terça-feira, 30 de agosto de 2016

UMA HISTÓRIA DE AMOR LIBANESA
EM TERRAS BRASILEIRAS


Era uma vez, dois jovens, descendentes de libaneses.
Ele vive em Campinas . Ela  mora  em Recreio. Ele se chama Youssef  Abdallah. Ela se chama Nájila, da família Maalouf.
Os dois jovens iniciam um namoro . E se amam. A família de Youssef não aprova o namoro porque Nájila pertence a uma família com parcos recursos financeiros. Mas o amor fala mais alto e os dois continuam o romance.
O tempo passa .
- Vamos ficar noivos? Propõe Youssef.
Nájila fica radiante de felicidade. E entre eles, combinam que vão se casar. A mãe de Youssef, ao saber dos planos diz:
- Nájila é muito bonitinha. Mas é tão pobrezinha, não é?
E a mãe de Youssef, sob pena de lhe tirar todos os privilégios e até de deserdá-lo,  os obriga a  terminarem o namoro. Nájila chora. Youssef se entristece. E o namoro tem fim.
Nájila, desiludida,  se dedica à cozinha. Youssef,  também desiludido e inconformado, entra  em depressão. Depois de algum tempo decide ir para o seminário e diz que quer se tornar padre.
Mas o amor entre eles continua. Youssef, já prestes a receber o sacramento da Ordem vai para Recreio,  auxiliar o pároco da cidade, Padre Norberto. E revê Nájila. A chama do amor reacende. Mas a situação de “quase padre” os impede de reatarem o namoro. Padre Norberto percebe que Youssef só vai se tornar padre para fugir daquele amor. E para agredir a família. E o aconselha a abandonar a batina.
Os anos passam. Youssef desiste do sacerdócio e vai para São Paulo  estudar na universidade. Eles não se vêem mais. Nájila também vai para o São Paulo. Mas não se encontram. Youssef,  entristecido e magoado com a família, não retorna a Campinas nem quando a mãe dele adoece. E vem a falecer.
Mais de quarenta anos separam  a data do início do namoro.
Um dia, já residindo outra vez em Recreio, Nájila recebe um telefonema do irmão de Youssef.
-  Nájila, Youssef está na UTI de um hospital aqui no São Paulo . Não está nada bem de saúde e pediu-me que telefonasse para você e lhe pedisse para vir vê-lo.
Nájila reluta um pouco. Diz que  não tem porque ir. O irmão dela a aconselha a ir.E ela  resolve atender o pedido de Youssef.
No hospital, revê o grande amor de sua vida.
- Nájila – diz Youssef , você é a única mulher que eu amei na vida. Eu gostaria muito que você ficasse comigo até o fim dos meus dias.
- Eu não posso. Tenho meus compromisso em Recreio, tenho meu irmão, que ficou viúvo e mora comigo.
- Não faça isso. Por Favor. Fica comigo!!!!
- Eu te prometo, Youssef Quando você sair do hospital, eu voltarei para ficar com você pelo menos um mês, para conversarmos   e falarmos de nossas vidas .
- Não.  Fique agora.Por favor. Não vá.
Nájila sai chorando da UTI e se encontra com o irmão de Youssef.
- Melhem – diz Nájila. Eu tenho que ir. Não me despedi de Youssef, mas eu tenho que voltar. Meu ônibus sai daqui a uma hora da rodoviária.
Melhem argumenta , mas não a convence a ficar. Depois,   entra na UTI e conta a Youssef que Nájila se foi.
- Se Nágila não está na minha frente não há mais nada  que eu queira ver nesta vida.
Youssef fecha os olhos e chora.
E não volta mais a abrir seus olhos.
A noite passa.
Mais um dia e  Youssef com os olhos  fechados.
Vem a noite.
Amanhece e Youssef , ainda com olhos fechados, deixa esta vida.
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Nájila, passados mais de seis anos, ainda ama Youssef.
Nájila, com 70 anos de idade, chora.
E fala dele com carinho. Porque ele ainda vive em seu coração.


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