaque, Linda e Manira )
- Salim Simão e Helena Simão (Salomão, Nagib, José e Maria Helena)
- Salomão Salim Maluf e Nazira Simão Maluf (Michel e José Carlos)
- Said Chicre (não se casou)


- Pedro Chicre (casou-se com uma brasileira: Nair Buarque Chicre)Maria Helena, Norma, Amale, Vitória, Antonio, Elias, José Paulo e João Batista)
- Málaque Mansur (Casou-se com um brasileiro, João Pereira Gomes) – João Antonio, Rily, Estela, Josélia, Sonia e Heleno)


Minha avó era uma grande contadora de histórias, nas quais a personagem principal era ela, Málaque Simão Metre. . E contava com tantos detalhes, que minha cabeça de criança usava toda a fantasia possível para torna-las ( as histórias) ainda mais bonitas.
Contava, minha avó, que meu avô, Feres Metre, a deixou grávida, no Líbano, e veio para o Brasil, em 1912, em busca de uma vida melhor, e que breve mandaria busca-la. Lá nasceu minha tia, Maria Metre.
No Líbano, também, ainda ficaram os irmãos de minha avó, José, João, Salim e Wadyh, que, posteriormente, também vieram para o Brasil.
Meu avô, que foi um grande e competente marceneiro, veio para o Brasil e logo começou a trabalhar, mesmo com a barreira da língua árabe. Ele nada falava em português.
Depois que minha tia nasceu, minha avó ainda permaneceu no Líbano por mais algum tempo., na Cidade de Kfar Katra, onde nascera. Sobre esta cidade ela deixou gravadas nas minhas lembranças as imagens da rua e da casa onde morava. Para mim a casa era de pedra, muito bonita, embora cinzenta (cor da pedra). Mais alta do que a rua, a casa tinha um porão onde se guardavam tonéis cheios de azeite com bolinhas de lábine mergulhadas no óleo. Tinha muita azeitona. E ovelhas. E comida gostosa. Minha tia chegou a brin
car por lá antes da vinda para o Brasil. Contava que chegou a dar ovo frito para o priminho recém nascido, Salomão, que também veio para o Brasil, onde se casou com uma prima, chamada Nazira.
Hoje penso como deve ter sido triste deixar a cidade natal, a terra natal e rumar para um país distante e desconhecido, e nunca mais, NUNCA MAIS rever o pai, a mãe. Arrancavam-se as raízes e voavam pelo mundo.
Uma interrupção para contar outro caso:Assim foi com tio Elias, (o Elias Abdalla Saab)ainda criança. Aos 12 anos, em 1914, na companhia que um tio dele que iria para a Argentina, o menino deixou pai, mãe e irmãos na cidade de Maasser Beit Eddine, e , num navio, veio para a América do Sul. Aqui no Brasil, o tio o deixou e seguiu para a Argentina. Elias ficou por aqui, nunca me contou como. Só sei que nunca mais reviu pai e mãe.
Um irmão, chamado Bechara Abdalla Saab veio passear no Brasil em 1968. Eu me lembro perfeitamente da emoção do reencontro. Ficou por aqui algum tempo e depois foi embora. E não mais voltou. O Elias desse parágrafo casou-se em 1930 com a Maria, filha da Málaque e do Feres, do início da história.
Lá em Kfar Katra, Málaque continuou a viver com Maria até que Feres Escreveu dizendo que ela poderia vir para o Brasil.
Mas o melhor da história, para mim, ainda criança, foi a que ela contou sobre a viagem de navio até o Brasil. Pela descrição que vovó fazia e o que minha mente visualizava, o navio era uma grande e moderna cidade flutuante. Tinha ruas, todas cobertas, com vendas (lojas) nas laterais. Como em Palma, na Rua do Cinema, as pessoas também passeavam pra lá e pra cá pelas ruas do navio.
A história é confusa, sem uma seqüência correta, mas é assim que os fatos vêm na minha cabeça.

Aqui, minha avó teve mais quatro filhos: Amélia (casou-se com Feres Maron), José (casou-se com a brasileira Antonia) , Helena (minha mãe, casada com o brasileiro, Oliveiros) e Laila (casou-se com Jacob Massud Jacob).SALOMÃO
Salomão era o único que sabia escrever em árabe, em Palma. Era ele o redator de todas as cartas que iam e o leitor de todas as cartas que vinham do Líbano.
Na década de 1960, o progresso trouxe aqueles imensos gravadores, com rolos também imensos de fitas. O gravador era do Hélcio Marcenes. Tia Ward juntava todos os libaneses na casa dela e Hélcio levava o gravador. E em meio a grande porções de tabule, homus, quibe e às vezes Arak (bebida árabe destilada da tâmara ou da uva, aromatizada com aniz), cada um gravava , entre risos e muito choro, suas mensagens que, depois, eram enviadas pelo correio para familiares no Líbano. Lá, outra reunião. Eles ouviam e gravavam as respostas. Outra vez a fita era colocada no correio. Quando chegava aqui em Palma, outra reunião. Todos ouviam. Riam. Davam gargalhadas. Choravam mais ainda. E a língua árabe era revivida em cada um desses encontros. É uma pena que hoje, dos poucos descendentes, apenas as irmãs Odete e a Chafia Maluf Miguel ainda saibam algumas palavras e contem algumas histórias.

Para Palma vieram muitos libaneses. Na maioria parentes. Aqui se estabeleceram e muito fizeram pela cidade. José Auad, Miguel Felipe Amaro, José Simão, João Simão, Said Abdalla, Elias Abdalla, Latuf Abdalla, Jorge Ammar, Salomão Salim Maluf, Feres Maron, dentre outros, foram importantes comerciantes na cidade.

O comércio palmense desenvolveu-se com os libaneses.
Algumas das principais lojas de libaneses, em Palma, a partir da década de 1920:
Casa Azul de Elias Abdalla – Grande e variadíssimo sortimento de fazendas finas, fazendas grossas para lavoura, ferragens, calçados, louças e miudezas em geral. Rua da Estação. (jornal A Voz de Palma – 1932)
Casa Estrela de Astolfo Abdala – Fazendas , armarinhos, louças, ferragens, perfumarias, calçados, chapéus, papelaria, artigos escolares, etc
A Barateira de José Auad – tecidos, artigos de perfumaria, louças e miudezas em geral – Esquina da Rua João Pinheiro com Rua Dr. Victor Ferreira.
Casa São Jorge de Jorge Ammar- Anúncio no Jornal A Voz de Palma , de 1932 - Completo sortimento de bebidas finas, nacionaes e estrangeiras, doces, conservas e artigos para fumantes. Tem annexo um bem montado Salão de Bilhares – Rua Dr. Victor Ferreira – Próximo ã Ponte.
Conta-se, também, que Seu Jorge, da Casa São Jorge, ensinou a muitas crianças o jogo de bilhar e um outro, chamado bagatela (ou bacatela – sobre esse jogo só encontrei um registro de que é tipo pimball) . Para tanto ele pedia às crianças que recolhessem as garrafas de bebidas vazias do bar. O tempo de jogo para cada criança dependia da quantidade de garrafas recolhidas.

Hoje, das lojas fundadas por libaneses em Palma, somente uma se mantem, embora com outro nome e outro proprietário: a Casa Azul, de Elias Abdalla, loja de tecidos, armarinho, funciona no mesmo local, ainda comercializando tecidos e armarinho.

Palma, 27 de agosto de 2009
(FOTO: Feres Metre e Málaque Simão Metre. Os filhos (atrás) José, Amélia, Maria, (na frente)Laila e Helena
.

9 comentários:

betometri.blogspot.com disse...

A sua memória, ou seu banco de memórias são super eficientes. Parabéns. Continue publicando.

Sonia Canellas disse...

Finalmente, agora posso entender todo o parentesco, todas as familias libanesas que vieram para Palma. Linda historia, sempre achei. Ja conversamos muito sobre isso, nao e?
Que tal um post sobre os italianos? Beijim.

Marcio Chicre disse...

Que maneiro, minha familia toda aí.
Obrigado.

Unknown disse...

beto!!
que coisa incrivel, passei o dia com uma saudade enorme do meu pai, amanha seria o aniversario de 70 ou 71 anos dele, mas faz ja fazem 15 que ele se foi... e volta e meia penso na enchurrda de tecnologia, que ele, um apaixonado pelo progresso, nao viveu e no meio dessa saudade resolvi digitar seu nome no google: "mansur jorge ammar" e eis que me deparo com um texto onde nao so ele mas toda base da minha familia estava presente numa historia linda e cheia de honras, quanto orgulho! a tia jorgete ja havia me falado do seu blog e por algum motivo nao tinha entrado ainda, mas agora eu entendi, a data e hora para encontra-lo estavam marcadas!!! que prazer vc me deu com suas palavras!! obrigada . taiza ammar (a filha mais nova do mansur)

Unknown disse...

Boa noite Beto, aqui e Márcio Maluf,minha mae é prima das irmãs Chafi e Odete! Passa seu whaWhats para trocarmos fotos! 35 98875 2302

Unknown disse...

Minha Avó materna Bandar Maluf casou com Elias Maluf no Líbano e depois vieram para o Brasil, Bandar Maluf era irma da mãe da Chafia e Odete. Beto, se puder ou quem for nosso parente, me chamam no Whatsapp. Márcio Maluf. 35 9 8875 2302

Unknown disse...

Boa noite Taísa, me chamo Márcio Maluf! Uma parte da minha família vieram do Líbano e ficaram em Palma. Me chama no whatsapp para podermos trocar informações. 35 9 8875 2302

Unknown disse...

Boa noite Sonia, me chamo Márcio Maluf, minha familia vieram do Líbano. Minha avó materna tinha uma.irma em Palma. Que era mae das irmãs Chafia e Odete. Se puder me adicionar no WhatsApp para trocarmos informações. Ficaria feliz! Moro aqui no Sul de Minas. Meu WhatsApp. 35 9 8875 2302. Abraços

Unknown disse...

Boa noite Beto, meu avô materno ficou viúvo e casou pela segunda vez com Rosa Khalil, gostaria de entrar em contato com você , por favor passe seu zap. O meu é 021987550955.