domingo, 10 de agosto de 2008

O REMEDINHO


Pequena homenagem a um grande amigo

Uma manhã como a maioria das manhãs. Alguns poucos carros trafegando pelas ruas. Muitos cachorros fazendo cocô e xixi nas calçadas. As ruas mal varridas. No posto de saúde, as intermináveis e lucrativas filas de doentes. Na porta do banco, aposentados e pensionistas aguardando a hora de verificarem o que lhes resta de dinheiro depois que os bancos debitam a parcela do empréstimo. No bar, uma fezinha no jogo de bicho. As lojas abrindo as portas para os clientes que não vêm. Na padaria, entre um e outro cafezinho, um fuxico, uma fofoca e uma sacola de pães. As beatas terminam as rezas e voltam para suas casas. Empregadas domésticas sacodem tapetes nas janelas. O sol da manhã já ameaça torrar os miolos de quem se aventura a sair pelas ruas.
É nesse clima, que Carlito aparece no caminho para o hospital.
- E aí, Carlito, tudo bem?
- Nada.
- O que é que tá acontecendo?
- Eu já te falei. Não me pergunte como é que eu vou, Pergunte, onde é que dói?
- Fala sério. O que é que tá havendo?
- Estou indo pro hospital . Não tô bem.
- O que é que você tá sentindo?
- Tudo.
- E pra que essa sacola na sua mão?
- É meu pijama e meus remédios. Vou pedir pro Doutor José Arnaldo me internar.
- Mas, o que é que aconteceu ?
- Acordei hoje com uma tremenda falta de ar. Então, peguei um comprimido de aminofilina . Depois de um tempinho, até que a falta de ar melhorou, mas me atacou uma azia que eu não via há muito tempo. Fui na cozinha e misturei duas colheres de takasime na água e tomei. A azia passou, mas começou uma dor de cabeça dos infernos. Pedi à Geni, a empregada, que me trouxesse trinta gotas de novalgina e deitei um pouco. Tive que levantar rapidinho e correr pro banheiro. Tava com uma cólica sem fim. Do banheiro mesmo gritei pra mamãe pegar um enteroviofórmio que tava no armário da copa. Tomei dois comprimidos e esperei no banheiro mesmo. Quando saí, sentei um pouco na varanda . De repente, bem aqui do lado direito, começou uma dor que eu pensei que fosse morrer. Gritei outra vez a Geni e pedi pra ela pegar umas folhinhas de boldo no quintal e fazer um chazinho porque os remédios tinham atacado meu fígado. Pra que eu fui fazer isso! Acho que me deu uma alergia e comecei a tossir que não parava mais. Levantei e fui no criado mudo do quarto da mamãe e peguei um comprimido de celestamine. Aí entrei em desespero. Começou a me dar uma tonteira que eu pensei que o mundo ia cair. Tudo rodava. Aí eu lembrei que o Doutor Zé Arnaldo tinha falado que eu tava com princípio de labirintite. Mandei dois comprimidos de estugeron de uma vez só . Aí a coisa piorou. Acho que minha pressão, em vez de baixar, subiu. Liguei pra farmácia do Toninho e pedi pra ele mandar alguém vir medir minha pressão e já trazer uma caixinha de captopril. Realmente ela tava alta. Tomei um comprimido e sentei pra ver um pouquinho de televisão. Senti, então, uma dormência na mão e o coração disparado. Coloquei um isordil debaixo da língua e esperei. Pra que? Voltou a falta de ar.. Tenho ou não tenho razão de pedir pro Doutor me internar?
MONOGRAFIA HISTÓRICO-COROGRÁFICA
DO MUNICÍPIO DE PALMA

Autor: José Marinho de Araújo
Jornal – A DEFESA
de Antônio Agrícola
Palma, 13 de abril de 1952

TÍTULO PRIMEIRO
DEVASSAMENTO DO TERRITÓRIO

Capítulo I

PENETRAÇÃO NO TERRITÓRIO DO MUNICÍPIO

Por detrás das serras, cujo perfil era visto do litoral fluminense, viviam os índios Goianazes, donos e senhores da terra. Terras do Brasil que engatinhava.
Os portugueses, estabelecidos junto à Baía da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, tinham compreendido muito bem da necessidade imperiosa de se estabelecer meios de comunicação e medidas que facilitassem o acesso ao interior desconhecido.
Esse interesse bateu às portas do Governo Imperial, tão desejosos em dilatar os domínios da Coroa Portuguesa. Uma determinação partiu. E enérgica. Todos os subditos expuseram-se à empresa. À frente, toda sorte de obstáculos. Arrostaram-se a inúmeras dificuldades. Lançaram à tarefa árdua de desbravamento da gleba inculta e lendária.
Os grupos de homens, sedentos de aventuras, se formam na estaca zero. Dispersam-se , em organizadas expedições. Parecem um polvo imenso. E seus tentáculos se estendem sertão adentro. Surgem as picadas, abrem-se os caminhos. As estradas foram devassando as selvas brasileiras. Em meios às emboscadas, afloravam os tesouros que deixavam estarrecidos os desassombrados bandeirantes. Estava ali a compensação consoladora, prêmio à bravura dos expedicionários.
O índio, assaltado pelo imprevisto, surpreso, organizou defesa. Lutou. Resistiu. Dispunha, no entanto, de menor capacidade que o adversário invasor. Por fim, teve que ceder e curvar ante Sua Majestade., a civilização que, impetuosa, penetrava, abrindo novos horizontes ao mundo português.
O trabalho de penetração apresenta os primeiros resultados. Já se encontraram ligadas às terras de São Paulo de Piratininga e das Minas Gerais, com as do Rio de Janeiro.
Isto tudo aconteceu por volta do Século XVII, quando a Serra do Mar era tida como obstáculo intransponível. A grande muralha fora sediada, escalada e dominada. Ranchos de pouso, nichos, capelas, solares, pontilhavam na zona pisada pelo homem civilizado.
Em 1597, Martinho Corrêa de Sá, desejou aproveitar os caminhos abertos. Tinha um objetivo: alcançar Minas Novas ou Minas Gerais. Determinou, então, nova excursão: compreendeu que o melhor roteiro marítimo-terrestre, até então conhecido, era justamente aquele que alcançava as terras banhadas pelo rio Parati-Guaçu.
A expedição começava a se mover. Por mar, parte do rio de Janeiro. Tem à sua frente as terras de Parati. Desce em terra firme. Setecentos Portugueses e dois mil indígenas compunham a expedição. Penetra no Estado de São Paulo rumo à Pindamonhangaba. Começa a mover-se pelo Vale do Rio Paraíba. Vai descendo-o, até chegar à foz do Rio Paraibuna.
As terras de São Paulo já se encontravam bem distantes. Os exploradores tinham desbravado grande parte do território fluminense.
Paraibuna era um lugar que oferecia segurança. Mas outras etapas, daí por diante, se tornaram freqüentes. De Paraíba do Sul fácil foi alcançar Campos.
A numerosa expedição de Martinho Corrêa de Sá, tão bem organizada, em princípio, se dispersara, fixando pelas terras da zona. Os mais ousados foram distanciando, aprofundando na selva dos Purís e Coroados. A Zona da Mata, em Minas Gerais, torna-se conhecida. Muitos lares se fixaram na terra aberta ao povoamento.
As sesmarias são cedidas àqueles que se julgam donos de suas posses conseguidas por bravura e persistência A maior parte delas entregues a moradores de Angra dos Reis, pelo Capitão-Mor João Pimenta de Carvalho, o lugar tenente do conde da Ilha do Príncipe, donatário da Companhia de Nossa Senhora da conceição de Itanhaem.
Espanhóis avistam Chiador, nas margens do Rio Paraíba. Precisavam de um lugar para suas roças. No Cágado fundaram Mar de Hespanha. E o caminho aberto pelos ibéricos se tornou tão importante devido ao seu intenso trânsito, tão necessário à vida dos primeiros habitantes, que o Governo Imperial, em decreto de 25 de junho de 1831, ordenou a ramificação e construção da Estrada de Mar de Hespanha .
A 26 de maio de 1828, Coronel Guido Tomás Marliere, inspetor dos serviços da Estrada de Minas, aos Campos dos Goitacazes,, aceitou, solenemente, no lugar denominado Porto dos Diamantes, no Rio Pomba, a doação dos terrenos que lhe fez o sargento de ordenanças Henrique José de Azevedo, para o fim especial de ali erigir uma capela e se fundar uma povoação. A capela foi erecta, debaixo da invocação da invocação de Santa Rita, filial à Matriz de São João Batista do Presídio (hoje Visconde do Rio Branco).
Ainda nesse ano, Guido Marliére, o famoso francês, foi encarregado pelo Governo Geral, de abrir uma estrada que ligasse a antiga Vila de São João Batista do Presídio à também antiga Campos dos Goitacazes (hoje a cidade fluminense de Campos), desbravando a mata virgem, para o fim de estabelecer comunicação rápida entre o Oceano e a Zona da Mata.
O pouso de Guido Marliére , considerado o descobridor de Cataguases, está otimamente colocado na incipiente povoação de Santa Rita de Cássia de Meia Pataca. Grande número de ranchos abrigava seus índios. Ficava o “pouso” numa pequena faixa de terra demarcada por Marliére , no lugar conhecido por Porto dos Diamantes, sito à margem esquerda do rio Pomba, na travessa a vau desse rio, próximo à confluência do córrego Lava Pés.
O frade capuchinho Fernando de Santo Antônio resolveu se expor a árduas viagens pelos sertões existentes no curso do sub-médio do rio Paraíba do Sul. Testemunhou lutas cruentas entre os índios Purís e Coroados. Consegue doação de sesmarias, às margens do rio Pomba. Organizou aldeamento dos silvícolas, catequizando-os.
Pelas margens do rio Pomba foram abertas as picadas, em direção a Santo Antônio de Pádua, estabelecendo-se, assim, a determinada ligação da Zona da Mata a Campos. Daí para o oceano, foi coisa fácil. Estava completa a obra de Guido Marliére.
Foi quando os primeiros homens civilizados começaram a tocar as terras incultas do atual município de Palma, abrindo as estradas vicinais do rio Pomba, a cuja barranca se debruça o território da comarca, banhado pelo rio Capivara, que deságua no Pomba.









CAPÍTULO II

NOMES QUE TEVE A CIDADE DE PALMA

Por volta de 1780, a cidade fluminense de São Fidelis, começa a se desenvolver , formando o casario, entre o Rio Paraíba do Sul e a Serra do Sapateiro.
Abre-se uma picada em direção de Cataguases., a fim de se dar expansão ao espírito da época, tendente ao bandeirismo. Havia necessidade de encurtar as distâncias. O caminho procura dominas as cumeadas da Serra do Sapateiro. De quebrada em quebrada o explorador alcança a bacia do rio Pomba. Nas margens desse rio, já no atual município de Palma, estavam seguros do roteiro. Fácil se tornou a chegada ao arraial de Santa Rita de Cássia do Meia Pataca.
No meio da viagem, havia um rancho para descanso da tropa. Situava-se numa das margens do ribeirão da Capivara (em sua parte mais alta na cidade de Palma, na antiga saída para a cidade de Miracema).
Existia próximo ao rancho uma vetusta e copada cotieira, de cujo fruto se extraía o azeite.
E o lugar passou a ser conhecido pelo nome de RANCHO DA COTIEIRA.
Cá em baixo, corre, em seu leito torcicolante, por entre escarpadas abruptas, o ribeirão Capivara, que leva as águas da bacia hidrográfica, em que se estende grande parte do município de Palma, ao rio Pomba, que se transformou em um excelente roteiro para os exploradores.
Melhor se tornou a denominação do lugar. Em vez de Rancho da Cotieira menor esforço se despendia em pronunciar, apenas, o nome do rio. CAPIVARA foi a nova designação da localidade. A “venda”, junto ao rancho se tornou coisa necessária. Outras casas foram construídas, formando-se o arraial, em cujas imediações se fixaram os posseiros, uns, com roças, e outros entregues ao trabalho de mineração, nas datas concedidas, em escritura, pelo Guarda Mor do distrito, ou nas sesmarias adquiridas por meio de cartas subscritas por Sua Majestade Imperial.
Na capela situada na parte mais elevada do lugarejo, é venerada a imagem de São Francisco de Assis.
A localidade, tendo todos os requisitos necessários para se tornar a sede de um distrito de paz, foi este criado pela lei provincial nº 1.239, de 29 de agosto de 1864 com a denominação de SÃO FRANCISCO DE ASSIS DO CAPIVARA.
Como sede municipal, criada pelo decreto estadual nº 297, de 23 de dezembro de 1890, a vila conservou o mesmo nome do distrito sede.
Em razão do decreto estadual nº 441-A, de 23 de março de 1891, o município passou a ter a denominação atual de PALMA. Recebeu este nome por existir no jardim da cidade, umas palmeiras altas que decoravam o principal logradouro público. Deram inspiração aos responsáveis pela escolha do nome para a vila que recebeu o título de cidade pela lei estadual nº 23, de 24 de maio de 1892.
O nome Palma permanece até nossos dias, embora tenham se registrado sucessivas revisões toponímicas no Estado.
Muitas outras leis foram sancionadas, respeitando sempre esse nome . Tais como a estadual nº 2, de 14 de setembro de 1891, que confirmou a criação do distrito-sede da vila de Palma. Lei Estadual nº 843, de 7 de setembro de 1923, que fixou nova divisão administrativa do Estado. Anexo ao decreto lei estadual nº 88, de 30 de março de 1938 e decretos leis estaduais nº 148, de 17 de dezembro de 1938 e 1058 de 31 de dezembro de 1943, referentes a divisões territorial quinqüenais.


CAPÍTULO III

ÍNDIOS QUE CEDERAM AS TERRAS AOS PALMENSES

Nas terras onde se estende o território do município de Palma, vivia uma família indígena, Quando o homem civilizado se encontrava entregue ao trabalho de devassamento da zona, essa tribo custou ceder a terra que lhe pertencia, para dar lugar à fundação de colônias, onde o europeu se dedicava ao cultivo de suas roças, embora ser o principal objetivo do explorador, a procura de minerais. Precisava cavar a terra e dela tirar, também o alimento para si e seus companheiros. Só do ouro não podia viver o homem.
Chamavam-se Purís os índios dessa região. Constituíam uma grande família. De físico pouco desenvolvido, apresentavam-se eles com pequena estatura. Celebrizaram-se pelo seu ânimo rixento. Viviam em correrias e luta contínua com seus vizinhos, Gostavam de brigas com seus companheiros. O ciúme era a paixão que os dominava. Daí surgiam as discussões e mesmo lutas com seus companheiros de tribo.
Adotavam, por tempo não muito longo, a poligamia. Trocavam de mulher à vontade. A mulher era considerada sua propriedade. Seguia o marido na caça. Levava pequena equipagem. A união conjugal consistia em o pretendente presentear o pai da noiva com determinado objeto, que, para eles, representasse valor estimativo ou material. Estava, assim, resolvida a posse da mulher escolhida. O pai, todo satisfeito com o presente recebido em festas entregava a filha.
Nas terras onde se afloram as atividades da cidade de Muriaé, localizava-se a sede da tribo dos Puris.
Apresentavam-se com um tipo comum, entre as demais famílias indígenas da região. Traços bem acentuados. Todos precediam de um mesmo tronco: os Goitacazes confundiam com os “Cataguás”, palavra que, na língua tupi-guarani, quer dizer habitante do mato ralo ou do serrado. Não era designação de uma mas nome genérico de todas as tribos estabelecidas além das matas ou regiões dos campos. Alguns historiadores dão outra versão: Nogueira Itagiba – “povo que mora no país das matas”; Teodoro Sampaio – “índios da mata virgem”.
Aos traços da raça americana, tão diferentes da raça branca, eles reuniam a fealdade peculiar de sua nação. Estatura baixa. Cabeça grande, achatado no alto, enterrado até às espáduas. Cabelos negros, compridos e desgrenhados. Os seus últimos descendentes já não usavam cortá-lo, no alto da cabeça; costume que deu nome aos Coroados da família Goitacás.
A pele cor de bistre, pintavam-na com urucú.
Peito e ventre dilatados. Coxas e pernas finas. Pontas dos pés largas. Calcanhares estreitos. O homem vivia entregue à indolência. Sem ânimo para o trabalho que reclamasse grande esforço e continuidade. Ajudado por suas mulheres, faziam pequenas plantações.
Quando o explorador se tornou dono de suas terras, fácil foi adquirir suas simpatias, com a presença da aguardente. O álcool lhes fez despertar uma outra paixão: bebê-lo constantemente. Para usá-lo com freqüência, procuravam trabalho nas colônias. Ganhavam apenas para se embriagarem. Depois iam descansar.
Com habilidade, o homem civilizado fez-lhes despertar o gosto para outras coisas. Arribadores. Canoeiros. Condutores de balsas, carregadas de madeira. Aprimoraram o fabrico do arco e flecha. Extraíam estopa dos ramos novos da embaúba e dela confeccionavam rede. O tecido era cruzado muito forte, mas grosseiro. dele faziam tangas. alguns se apresentavam com a roupa descendo até o joelho, toda bordada.
Com argila cozida, preparavam vasos d’água, urnas funerárias, panelas e outras pequenas coisas. Nisto limitou a sua indústria.
Vendiam aos brancos, esse produto, bem assim os da caça, constituída de animais e aves silvestres. Também os arcos e flechas que faziam.
Desconfiados, cruéis e supersticiosos, invocavam os animais silvestres. Acreditavam nos agouros , a que se davam em suas práticas.
Solfejavam e cantavam sua música própria. Descompassada e tristonha. A dança acompanhava o mesmo ritmo. Era desagradável, pela uniformidade de gestos e de posturas.
A sua habitação não era durável. Uma choça. Não era outra coisa senão uma espécie de berço, com quatro pés , coberta com folhas de palmeiras.
Viviam, por muito tempo, fora de casa, em trabalho pelas casas dos colonos, nas matas caçando ou entregues ao descanso.
Quando apareciam nos lugares, onde encontravam serviço, traziam vestida a roupa que recebiam do colonizador, gratuitamente ou em troca de trabalho. Voltando à aldeia, trocavam esse vestuário pelas tangas.
O indiferentismo e a tristeza que o caracterizavam os faziam viver um ambiente de profunda apatia. Quando precisavam externar seus pensamentos, por meio da palavra, o faziam em voz alta. Dirigiam-se aos seus companheiros, com gestos grosseiros e maneiras indelicadas.
Na aldeia, em que viviam, em agrupamento, elegiam um chefe. E o reconheciam seu superior. Respeitavam-no e o obedeciam. A autoridade desse chefe não atingia aos índios que viviam dispersos pelas matas. Prestaria obediência ao chefe quem o quisesse, pois a sua autoridade era por demais, relativa, limitada.
Os defuntos eram encerrados num grande vaso de barro cozido. Uma larga e comprida talha. Enterravam-no no chão. Se desenterrado, tinha pequena duração. Exposta à ação do ar começava a dar estalidos, quebrando-se em pequenos pedaços. Ficava o vaso todo em fragmentos. Sua recomposição era impossível.
Ao tempo que Guido Marliére resolveu aldear os índios desta zona, encontravam eles entregues à vida errante.
Suas aldeias se transformaram em lugar de miséria. Batidas as florestas, esgotados os viveiros, tornaram-se escassas a pesca e a caça. Presos ao solo, ficaram reduzidos à minguadas colheitas de suas roças, o que não lhes permitia uma alimentação abundante e nutritiva como a de outrora. Daí resultaram várias medidas estabelecidas pelo governo da época no sentido de protegê-los, aldeando-os e dando-lhes assistência. Foi quando surgiu a figura do administrados ou diretor dos índios, nomeadas por Sua Majestade Imperial, por intermédio do Conselho Ultra Marinho.
Instituiu-se a modalidade de aldeamento. O local da habitação determinado .Em ponto fixo. Não havia permissão de se transpor as raias do terreno em que fora alojado. O território que lhes pertencia foi todo dividido entre os posseiros e sesleiros
Nesse novo estado, os índios tiveram os seus hábitos transformados. Eram acometidos de nostalgia. Abandonados à tristeza e à miséria. Perderam seu antigo humor. Sua agilidade e a primitiva inteligência.
Contribuiu, ainda, para o seu fatal aniquilamento, o alcoolismo e toda a sorte de desregramento, vícios e moléstias adquiridas.
Sim. Adquiriram vários vícios e moléstias, devido ao seu contato com a população oriunda da Europa e da África, constituída de portugueses e pretos escravos.
De um lado, na parte mineira, assinala-se a passagem de Guido Marliére, como protetor dos índios. Do lado fluminense destacou-se a figura do frade capuchinho Fernando de Santo Antonio. Penetrou nesses sertões pelo rio Paraíba do Sul. Nas margens do rio Pomba assistiu as lutas cruentas entre os Purís e Coroados.
Conseguiu, do governo, algumas sesmarias, a fim de aldeá-los à sombra da capela de Santo Antônio de Pádua.
Assim foi se extinguindo, no município de Palma, até o seu desaparecimento completo, em nossos dias, a raça Purís da Tribo Cataguá. Essa desventurada raça indígena, de todo desaproveitada, para dar lugar às expansões do homem civilizado. Nem mesmo vestígios de formação racial legou à posteridade.
No distrito de Morro Alto, do município de Palma, existe a mata dos Puris, único indício da grandeza e decadência da aldeia purí nestas plagas. Desalojados pelos posseiros, foi a aldeia abandonada, sendo, seus habitantes, postos para fora de seus domínios. Pouco lhes valeu a prioridade que tinham sobre o domínio como verdadeiro dono da terra descoberta pelo devassador, sedento de aventuras que o permitissem enriquecer. Nem mesmo de cemitério serviu o local da aldeia, aos filhos de Pindorama. Localiza-se entre Morro Alto e Cachoeira Alegre, a três quilômetros de distância daquela vila, às margens do Ribeirão do Pontão.Terras de propriedade do senhor Joaquim Jacinto de Paula e herdeiros.
A mata dos Puris é a única prova atual da existência de tribos selvagens no município de Palma. Apenas perpetua-lhe o nome e nada mais...






TÍTULO SEGUNDO

CORRENTES DE POVOAMENTO,
PROCEDÊNCIA E OBJETIVOS.

CAPÍTULO I

POVOADORES DO MUNICÍPIO DE PALMA

Bandeirantes abrem caminho para as Minas Gerais. de Guaratinguetá parte Fernão Dias Paes Leme, com uma provisão assinada por Afonso Furtado de Castro, do Rio Mendonça, Governador Geral do Brasil em 29 de outubro de 1672., concedendo-lhe todos os poderes do estilo, nomeando-lhe Governador das Esmeraldas. Tinha, nessa época, 60 anos.
Transpõe a Garganta de Embaú. Descansa em Baependi. Abre veredas para o Rio Verde. Funda Ibituruna, o primeiro solar erigido em terra mineira.
Braz Esteves Leme povoa Pouso Alto, bo caminho aberto pelos paulistas que dirigiam as Minas. Fixaram-se, em seu percurso, os grandes lares. Ao Solar de Patriarcas muito devem não só as formações social e racial como o estabelecimento de correntes de povoamento.
No Solar da Família Vieira, em Pouso Alto, surge a figura máscula e impávida do Capitão Antônio Vieira da Silva. Revestido do espírito aventureiro de então entra no caminho aberto pelos paulistas, de Pouso Alto ao Rio Aiuruoca. Começa a descer esse rio cujo leito é o mais alto do sistema orográfico brasileiro. Atinge as margens do rio Grande indo a Guarambel, percorrendo, assim, do começo ao fim, a picada da Aiuruoca, o primeiro caminho aberto naquela região, dando lugar à fundação de muitas povoações mineiras e fluminenses.
O Capitão Antônio casa-se com Dona Feliciana de São José, da família Silva Pinto, de Queluz, hoje Conselheiro Lafaiete.
Desse casal, houve seguintes filhos: - 1 - Major Joaquim Vieira da Silva Pinto; 2 – Major Antonio Vieira da Silva Pinto; 3 – Major Luiz Vieira da Silva Pinto; 4 – Francisco Vieira da Silva Pinto; 5 – João Vieira da Silva Pinto; 6 - Manoel Vieira da Silva Pinto; 7 – D. Antônia Vieira da Silva Pinto; 8 – D. Felicidade Vieira da Silva Pinto; 9 – D. Maria Jacinta Vieira da Silva Pinto; 10 – D. Maria Umbelina Vieira da Silva Pinto; 11 – José Vieira da Silva Pinto; 12 – D. Francisca Vieira da Silva Pinto ; 13 – D. Ana Balbina Vieira da Silva Pinto.
O major Joaquim Vieira da Silva Pinto nasceu na Fazenda da Cachoeira , distrito de Santa Ana do Morro do Chapéu, município de Queluz, hoje Conselheiro Lafaiete, a 25 de outubro de 1804. Em 1825, com a idade de 21 anos, contraiu núpcias com Dona Maria Balbina de Rezende, filha de Joaquim Antonio da Silva Rezende, e de D.Antonia Dávila Lobo Leite.é envolvido pelas lutas políticas que tiveram por epílogo a Batalha de Santa Luzia, do Rio das Velhas. No fim desse memorável ano de 1842, abrindo picadas pelas matas virgens, penetra no sertão bruto dos Cataguazes. Funda a Fazenda da Glória, numa vasta posse três mil alqueires.
Habituado a lidar com homens, com sua energia, fez imprimir um grande impulso à zona que seu latifúndio tinha em derredor.
Cogitou de melhorar as condições do arraial de Meia Pataca. Conseguiu, com seus esforços, a lei provincial nº 534, de 10 de outubro de 1851, que elevou o curato de Santa Rita do Meia Pataca à categoria de Freguezia.
Conseguiu, por esse mesmo dispositivo legal, se criasse os curatos de São Francisco de Assis do Capivara, hoje cidade de Palma e Nossa Senhora da Conceição do Laranjal, hoje sede do município de Laranjal, com os foros de cidades. Em simples povoações, com exclusivos benefícios eclesiásticos.
Exerceu o mais importante cargo daqueles tempos. O de Guarda Mor. Das suas diversas atribuições, contava a de distribuir, em escritura de coação, datas de terras e águas minerais. Logo que organizou a Fazenda da Glória, foi nomeado, isso em 06 de setembro de 1844, Guarda Mor Substituto das Minas do Distrito de Ubá. Em 14 de abril de 1845, recebeu a nomeação de Guarda Mor das Minas do Distrito de Meia Pataca, situado nas margens do rio Pomba, no município de Leopoldina.
Com essa nomeação, os mineradores , destas paragens, tiveram o seu território constituído em um novo distrito administrativo, com a criação da Guarda Moria de Meia Pataca.
Recebera a patente do posto de Major. Dignificou-o, durante a sua existência. Pertencer à Guarda Nacional nos seus primeiros dias de organização era uma grande honra pessoal.
Em 14 de novembro de 1880 entregou sua alma ao Senhor, deixando os seguintes filhos, cuja descendência contribuiu, de forma incontestável , para o povoamento da Zona da Mata: José Vieira de Rezende e Silva; Antonio Vieira de Rezende e Silva; Joaquim Vieira de Rezende e Silva; Luiz Vieira de Rezende e Silva; Maria Carolina de Rezende e Silva; Rachel Vieira de Rezende e Silva; Antonia Balbina de Rezende; Francisca Vieira de Rezende.
Desse ramo, muitos de seus membros vieram se estabelecer, com fazendas, organizadas e bem administradas, em terras do município de Palma. Transformaram suas sedes, em grandes lares, cuja descendência resultou em fatores que determinaram o povoamento da atual comarca e adjacências.
Dos onze filhos do casal, de que foi cabeça o Coronel José Vieira de Rezende e Silva, trataremos do Doutor Astolfo Vieira de Rezende. Nasceu na Fazenda do Rochedo, próximo a cidade de Cataguases, em 12 de novembro de 1870. Fez seus estudos no tradicional Colégio Caraça. Em 1888, matriculou-se na Faculdade de Direito de São Paulo, justamente numa época de grande efervescência política que trazia o país intranqüilo, solapando os alicerces do trono, ocupado pelo magnânimo Dom Pedro II.
Na Faculdade de São Paulo, concluiu o curso em 1892. Influenciaram em seu espírito as campanhas da abolição, da república. Os seus primeiros vôos de oratória, tiveram um destino: a campanha republicana.
Formado, veio advogar em Palma, em cujo município pontilhavam, na cidade e zona rural, os grandes solares, formados pelos mesmos galhos genealógicos do novo bacharel em direito.
Chega em Palma. Funda um jornal “O Correio de Palma”, órgão de combate à política do Vice-Presidente da República, Marechal Floriano Peixoto, a cujo partido pertencia o Coronel Firmo de Araújo Pereira.
Organizou, em Palma, um partido forte. Foi eleito agente executivo municipal, em dois pleitos renhidíssimos. Renunciando o cargo, em 1895, transferiu-se para Cataguases onde advogou durante oito anos. Ali fundou o jornal “O Agricultor”. Mais tarde, assumiu a direção do “Jornal de Minas”, órgão do Partido Republicano Mineiro.
A sua carreira de advogado, político, jornalista, historiador e publicista, iniciou, transitou e se encerrou com brilho.
O sétimo filho do Major Joaquim Vieira da Silva foi D. Joaquina Vieira da Silva Rezende. Casou-se com seu primo José da Silva Rezende. Filho do Major Antonio Vieira da Silva Pinto, segundo filho daquele que saiu de Pouso Alegre, para, com sua descendência, vir povoar a zona da mata, o patriarca Antonio Vieira da Silva. Sua mãe, foi Dona Maria Helena de Jesus..
O casal José da Silva e d.Joaquina Vieira da silva Rezende, fundou e organizou a Fazenda Santa Tereza, no município de Cataguazes. Ele morreu moço, em 1880, deixando os seguintes filhos:
1 – d. Cornélia Vieira de Rezende; 2 – d. Terêsa de Rezende Moreira ; 3 – d. Adelaide Vieira de Rezende; 4 – d. Dolores Vieira de Rezende; 5 – major José Vieira da Silva Rezende; 6 – Heitor Vieira de Rezende; 7 – Arquiles Vieira de Rezende.
A Segunda filha desse casal, d. Terêsa de Rezende Moreira casou-se, em primeiras núpcias, com Francisco Moreira de Faria , e, em segundas, com Antonio Moreira de Faria Alvim,, ambos filhos do Coronel João Moreira de Faria e Silva e de d. Maria Adelina de Faria. Do seu primeiro matrimônio d. Terêsa teve uma filha, d. Armia de Rezende Alvim.
D. Armia casou-se com o Coronel Sócrates Renan de Faria Alvim, também neto do Coronel Moreira, pois é filho de José Soares Machado e de d. Felicidade Moreira Alvim.
O Coronel Sócrates Renan de Faria Alvim foi fazendeiro no município de Palma. Exerceu o cargo de escrivão da coletoria local. Como funcionário do Ministério da Agricultura, mudou-se para Belo Horizonte onde faleceu. Ali, entre outras, exerceu as funções de diretor da Sociedade Mineira de Agricultura e de membro e secretário do Conselho Consultivo do Estado de Minas Gerais. Teve seu nome incluído na chapa do Partido Economista do Brasil para deputado à Constituinte.
Seus filhos: 1 – dr. Ovídio de Rezende Alvim, engenheiro agrônomo; 2 – dr. Max de Rezende Alvim, engenheiro agrônomo; 3 – dr. Darwin de Rezende Alvim, médico veterinário; 4 – Hélio de Rezende Alvim, agrônomo; 5 – d. Áurea de Rezende Alvim Tavares; 6 – dr. Uriel de Rezende Alvim, deputado federal por Minas Gerais; 7 – Cid de Rezende Alvim; 8 – José de Rezende Alvim; 9 – d. Astréa de Rezende Alvim, normalista; e 10 – d. Iris de Rezende Alvim, normalista.
D. Felicidade Vieira da Silva Pinto, oitavo rebento do casal que penetrou nesses sertões, povoando- o .Antonio Vieira da silva e Feliciana São José, casou-se com Francisco Moreira de Faria.
Tiveram os seguintes filhos:
1 - d. Francisca Moreira de Castro Valente, casada com o tenente Francisco Barbosa de Castro Valente. Esse casal estabeleceu com fazenda em terras da então Freguezia de Capivara. Tiveram os seguintes filhos: 1- Francisco Barbosa de Castro Valente, que foi casado com D. Maria, filha do 1º matrimônio de D. Maria Adelina, que, em segundas núpcias, foi casada com o coronel João Moreira de Faria e Silva; houve grande descendência desse casal; 2 – José Barbosa de Castro Valente, foi casado com d. Ana, filha da mesma d. Maria Adelina. Além de outros, tiveram os seguintes filhos: 1 – d. Orminda, que foi casada com Eduardo José do Amaral e tiveram os seguintes filhos: Nicanor Barbosa do Amaral, farmacêutico nesta cidade, Bianor José do Amaral, farmacêutico, falecido em Porto Novo, Agenor Barbosa do Amaral, Satiro Barbosa de Castro Valente, casado com D. Antonia Vieira de Castro Valente. Deixaram 4 filhos.
Maria Moreira de Castro e Silva, foi casada com Manoel Barbosa de Castro e Silva, fazendeiro no município de Palma. Além de outros, tiveram os seguintes filhos, Coronel José Barbosa de Castro e Silva ( da “Serra”), casado com d. Antonia Moreira de Faria, filha de Antonio Moreira de Faria e de d. Maria Querubina de Assunção Dutra. Foi fazendeiro e chefe político de grande prestígio, tendo, na monarquia, militado nas hostes conservadoras. Alguns de seus filhos: Coronel José Barbosa de Castro Junior, político que chegou à presidência da Câmara Municipal de Palma, uma filha casada com o Coronel Francisco Fernandes Flores, fazendeiro no município de Palma, de cujo consórcio houve os seguintes filhos: Dr. Orlando Barbosa Flores, engenheiro pela Escola de Minas de Ouro Preto, chefe político em Muriaé, de onde foi prefeito; uma filha casada com o engenheiro Ormando Borges de Aguiar, que foi Secretário da Agricultura do Estado do Espírito Santo. E uma filha casada com Eduardo José do Amaral, viúvo de uma filha de José Barbosa de Castro Valente. Esse casal teve uma filha , casada com o bacharel em direito Ananias Varela de Azevedo, aposentado no cargo de Desembargador do Tribunal de Apelação deste Estado. Antonio Barbosa de Castro e Silva, fazendeiro e político no município de Palma. O seu filho, Coronel Antonino Barbosa de Castro e Silva, exerce atualmente ( 8 de junho de 1952) o cargo de prefeito deste município.
O terceiro descendente do casal, Francisco Moreira de Faria e de d. Felicidade Vieira da Silva, foi uma senhora que se casou com João Dutra Nicácio, fazendeiro no Estado de Espírito Santo.
O quarto foi o Coronel João Moreira da Silva Alvim, fazendeiro e capitalista residente no município de Palma. Casou-se com Dona Maria Adelina de Faria, viúva que tinha duas filhas, as esposas de José e Francisco de Castro Valente. Seus filhos: d. Josefina Adelina de Faria Rezende, casada com Dr. Afonso M. Vieira de Rezende, advogado, político, fazendeiro, magistrado em Cataguases. Dona Felicidade Moreira de Alvim Machado, casada com José Soares de Alvim Machado. Três filhos: o Coronel Sócrates Renan de Faria Alvim, Dr. Aristóteles de Faria Alvim, engenheiro industrial e dona Julinda Alvim, poetisa; Dona Francisca Altina Moreira, casada com Antonio Soares de Alvim Machado, Joaquim Moreira de Faria Sobrinho, casado com d. Idalina Reveziana de Alvim Faria; José Moreira de Faria, casado com Dona Quitéria Reveziana de Alvim Faria; Antonio Moreira de Faria Alvim, casado com d. Tereza de Rezende Moreira; e Francisco Moreira de Faria.
O quinto foi Antonio Moreira de Faria , casou-se com d Maria Querubina de Assunção Dutra, filha de Fernando Dutra Nicácio. Filhos: Dona Antonia Moreira de Castro e Silva,. Dona Maria Antonia Moreira de Rezende , Antonio Moreira de Faria Alvim, Joaquim Moreira de Faria, José Moreira de Faria, Dona Maria Moreira Dutra, Dona Emília Moreira Dutra e Dona Rachel Moreira da Costa. Em segundas núpcias, Dona Maria Querubina casou-se com Francisco Furtado Costa, pai do Capitão Leonardo Furtado Costa. Desse casal houve grande descendência.
Dona Maria Jacinta Vieira da Silva Pinto, foi o nono galho do patriarcal trono, cuja cabeça de casal foi o filho de Pouso Alto. Casou-se com Francisco Moreira de Faria., viúvo de sua irmã Felicidade. Dos sete filhos deste casal destacamos: Idelfonso Moreira de Faria e Silva, casado com D. Maria Cornélia Alvim.
Esse casal se estabeleceu com fazenda em Palma. Sua descendência: Dr. Idelfonso Moreira de Faria Alvim, D. Ana Moreira de Rezende, D. Maria Jacinta Alvim de Rezende, Virgílio Moreira de Faria Alvim. A Quarta filha desse casal foi D. Leopoldina Moreira de Faria e Silva, casada com Teotônio da Boa Vista, residente no distrito de Cisneiros, município de Palma. Não houve descendência.
Dona Carlota Ladeira Ferreira, filha de D. Carlota Soares Madeira e Belarmino Dias Ladeira, neta de Antonio Vieira da Silva, filha do penúltimo rebento que foi D. Francisca Vieira da Silva Pinto, casada com Francisco Soares Valente, de São João Nepomuceno. Residia em Rio Novo. D. Carlota casou-se com Dr. Vitor Custódio Ferreira.
Ao Doutor Vitor Ferreira muito deve a cidade de Palma. Médico humanitário, clinicou na cidade, por muitos anos, onde fundou uma casa bancária. Deixou Palma, a fim de assumir a gerência do Banco do Brasil na cidade paulista de Santos.
Do casamento do Dr. Vitor e de Dona Carlota, houve um filho., o engenheiro Dr. Almir Ladeira Ferreira.
Ao doutor Vitor Ferreira, prestou a cidade a homenagem consistida de seu nome a principal rua da cidade.
Dona Amália Barbosa Pinheiro, a segunda filha de José Barbosa de Castro Vaelnte, casou-se com o farmacêutico Manoel Gonçalves Pinheiro. Pais de Dr. Thales Barbosa Pinheiro, médico, Jarbas Barbosa Pinheiro, farmacêutico (residentes em Palma), Epaminondas Barbosa Pinheiro, funcionário da Prefeitura de Niterói.
O farmacêutico Manoel Gonçalves Pinheiro chegou em Palma por volta de 1892, mantendo a Farmácia Humanitária, em funcionamento até há poucos anos, quando a transferiu para seu filho que abraçou a mesma profissão do pai. Em Palma exerceu os cargos de juiz de direito e juiz municipal substitutos, e o de juiz de paz; membro da Câmara Municipal, Capitão Cirurgião do 242º Batalhão de Infantaria da Guarda Nacional, em Palma, diploma assinado pelo Presidente da República, Dr. Francisco de Paula Rodrigues Alves, referendado pelo Ministro da Justiça, Dr. J.J.Seabra; membro da junta de Alistamento Militar de Palma, por nomeação do General Napoleão Felipe Aché; delegado de polícia em Cataguases, onde esteve estabelecido algum tempo, com farmácia; membro da organização das mesas aeleitorais; ajudante do Procurador Geral da República, por nomeação do Presidente da República, Marechal Hermes da Fonseca, referendada pelo Dr. Rivadávia da Cunha Corrêa, em 14 de fevereiro de 1913. Ainda vive em Palma, portador de um espírito moço e de inteligência lúcida.
O Alferes Joaquim Moreira de Faria Pinto, casou-se com Dona Antonia Balbina de Rezende, oitavo rebento do quinto filho de Antonio Vieira da Silva. Filho de Francisco Moreira de Faria e de D. Maria Jacinta da Silva Pinto.
O Alferes fundou uma fazenda na Freguesia de Capivara. Militou na política local. Na eleição realizada no Distrito de São Francisco de Assis do Capivara, como parte do município de Cataguases, em 1º de julho de 1880, foi eleito por 109 votos para primeiro juiz de paz; seus filhos: D. Amélia Rezende de Carvalho, casada com Egídio Pereira Lopes de Carvalho, cinco filhos; Mário de Rezende Carvalho, casado com D. Hermezila, filha de Romualdo Braz de Mendonça; José de Rezende Carvalho, casado, dois filhos: Manoel de Rezende Carvalho, casado com D. Georgina, treze filhos; Clarindo de Rezende Carvalho, casado com D. Carmínia Lobo Rezende, seis filhos; D. Adélia, casada com Heitor Barbosa de Castro Valente. Deste casal, que viveu na Fazenda da Lagoa houve 11 filhos.
Joaquim Moreira de Rezende, casado com D. Cornélia Vieira de Rezende, comissário de café, no Rio de Janeiro, em sociedade com seu irmão Virgílio. Joaquim foi dono da Fazenda Santa Tereza, em Cataguazes.
Vriílio Moreira de Rezende, teve fazenda na saproximidades da de Santa Tereza, militou na i prensa diária, em torno de assuntos de interesse da lavoura. Casou-se, em primeiras núpcias, com D. Maria Jacinta Alvim, filha de seu tio Idelfonso Faria de Moreira e Silva. Filhos: Dr. José Jacinto de Rezende Alvim médico, falecido em poços de Caldas; Dr. Paulo J. de Rezende Alvim , médico; Alcides J. de Rezende Alvim; D. Aída de Rezende Alvim; D. Lúcia de Rezende Alvim, casada com Antonio Peixoto. O Coronel Virgílio casou-se em segundas núpcias com D. Dolores Vieira de Rezende.
Alfredo Moreira de Rezende, casado com dona Clementina; homem de recursos, foi, durante muitos anos, avaliador do Banco de Crédito Real de Minas Gerais. Apenas um filho, o médico Dr. João Batista.
D. Maria Amália de Rezende Alvim, casada com seu primo Idelfonso Moreira de Faria Alvim, advogado e chefe político em Palma, de cuja câmara foi presidente. Deputado Estadual e Federal; três filhos.
Targino Moreira de Rezende.
D. Zulmira de Rezende Monteiro da Silva.
D. Elvira de Rezende.
D. Francisca Vieira de Rezende, nono rebento do primeiro filho de Antonio Vieira da Silva, de Pouso Alto, casou-se com José Moreira de Faria e Silva, filho de Francisco Moreira de Faria.
O casal se estabeleceu às margens do Rio Pomba, entre Cisneiros e Itapiruçu. Deu à Fazenda o nome de Fortaleza.
A descendência deixada por José Moreira e Francisca constou dos seguintes filhos: Jaime Moreira de Rezende; Lopo Moreira de Rezende; D. Maria José, casada com José Sebastião Soares, havendo, desssa união, apenas um filho, Benjamim; D. Cornélia, casada com Gabriel Campleo, diversos filhos; D. Maria Balbina, casada com o mesmo Gabriel Campelo, que enviuvara de sua irmão D. Cornélia, deixando muitos filhos; D. Amália, morreu solteira; D. Alda, casada com Vitor Manoel Monteiro de Castro; Vitor Manoel Monteiro de Castro estabeleceu-se, com fazenda, na serra de Palma, acima da congelação.

CAPÍTULO II
OS BARÕES DE AVELAR REZENDE

Em Palma viveu o homem que se transformou, pelos seus dotes de espírito e de coração, em um titular do império. Foi ele Quirino Ribeiro de Avelar Rezende, agraciado com o título de Barão de Avelar Rezende, por Decreto de 9 de setembro de 1882.
Natural deste Estado de Minas Gerais, casou-se com D. Inês Lobato Monteiro de Castro, de cuja união não houve descendência. Faleceu em sua Fazenda de São Sebastião do Banco Verde, junto à estação de Banco Verde, da Leopoldina Railway, sita no distrito de Cachoeira Alegre, no município de Palma. O óbito se verificou às 15 horas do dia 13 de agosto de 1915. Contava o Barão 73 anos de idade. Não deixou testamento. Foi sepultado no Cemitério de Palma. Além dos bens deixados no município de sua residência, a Fazenda do Banco Verde, constaram, de seu inventário, bens deixados, em Queluz e Abaeté, herança de seus pais.
A Baronesa nasceu no Rio de Janeiro. Faleceu na Fazenda do Banco Verde, às 6 horas da manhã de 21 de fevereiro de 1921, em conseqüência de um edema pulmonar, aos 74 anos de idade. Seus restos mortais descansam, ao lado de seu esposo, no Cemitério da Cidade de Palma.
O Barão de Avelar Rezende, nome adotado por Quirino, como representante da nobreza do Brasil, nos tempos do império, descende da pessoa de igual nome, e de Dona Maria da Purificação Monteiro Galvão de São Martinho, filha do Comendador Manoel José Galvão de São Martinho e de Dona Inês de Castro Galvão de São Martinho. Seus irmãos foram: Manoel José Monteiro de Rezende, casado com dona Inês de Castro de São Martinho e de Dona Rosa Úrsula Monteiro de Barros, pais de José Carlso Feijó Monteiro de Rezende; Dona Maria da Glória Monteiro de Rezende,casada com Lucas Manoel Monteiro de Castro, filho dos primeiros Barões de Leopoldina, aqueles pais de José Augusto Monteiro de Castro , casado com Dona Ana de Godói, e Victor Monteiro de Castro; dona Augusta monteiro de Rezende, casada com Dr. José Cesário Monteiro de Castro, filho do Barão de Leopoldina, foram pais de Dona Maria da Purificação, que foi casada com Dr. Quirino Monteiro de Rezende; Dona Inês Monteiro de Castro de Rezende , solteira; Dona Clara Augusta Monteiro de Rezende, casada com Gervásio José Monteiro de Rezende; e de dona Ana Carlota Monteiro de Rezende, casada com Antonio José Monteiro de Barros.
O Barão de Avelar Rezende pertenceu a uma estirpe fidalga e ilustre, descendente de Estevão Ribeiro de Rezende, Marquês de Valença, um dos florões mais destacados do Brasil Império e de Pedro Afonso de São Martinho, Coronel do Corpo de Milícias das zonas do rio Pomba e outras. Fundou, denominou e povoou Porto Novo do Cunha e vilas adjacentes. Legou à zona da Mata uma notabilíssima descendência, tão fidalga como a do Marquês de Valença.
A Baronesa pertenceu à mesma estirpe do Barão, antecedida por Pedro Afonso de São Martinho. Filha do Tenente Coronel Antonio Augusto Galvão de São Martinho, fidalgo da casa imperial e de Dona Maria Nazaré e Negreiros Saião Lobato.
Deixou os seguintes irmãos e sobrinhos que aparecem na qualidade de herdeiros em seu inventário requerido em 21 de março de 1921, habilitando à herança deixada pela mesma, constituída de terras e benfeitorias situadas na Fazenda do Banco Verde.
Dona Antonia Augusta Lobato Monteiro Junqueira; Coronel João Lobato Monteiro de São Martinho; Antonio Augusto Lobato de Negreiros Castro; Maria Lobato de Negreiros Castro; Dona Joana Evangelista de Rezende ( esta, mãe de Dona Eulâmpia Monteiro de Rezende), João Evangelista Monteiro de Rezende, Raimundo Monteiro de Castro, casado com Agostinha Monteiro de Rezende, Romualdo Monteiro de Rezende e Dagmar Monteiro de Rezende, Dona Clara Lobato dos Reis, mãe de Pedro Celidônio Monteiro de Rezende, Dona Maria Nazareth dos Reis Cleto e José Celidônio Monteiro dos Reis.
A cidade e município de Palma reverenciam a memória dos Barões Avelar e Rezende, originários de troncos notáveis a quem se deve o povoamento da zona da mata e norte fluminense.

CAPÍTULO III

OS GRANDES SOLARES DO MUNICÍPIO

Fixaram-se nas ubertosas terras do atual município de Palma, os seus povoadores, descendentes dos bandeirantes que alcançaram as Minas Gerais depois de transpor as escarpas da Mantiqueira, pela Garganta do Embaú. Em Palma chegaram as gerações daqueles que percorreram o Caminho Velho, abrindo as picadas que o levavam aos Campos dos Goitacazes. O Rio Pomba exerceu papel importante, transformando-se em esplêndido roteiro às correntes de povoamento. Num dos torcícolos do rio se erigiu o Solar da Fazenda Fortaleza, onde se destacavam a figura patriarcal de José Faria de Moreira e Silva. Uma de suas filhas, casada com Vitor Manoel Monteiro de Castro, deu ao município o nome à família Mendonça.
Afloravam-se no extenso território que devia pertencer à Freguesia de São Francisco de Assis de Capivara, outras fazendas , onde o trabalho dignificante de seus proprietários serviu de exemplo até às gerações atuais. Com o aproveitamento da terra, transformaram o município de Palma em uma excelente zona agrícola do estado de Minas Gerais. Não existe a terra cansada, graças aos métodos adotados na lavoura, os quais vêm até nossos dias. Palma, por isso, não perde o prestígio como celeiro inesgotável de produtos agrícolas.
Manoel Barbosa de Castro e Silva, Francisco Barbosa de Castro Valente, Coronel João Moreira da Silva Alvim, Francisco Moreira de Faria, Joaquim Moreira de Faria Pinto, e outros constituem, de fato, os velhos troncos genealógicos palmenses. Fundaram as primeira fazendas do município, transformando-as em grandes solares, que deram à comarca de Palma, numerosa descendência que povoou os seus rincões.
Dois irmãos, Eduardo José do Amaral e Silvestre José do Amaral deixaram seus pagos nas imediações do povoado de Bonfim do Pomba, hoje uma vila pertencente ao município de Santos Dumont e, atraídos pela boa fama das terras, que se desbravavam na então paragem do Capivara, seguiram as picadas abertas , e adquiriram propriedades rurais nas terras do atual município de Palma.
Eduardo José do Amaral, de quem já tratamos, casou-se me segundas núpcias com Dona Orminda, filha de José Barbosa de Castro Valente e de Dona Umbelina de Castro.
Silvestre José do Amaral, com Dona Antonia Augusta Moreira do Amaral, filha de José Barbosa de Castro e Silva, e de Dona Antonia Moreira de Faria.
Nas vertentes das serras de Palma, localizam as fazendas Entre Flores e Monte Alegre, aquela, depois esta, se transformaram em um grande solar, onde se criara esta família palmense.
Do casamento de Silvestre José do Amaral com dona Antonia Augusta Moreira Amaral, houve seis filhos: Dona Guiomar Barbosa Flores, casada com Antonio Fernandes Flores, político que chegou à presidência da Câmara Municipal de Palma; Francisco Barbosa do Amaral, casado com Maria Jacinta do Amaral; o Coronel José Barbosa do Amaral, atual (1952) Presidente da Câmara dos Vereadores Municipal de Palma, cargo que exerce pela terceira vez, foi Prefeito municipal por duas vezes, do município de Palma, casado com dona Maria Eloy do Amaral; Dona Maria Gonçalves do Amaral, casada com Erothildes Gonçalves, negociante no Rio de Janeiro; Dona Silvia Barbosa do Amaral, casada com Alencar Amaral, residente em Caparaó; Décio Barbosa Amaral, funcionário da Fiscalização do Estado de Minas Gerais, casado com dona Josélia Barbosa de Castro.
Ao procedermos um balanço, encontraremos na ilustre descendência dos irmãos Amaral, uma excelente e copiosa lista de valores humanos que, na comarca e município de Palma, vem prestando, em todos setores de atividade, os seus serviços, para grandeza da terra que lhes serviu de berço. Seguem, todos eles, as normas traçadas pelos seus avós, que sempre desejaram que Palma se amoldasse na estrutura do progresso, em todos os seus aspectos, quer materiais, quer espirituais.
Na chefia do Poder Legislativo Municipal registramos a presença do Coronel José Barbosa do Amaral. Coletor estadual, senhor José de Castro Amaral. Um médico, Dr. Aristides de Castro Amaral. O Advogado Dr. Wilson Alvim do Amaral. O tabelião do 2º Ofício, Eduardo Morais Amaral. O farmacêutico, Nicanor Barbosa do Amaral. Agente do Correio Dona Rute Castro Alvim, casada com William Alvim de Paula, da fiscalização de rendas do Estado. No magistério público, como professora do Grupo Escolar Artur Bernardes, da cidade , as normalistas, dona Juraci Amaral de Freitas, esposa do Senhro José de Paula Freitas, vice-prefeito municipal; Dona Célia do Amaral Domingues, esposa do cirurgião-dentista Walter Domingues; Maria Stella Alvim do Amaral.
Outros membros desta família prestam serviços no comércio, indústria e outros ramos de atividades da comarca.
Em Sant’ana de Garambéu, na então comarca do Rio das Mortes, fixaram os últimos paulistas e portugueses que terminaram a abertura da picada da Juruóca. À sombra da vetusta capela de Sant’ana, que se coloca nas barrancas do rio Grande, se formaram os lares da família Paula, vínculo que faz povoar grandes zonas da Mata e do Campo, no Estado de Minas. Todos os seus membros se dedicavam às atividades rurais. No campo fácil se tornava a existência.
Manoel José Alves, nascido em Garambéu, casou-se 3 vezes. De seu primeiro matrimônio, com Dona Maria Felícia de Paula, o primeiro filho, Vicente Alves de Andrade, veio, com seu primo, Manoel de Paula, para a Mata do Rio Capivara, fundando a Fazenda Monte Alegre. Seu irmão, o terceiro filho do casal, estabeleceu , com fazenda em Morro Alto.
O quinto e último filho dessas primeiras núpcias, foi Alvim José de Andrade, casado com dona Maria Bernardina de Paula. Dez filhos deu esse casal.
Estão aí as origens da família Paula, do município de Palma, cuja descendência é numerosíssima, quase toda, com raras exceções, dedicada ao trabalho da lavoura e pecuária do município.
Desde o período de formação do povoado do Capivara, até nossos dias, tem-se os Paula presentes a qualquer iniciativa esboçada na vida municipal.
Têm eles, como exemplo, os esforços de seus antepassados – Manuel Joaquim Alves de Andrade – que derrubaram a mata virgem preparando lugar para nele se construir a Capela de São Francisco de Assis, o escolhido Orago da povoação do Capivara.

CAPÍTULO IV

FORMAÇÃO DA SOCIEDADE PALMENSE

A cidade e o município de Palma não foram povoados com rapidez, como outras comunas do Estado. As Minas trouxeram, de um dia para o outro, grandes massas humanas, de Portugal para Minas Gerais, território que não teve infância: nasceu adulto e já armado. Assim no-lo afirmam os nossos historiadores.
O povoamento de Palma foi moroso; lentidão resultante de fatores econômicos. Suas terras ubetosas foram entregues aos intemeratos caçadores de emoções, vindos das picadas mestras ou vicinais , bifurcantes do Caminho Velho das Cataguazes.
O café estava no seu período áureo. O seu climax fez absorver todas as atividades rurais da Zona da Mata e Norte Fluminense. O ano de 1860 marcou o vértice do ciclo cafeeiro da época.
As matas que guardavam a bacia hidrográfica do Capivara foram cedendo ao golpe do machado, impulsionado pelos rijos braços dos Paula, nas proximidades do Rancho da Cotieira, o pouso de tropa que determinou a fundação de Palma.
Morro Alto, Cisneiros, Itapiruçu, e Cachoeira Alegre afloraram, na Mata, como satélites de Capivara.
Os diversos ramos genealógicos que se estenderam até a zona foram mineiros, em toda a sua excelência. Organizaram uma oligarquia rural, em cujo seio se consubstanciaram os hábitos da família mineira: austeros, de moral impecável, costumes tradicionais , honestidade exemplificante.
Os trabalhos para a abertura da Estrada de Ferro Leopoldina se acentuam. Operários portugueses que os acompanhavam, fixam-se no município.
Italianos, sírios e alguns franceses encontraram, no campo, na indústria ou no comércio, atividades que os fizeram se prender à nova Canaã que se tronaram as quebradas palmenses, erigindo, em suas terras, novos pagos, sem imigrações organizadas mas espontâneas.
A presença desses elementos, no município, se resultaram efeitos eugênicos, os não se percebe. Apenas traços fisionômicos acentuados de seus descendentes, destacando-se os traços franceses.
Os efeitos morais, tais como educação e ensino, usos e costumes, são aqueles mesmos que edificaram a família mineira.
Os estrangeiros que chegaram e se fixaram no município de Palma, com raras exceções, entrosaram-se com as famílias existentes. Os sírios, como de hábito, emigraram-se em casais. Salvo alguns casos, que a sua descendência contrai núpcias com pessoas de outras nacionalidades.
A vontade dos pais é esta: para a moça filha de sírio, rapaz sírio ou filho de sírio; para os rapazes os mesmos conselhos: síria ou filha de sírios. Mas, adaptam-se facilmente ao meio local, mantendo boas relações sociais. Amam a terra em que vivem, cooperando com todas as atividades que se esboçam no meio em que laboram. Em Palma dedicam-se ao comércio e indústria.
Nos dias atuais (1952) os sírios-libaneses que residem em Palma ou em seu município não vêm obedecendo à velha praxe. Tornaram-se comuns as uniões de sírios e brasileiros, cuja descendência se ambientou aos princípios básicos da família brasileira.
Os aspectos sociais, tais conceitos de família, de propriedade, os políticos, progresso material ou econômico, se consubstanciam no município, numa continuação ou assimilação às manifestações psiquico-sociais do povo mineiro.
Não existem, na comarca, núcleos de organização estrangeira..
A religião predominante, no município, é a católica apostólica romana; e a maioria dos estrangeiros que vivem no território palmense, trouxe, em seus costumes, os mesmos princípios religiosos, respeitando-os ou os continuando na terra que escolheram para viver.
Chegam a esquecer a própria língua. Não a transmitem a seus filhos.
Todos os estrangeiros que em Palma chegaram, elegeram-na sua nova pátria. Contribuem, de maneira agradável, com os impostos devidos aos cofres públicos para o bem-estar do meio e para suas iniciativas.

TÍTULO TERCEIRO

LINHAS GERAIS DE EVOLUÇÃO SOCIAL

Capítulo primeiro

SOBREVIVÊNCIA DE COSTUMES E FORMAS COMUNS DE PENSAMENTO

A atual população do município de Palma, essa unidade demográfica que se acomoda na cidade, vilas, povoados e fazendas, herdou, de seus antepassados, uma grande e excelente manifestação: a crença religiosa. Toda ela é católica apostólica romana, em cujos ensinamentos e princípios se plasmam os caracteres, fazendo, numa sadia prática cotidiana, sobrevier os costumes e formas comuns de pensamento.
Destacam-se, na família palmense, os exemplos deixados pelos seus povoadores, todos eles mineiros de nascimento. Nestas eclosões, solidificaram-se os sentimentos de crença, se estabeleceram pontos de vista para as grandes iniciativas, valendo-se dos recursos técnicos locais ou os buscando em outras fontes capazes.
O município se encontra entre grandes centros urbanos. Do lado mineiro, Leopoldina, Cataguazes ( a cidade-mãe) e Muriaé. Do lado fluminense, Miracema, constituem estas cidades grandes centros de progresso cujos hábitos, usos, costumes e caracteres se amoldara o povo palmense. Próxima como se encontram da Capital da República, pelo fácil acesso, proporcionado pela Rodovia Rio-Bahia, a população nacional do município não se destaca , apresentando costumes próprios, peculiares. Esses a que se podem denominas particularidades palmenses, são os mesmos da região que tem por centro a cidade do Rio de Janeiro.

CAPÍTULO II

ÊXODO E FIXAÇÃO DEMOGRÁFICA

No Município de Palma tem se registrado fenômenos demográficos interessantes, determinados por fatores econômicos.
As suas terras foram abertas à cultura do café. Grandes lavouras foram organizadas, fazendo cobrir as montanhas de seu território, do simétrico alinhamento verde-escuro dos cafezais.
A cultura dessa rubiácea teve início em Rezende, no Estado do Rio de Janeiro. Ela se desenvolveu; desceu pelas margens do Rio Paraíba. Estruturou o apogeu rural da então província do Império. A cultura chegou até São Francisco de Assis do Capivara, descendo e subindo as margens do Rio Pomba. Penetra em suas vicinais. Atinge as cumeadas das serras de Palma.
De 1892 a 1900, no Município de Palma, existia copioso número de cafeicultores, colhendo eles acima de 1000 arrobas do precioso produto. Dentre eles podemos destacar o seguinte: - Martimiano José de Oliveira, Fazenda Pouso Alto; Dona Antonia Balbina de Rezende, Boa Sorte; José Gervásio da Silva Fialho, Boa Esperança; João Moreira de Faria e Silva; Joaquim Moreira de Faria Pinto; Antonio Moreira de Faria ; Coronel José Barbosa de Castro Valente, Lagoa; Major Francisco Barbosa de Castro VA/lente, Espírito Santo; Capitão Cornélio José de Almeida, Santa Maria; José Barbosa de Carvalho; José Joaquim Rodrigues, Fortuna; Olímpio Martins do Amaral; Manoel da Costa Vieira de Almeida; Salvador Alves de Matos, Moinho Velho; Major Bernardo Fernandes Magalhães, Boa Vista; Major Francisco Bernardino de Paula; José Procópio de Paula; Militão Barbosa de Carvalho; Jerônimo Braz Teixeira Leão; Antonio Joaquim de Oliveira Neto; Capitão Eleutério Dias Duarte; Capitão Francisco da Silva Pinto; Teófilo Antonio da Silva Pinto; José Dias da Silva Porto, Java; Dr. Teófilo Tavares Pais Junior, Zelândia; Francisco Fernandes Flores, Entre Flores; Silvestre José do Amaral; Major Antonio Barbosa de Castro e Silva, Degredo; Manoel José do Amaral; Coronel José Barbosa de Castro e Silva, Monte Alegre; Miguel Caputo; Raimundo Corrêa do Espírito Santo; Antonio de Oliveira Flores; Gabriel Rodrigues de Paula; Francisco Bernardino de Paula Alvim; Antonio J. de Oliveira Vermelho; João Paulo de Almeida Magalhães; Manoel de Pinho; Coronel Firmo de Araújo Pereira; Coronel Jeremias de Araújo Freitas; Major Firmo Pereira de Freitas; Manoel Querubino de Araújo Freitas; Jacinto de Souza Barros e o Barão de Avelar Rezende.
A relação parece interminável. Estes cafelistas prendiam, ao solo ubertoso do município de Palma, as gerações formadas em seus lares.
Mas essa fixação demográfica sofreu solução de continuidade diante do colapso cafeeiro nesta zona.
Na Vila de Cisneiros, foi, em 2 de julho de 1940, inaugurado o Armazém Regulador do Café, medida estabelecida pela política econômico-financeira da época. No ato inaugural, o Senhor Ulisses Pereira de Lima, fiscal intinerante do Departamento do Café, procedeu à queima de 18.407 sacas , num total de 1.102.807 kg de rubiácea. A grande fogueira situava-se nas terras do Senhor Caetano Guedes. Reduzia, diariamente, às cinzas as 2.300 sacas. Em 20 desse mês terminou a queima: 36.688 sacas , com o peso de 2.196.654 kg.
Em primeiro de setembro de 1941 se realizou nova incineração: 64.000 sacas de café produzido nesta zona foram inutilizadas apor funcionários do Departamento Nacional do Café.
Aquelas fumaças que, em 1940 e 1941 subiam, em Cisneiros, toldando parte do céu do município palmense, assinalaram o encerramento do ciclo cafeeiro, neste ângulo extremo do Estado de Minas Gerais . A instalação do Armazém Regulador de Café trouxe lucros para alguns que exploravam a sua finalidade, mas criou um ambiente de desconfiança entre os fazendeiros de café das margens do Rio Pomba, notadamente dos que colhiam o produto em terras palmenses.
Era aquela fumaça o sinal do êxodo demográfico que se acentuava. Famílias inteiras, dedicadas à agricultura, tinham saído do município, umas para os vizinhos e outras para o Estado de São Paulo.
Eclipsou-se, em Palma, a cultura do café, que tanto recomendava o seu povo. Grandes lavouras deixaram de ser renovadas. Outras abandonadas. A pecuária se tornara um negócio mais seguro.
Um hiato na vida municipal. O fenômeno se apresentou com tendências à extinção.
Uma nova atividade se esboça: a da mineração.
Em Minas Gerais, a mineração constituiu a primeira fase da vida municipal. Palma fugiu à regra geral. Uma excepção. A cultura do café assinalou a sua primeira época. Depois é que veio a da mineração.
Em setembro de 1940, continuava, bastante animada, na vila de Cisneiros, a extração do ouro. Mais de duzentos homens se encontravam ebtregues a esse serviço. A batéia dava melhor resultado do que o arado ou a enxada.
Nas proximidades da cidade, o trabalho era mais intenso e mais proveitoso. Retinha cerca de quase um milhar de pessoas entretidas na faina de extração do reluzente metal.
Nos primeiros dias do mês de outubro de 1941, esteve, na cidade de Palma, o Sr. Humberto mauro, técnico do Instituto Nacional do Cinema Educativo, realizando a filmagem do serviço de mineração. Colheu todos os detalhes dos trabalhos. Desde as pesquisas preliminares até à venda do ouro.
Esse período de mineração durou pouco. Para uns, os trabalhos de pesquisa e de extração tornaram-se lucrativos. Mas, para outros, não. Daí o abandono dos veios auríferos existentes.
O êxodo tem continuado, mas sem intensidade. A cultura do arroz, que constitui o terceiro período econômico do município de Palma, se desenvolve pelas extensas vargens, o remanescente dos cafezais que tanto recomendavam a Zona da Mata, os rebanhos pecuários, fazem reter a população rural, que cresce gradativamente, numa ascensão de linhas dos gráficos estatísticos, numa consolidação animadora do crescimento demográfico, que tanto dignifica a região.

CAPÍTULO III

O POVOADO DE SILVEIRA CARVALHO

No município de Palma existe o povoado de silveira Carvalho, pertencente ao Distrito de Cachoeira Alegre.
A povoação é servida pela estação desse nome da Estrada de Ferro Leopoldina, situada entre as de Banco Verde , no distrito de Cachoeira Alegre, e Morro Alto, localizada na sede da vila desse nome, também, como a de Silveira Carvalho, pertencente ao município de Palma.
Na localidade, na ocasião da passagem da estrada de ferro, existiam apenas algumas habitações humanas espalhadas nas imediações.
Em 1901, o coronel José Francisco da Silveira Carvalho doou à Estrada de Ferro Leopoldina, terreno suficiente e próprio à construção da estação, cujo edifício foi, também, por ele oferecido.
A estação foi, festivamente, inaugurada nesse ano. Em homenagem ao benemérito fazendeiro, a administração deu o nome de Silveira Carvalho à nova estação.
Ele era casado com d. Maria Elídia de Castro, que lhe sobreviveu ao seu falecimento ocorrido em circunstâncias trágicas, no dia 20 de novembro de 1014. Não deixou descendência. Do seu inventário constaram bens imóveis: a fazenda “Norte”, em Silveira Carvalho, com a área de noventa e três e meio alqueires.
O nome de Silveira Carvalho já foi dado ao distrito criado com sede na povoação de Cachoeira Alegre. A sede foi transferida para a povoação de Silveira Carvalho , por lei estadual nº 7.565, de 10 de setembro de 1920.
Lei nº 843, de 7 de setembro de 1923 deu o nome de Silveira Carvalho ao distrito de Cachoeira Alegre, denominação que durou pouco. Até as ulteriores revisões administrativa e toponímica.
A povoação vem progredindo. Em torno da estação se construíram muitas casas. Abriram-se ruas. A capela dedicada a São José foi levantada no ângulo mais elevado da praça que se esboçava. Atividades comercias se intensificam. As fazendas agrícolas se desenvolvem num ritmo engrandecedor. Intensifica-se o movimento rodoviário, estabelecendo o intercâmbio com as localidades vizinhas. Digna de receber o título de vila.
A educação pública é cuidada com especial carinho. Existem, na povoação, três cadeiras de escolas isoladas, mantidas pelo estado e uma particular.
O estado vai construir um prédio para o funcionamento das escolas agrupadas. O terreno está sendo oferecido pelo senhor João Batista Furlani.

TÍTULO QUARTO.

NÚCLEOS DE ORGANIZAÇÃO MUNICIPAL
E SUAS ORIGENS.

CAPÍTULO I

LINHA HISTÓRICA ASCENDENTE DE
FORMAÇÃO MUNICIPAL

A Vila de Palma foi criada com a sede na povoação de São Francisco de Assis do Capivara, por decreto estadual nº 297, de 23 de dezembro de 1890. Desmembrada do município de Cataguases.
A povoação de Santa Rita da Meia Pataca tomou o nome da Catguases por lei provincial nº 2180, de 10 de novembro de 1875, sendo, por esta lei, criado o município de Cataguases, desmembrado do município de Leopoldina.
A Freguesia de São Sebastião do Feijão Cru foi elevada a vila, com a denominação de Vila de Leopoldina, pelo artigo 2 da Lei nº 666, de 27 de abril de 1854, desmembrada do município de Mar de Hespanha.
O distrito de Cágado foi elevado a vila com a denominação de Mar de Hespanha, pela lei provincial nº 514, de 10 de setembro de 1851, lei que transferiu para o arraial do Cágado a sede do município de São João Nepomuceno a que pertencia o território.
A vila de São João Nepomuceno foi criada por lei provincial nº 202, de 1 de abril de 1841, desmembrada do município do pomba.
A vila do pomba foi criada na sede da povoação de São Manoel do Pomba.
O decreto de criação foi assinado em 3 de outubro de 1831. Desmembrado do município de Mariana.
Mariana teve sua vila criada com a denominação de Vila de Albuquerque, em 8 de abril de 1711. É uma das primeiras vilas criadas na Capitania de Minas Gerais. Contemporânea de Vila Rica de Albuquerque (Ouro Preto), criada pela carta régia de 8 de julho de 1711. Sabará, em 17 de julho de 1711; São João Del Rey, em 8 de dezembro de 1713. São estas as primeiras vilas da época de formação do atual Estado de Minas Gerais.

CAPÍTULO II

O DISTRITO DA CIDADE

Constituído de território desmembrado do município de Cataguazes, foi criado o distrito de São Francisco de Assis do Capivara. A Lei de sua criação foi proposta pela Assembléia Provincial Mineira e sancionada, pelo Presidente da Província, em data de 29 de agosto de 1864. Tomou o nº 1239.
Como um distrito pertencente ao Município de Cataguazes, viveu, nessa qualidade, até o ano de 1891, quando se tornou um distrito sede do novo município – Capivara, depois Palma.




CAPÍTULO 111

DISTRITO DE CISNEIROS

No lugar anteriormente denominado Itapiruçu foi criada a sede de um novo distrito do município de Cataguazes. Tomou o nome de Aliança, denominação da fazenda existente na povoação. Por um decreto estadual de número 87, de 2 de junho de 1890, confirmado por Lei nº 2, de 14 de setembro de 1891.
Próximo ao lugarejo se formou a povoação de Itapiruçu, quilômetros abaixo, à margem do Rio Pomba. Passou a atual Cisneiros a denominar-se Arraial Novo.
Prestando homenagem ao Dr. Bernardo Tolentino Cisneiros da Casta Reis, Senador e Chefe Republicano, proprietário na localidade, e um de seus grandes beneméritos, a sede distrital recebeu o nome de Cisneiros, por lei mineira de 11 de junho de 1892.
O texto da Lei Estadual nº 843, de 7 de setembro de 1923, e publicação oficial desse mesmo ano, apresentam o distrito de Cisneiros figurando no município de Palma, assim permanecendo em publicações oficiais datadas de 31 de dezembro de 1936, 31 de dezembro de 1937, no quadro anexo ao Decreto-Lei Estadual nº 88, de 30 de março de 1938, para o quinqüênio de 1939-1943.
Em virtude do Decreto-Lei Estadual nº 1058, de 31 de dezembro de 1943, que fixou o quadro territorial de 1944 a 1948, o Distrito de Cisneiros figura igualmente no município de Palma. A mais recente lei que determinou, em 1948, a última revisão administrativa e judiciária do Estado de Minas Gerais, não modificou a anterior, com referência ao Distrito de Cisneiros.

CAPÍTULO IV

DISTRITO DE ITAPIRUÇU

Distrito de Itapiruçu foi criado por Lei nº 3171, de 18 de outubro de 1883, como território do Município de Leopoldina. Foi transferido deste para o de Palma, por Decreto nº 374, de 13 de janeiro de 1891. Sua criação foi confirmada por Lei Estadual nº 2, de 14 de setembro de 1891. Publicação oficial de 1911 apresenta o distrito de Itapiruçu figurando no município de Palma. Publicação oficial de 1º de setembro de 1920, o texto da lei estadual nº 843, de setembro de 1923 e publicação oficial de 1933 apresentou o distrito de Itapiruçu figurando no município de Palma, assim permanecendo no quadro anexo ao Decreto-Lei Estadual nº 88, de 30 de março de 1938, bem como no quadro fixado pelo Decreto-Lei Estadual nº 148, de 17 de dezembro de 1958, para o quinqüênio 1938-1943. Em virtude do Decreto Lei Estadual nº 1058, de 31 de dezembro de 1943, que fixou o quadro territorial para vigorar no quinqüênio 1944-1948, o distrito de Itapiruçu figura no Município de Palma.

CAPÍTULO V

DISTRITO DE CACHOEIRA ALEGRE

O Distrito de Cachoeira Alegre foi criado com a sede na atual Vila desse nome pela Lei nº 2, de 14 de setembro de 1891. Publicações oficiais datadas de 1911 e de 1º de novembro de 1920, apresentam o distrito de Cachoeira Alegre figurando no município de Palma. A sede foi transferida para o povoado de Silveira Carvalho por lei estadual nº 7565, de 10 de setembro de 1920. Por Lei estadual nº 843, de 7 de setembro de 1923, o distrito de Cachoeira Alegre passou a denominar-se Silveira Carvalho . De acordo com o texto da citada lei nº 843, o distrito de Silveira Carvalho figura no município de Palma. Em publicação oficial de 1933, o distrito de Cachoeira Alegre figura no município de Palma – assim permanecendo em publicações oficiais, datadas de 31 de dezembro de 1936, 31 de dezembro de 1937, no quadro anexo ao Decreto-Lei Estadual nº 1248, de dezembro de 1938, para o quinqüênio, 1939-1943, em virtude do Decreto-Lei nº 1058, de 31 de dezembro de 1938, o distrito de Cachoeira Alegre figura igualmente no município de Palma.

CAPÍTULO VI

DISTRITO DE MORRO ALTO

É a mais nova unidade judiciária do município de Palma. O distrito foi criado por Lei Estadual nº 556, de 30 de agosto de 1911. Publicação oficial datada desse ano, o texto da Lei Estadual nº 843, de 7 de setembro de 1923, e publicação oficial de 1933, apresentam o distrito de Morro Alto figurando no Município de Palma. Assim aparece em publicações oficiais datadas de 31 de dezembro de 1936, 31 de dezembro de 1937 no quadro anexo ao Decreto-Lei nº 88, de 30 de março de 1938, bem como no quadro fixado pelo Decreto-Lei Estadual nº 148, de 17 de setembro de 1938, para o quinqüênio 1939-1943, no quadro fixado pelo Decreto-Lei Estadual nº 1058, para o quinqüênio 1944-1949 e o Decreto-Lei que fixou a última revisão administrativa para vigorar no quinqüênio 1949-1953, aparece o distrito como parte integrante do município e comarca de Palma.

CAPÍTULO VII

CAPACIDADE PARA A VIDA POLÍTICA
E AUTONOMIA ADMINISTRATIVA.

Em todo o Brasil, a idéia republicana se corporifica. Deixaram de ser sólidas as bases políticas que garantiam a estabilidade do trono. A abolição da escravatura precipita os acontecimentos . Fácil foi, no meio rural, em que a atual cidade de Palma se tornou um centro geo-econômico, o registro das eclosões republicanas.
Nas cidades próximas, o prestígio estava nas mãos dos conservadores, então chamados “saquaremas”, que obtinham os favores dos ministérios de d. Pedro II.
O Partido Liberal, desde os primeiros dias do Brasil Império se formou em oposição ao governo e à sua corte. Depois dos acontecimentos que culminaram com a Batalha de Santa Luzia do Rio das Velhas, passaram eles a ser chamados “santa luzia” ou simplesmente “os luzia”.
As lutas entre saquaremas e luzias a fim de conquistarem posições no ministério foram árduas. Seus entrechoques fizeram sacudir e apaixonar a opinião pública nacional. A história registra grandes acontecimentos originários dessas memoráveis contendas.
Dom Pedro II que, para ficar acima dessas injunções, instituíra o Poder Moderador, ora governava com o ministério conservador, ora com o ministério liberal.
Esboça-se o movimento republicano. Os luzias se acomodam sob a bandeira do novo partido, cujo objetivo foi derrubar a monarquia, proclamando-se a República dos Estados Unidos do Brasil.
Por toda parte, de extremo a extremo da terra brasileira, surgem os ardorosos propagandistas, imprimindo à campanha um aspecto de um grande movimento nacional.
Na Fazenda de Aliança, situada junto à atual Vila de Cisneiros, às barrancas do rio Pomba, acorda às manifestações republicanas um grande espírito, que foi o do Dr. Bernardo Tolentino Cisneiros da Costa Reis.
Nos municípios próprios, o prestígio estava com os saquaremas, representados pelos titulares do império que garantiam e procuravam solidificar a hegemonia política das cidades vizinhas e a que Palma pertencia na qualidade de simples distrito de paz de Capivara.
Costa Reis entrega-se à campanha republicana. Sonhava uma grande transformação em todas as instituições. A criação de um novo município fazia parte de suas cogitações. São Francisco de Assis do Capivara seria a sede municipal.
A sede distrital, pelo seu desenvolvimento, bem o merecia. A zona, agrícola por excelência, acordava às clarinadas do progresso.
Ao assentarmos um estudo econômico e social da zona de que tratamos, mister se faz destacar-se a valiosa contribuição da Estrada de Ferro Leopoldina. Ela penetrou nestes sertões, avançando, quilômetro a quilômetro, por zonas desconhecidas, conquistando e intensificando, dia a dia, o progresso e contribuindo, sobremodo, para o desenvolvimento de regiões de fácil acesso.
Em 1881 foi autorizada a construção de uma estrada de ferro de Porto Novo do cunha à cidade de Leopoldina.
A 8 de outubro de 1874, foram abertas ao tráfego as três primeiras estações, nos quilômetros 3, 12 e 27 – São José, Pântano e Volta Grande.
Em outros intervalos, foram inauguradas as estações de São Luiz e Providência.
Em 12 de agosto de 1884, foi firmado um contrato com a Província de Minas Gerais, para construção do ramal de Alto Muriaé, cujos trilhos passariam pelo Arraial do Capivara. A construção desse ramal terminou em 1º de dezembro de 1886, quando foi inaugurada a estação de Tombos, a 182 km de Porto Novo do Cunha.
Com a inauguração da estação local, abriram-se novas perspectivas ao progresso de Palma. A localidade apresentava condições de receber o título de sede municipal.
Mas os benefícios proporcionados pela Estrada de Ferro Leopoldina não pararam aí. Em 17 de agosto de 1891, foi entregue ao trânsito ao ramal de Paraoquena a Cisneiros.
A Estrada de Ferro Leopoldina penetra no município de atual de Palma. O leito da linha foi cavado nos flancos das montanhas cobertas de mata virgem ou de frondosos cafezais.
O ideal republicano atinge seu ponto máximo, com a Proclamação da República, fato registrado na memorável manhã de 15 de novembro de 1889.
Candidato ao cargo de Senador mineiro, o Dr. Bernardo Tolentino Cisneiros da Costa Reis foi eleito. Conjugando os anseios da zona, tornou-se o Senador Costa Reis, que se revelara um ardoroso republicano, um defensor da idéia de criação do município de Palma.
Os esforços foram coroados de êxito. Lei Estadual concedeu os foros de sede municipal a São Francisco de Assis do Capivara.
O Dr. Bernardo Cisneiros da Costa Reis faleceu em 10 de setembro de 1908. Deixou viúva a Sra. Julieta Magalhães da Costa Reis.
Não deixou testamento. De seus bens, constaram a Fazenda Aliança, junto à Vila de Cisneiros, com 125 alqueires de terras em cultura, pastos e matas , 90.000 pés de café e outros tais como móveis e semoventes.
Bens avaliados em inventário:raiz,23:770$00,móveis,1: 111$000, semoventes, 2:180$000; no total de 27:061$000.
Ao falecer estava rodeado pelos seguintes filhos: Dona Elvira Cisneiros da Costa Reis, casada com o Coronel Mário Cisneiros, residente em Rio Pomba; Ana Cisneiros da Costa Reis, solteira, com 28 anos; Bernardo Cisneiros da Costa Reis, solteiro, 27 anos, residente no rio de Janeiro, Henrique Cisneiros da Costa Reis, solteiro, com 26 anos, residente no rio de Janeiro, Álvaro Cisneiros da Costa Reis, casado; Antonio Cisneiros da Costa Reis, solteiro, solteiro, com 21 anos,; Maria Cisneiros da Costa Reis, solteira, com 17 anos e Adelaide Cisneiros da Costa Reis, solteira, com 16 anos.
A cidade e município de Palma prestaram grandes homenagens ao Senador, dentre elas o nome de Costa Reis à rua considerada, na época, a principal da cidade e o nome de Cisneiros ao Distrito de Aliança, em cuja sede viveu esse republicano histórico.

CAPÍTULO VIII

ELEVAÇÃO A SEDE MUNICIPAL

Palma é uma cidade filha do movimento que instituiu, no Brasil, o regime republicano.
Organizada, em Minas Gerais, a máquina administrativa, dentro de outros moldes, saiu, do governo, o decreto nº 297, em 22 de dezembro de 1890, criando a vila e município de Capivara, território desmembrado do município de Cataguazes.
O decreto em apreço foi assinado pelo presidente José Cesário de Faria Alvim.
Tomou o nome de Palma, por decreto estadual nº 441-A, de 23 de abril de 1891.




CAPÍTULO IX

A INTENDÊNCIA MUNICIPAL


Até que se entregasse a administração municipal aos agentes executivos eleitos pelo sufrágio popular, foram criadas as intendências municipais, governada por um intendente municipal.
A de Palma foi instalada em 1º de abril de 1891.
A casa onde funcionava a intendência municipal de Palma era espaçosa e situava-se na parte mais alta da cidade, nas imediações do “Redondo”, perto da “Caixa de Fósforo”. Por esse nome era conhecida uma casa que se apresentava com as formas de uma caixa de fósforos. O “Redondo” é o largo formado com a junção da Rua Francisco Sales, que sai da Praça da Matriz, com a Rua Dr. Costa Reis, que sobe o morro, indo em direção à estrada de Miracema.
A casa já não existe. Foi demolida.
A ata de instalação da vila e posse do primeiro Conselho de Intendência da vila, criada com o nome de Capivara, instalada com o nome de Palma, traz a data de 31 de março e foi assim redigida:
“Ata de Instalação da Villa de Palma, criada por Decreto nº 213, de 23 de dezembro de 1890, e posse da Intendência Municipal da mesma Vila.”
Aos 31 d ias do mês de março de 1891, n’esta Villa de Palma, em o edifício destinado para funcionar a Intendência Municipal, ahí, a uma hora da tarde, compareceram os Cidadãos Capitão Jeremias de Araújo Freitas, Raymundo Corrêa do Espírito Santo, Joaquim Moreira de Faria Sobrinho, Bernardo Fernandes de Magalhães e Virgílio Pereira de Freitas, sendo o primeiro na qualidade Presidente da Intendência Municipal, o segundo e o terceiro como membros do mesmo Conselho e os dois últimos como adjuntos. Em seguida, pelo Presidente do Conselho da Intendência, sendo ocupada a cadeira da Presidência e tomando assento em seus respectivos lugares os demais membros e adjuntos, leu o ofício do Exmo. Snr. Dr. Governador deste estado datado de 22 deste mêz, em que lhe comunicou haver lhe nomeado para o cargo de Presidente da Intendência Municipal da Villa criada com o nome de “Capivara”, hoje denominada de “Palma”, por Decreto deste mesmo mêz, sendo ofício do theor seguinte: “ Secretaria do Governo do Estado de Minas Gerais, Ouro Preto, 23 de março de 1891. Secção anexa. N’Snr. Capm. Jeremias de Araújo Freitas, Presidente da Intendência Municipal de Palma. Comunico-vos para os devidos fins, que, por ato desta dacta o Snr. Doutor Governador vos nomeou para o cargo de Presidente do Conselho de Intendência Municipal da Villa criada com o nome de Capivara, e que, em vista do Decreto expedido nesta data, passou a denominar-se Villa de Palma, tendo nomeado igualmente os cidadãos – Raymundo Correa do Espírito Santo e Joaquim Moreira de Faria Sobrinho, para membros do mesmo Conselho; Bernardo Fernandes de Magalhães e Virgílio de Araújo Freitas para adjuntos. Outrossim, o mesmo Governador designou o dia 31 do corrente mêz para realizar-se a instalação da mesma villa e município com as formalidades necessárias. O Secretário do Estado, Francisco de Assis Barcelos Correa.”- Lido o ofício retro, o Presidente considerando-se empossado no cargo deu posse aos demais membros e adjuntos e declarou em voz alta que se achava instalada a Villa de Palma, então denominada de Capivara por Decreto de sua criação nº 213, de 23 de dezembro de 1890 e logo o Presidente da Intendência nomeou o secretário para servir na presente sessão a mim Constâncio Thomaz de Oliveira, depois o Presidente da intendência proferiu em eloqüentes palavras um discurso fazendo sobre sahir as vantagens da criação da villa e terminando em vivas ao Presidente da República, Generalíssimo Deodoro, ao Snr. Doutor Governador deste Estado de Minas Gerais, ao General Cesário Alvim, aos drs. Bias Fortes e João Pinheiro, Costa Reis e Firmo de Araújo Pereira. Não tendo ainda secretário efectivo da Intendência, pelo Presidente, fui, eu Constâncio Thomaz de Oliveira nomeado para lavrar a presente acta que vai lida e assinada pelo mesmo Presidente da Intendência, seus membros e adjuntos e cidadãos presentes ao ato. Pelo Presidente foi ordenado que se officiasse comunicando a posse deste Conselho e instalação da Villa às intendências de Leopoldina, Cataguazes e São Paulo de Muriahé, de cujos municípios forma desmembrados os territórios de que se compõe o atual município de Palma. Que se fizesse idêntica comunicação ao Snr. Dr. Governador deste Estado, a quem será remetida uma cópia desta acta; e finalmente declara que de acordo com os decretos expedidos pelo Snr. Dr. Governador deste Estado ficam pertencendo ao actual município de “Palma”os seguintes distritos: a sede da Villa, a antiga Freguezia do Capivara, os distritos de paz de São Sebastião da Cachoeira Alegre, Aliança e de Itapiruçu com as divisas de sua criação , e que ficava designado o dia dous do corrente, digo, dous de abril para ter lugar a primeira sessão ordinária d’este Conselho na qual se resolverá sobre nomeações de empregados da Intendência. Nada mais havendo a tratar-se, o Snr. Presidente da Intendência mandou encerrar a presente acta que vai lida e assinada na forma retro declarada, por mim Constâncio Thomaz de Oliveira, secretário ad hoc que escrevi e assino. (a.a.) – Jeremias de Araujo Freitas – Raymundo Correa do Espírito Santo – Joaquim Moreira de Faria Sobrinho – Bernardo Fernandes de Magalhães – Virgílio Pereira de Freitas – Firmo de Araújo Pereira – Francisco de Assis Campos – Dr. Victor Custódio Ferreira - Dr. Ignácio de A. Antutérpio – Cândido Dias Tostes – Leôncio de Oliveira Cunha – Dr. Mateus nogueira da Gama - Cândido José Pereira – José Francisco De Amorim – José Joaquim da Rosa - José Pereira Martins – Olímpio Miguel Mendes – Joaquim Eleutério Gonçalves Neto – Francisco José Caetano Gonçalves - Manoel Gonçalves de Almeida – Cândido Alves Cyrino – Joaquim Custódio Machado – Antonio José Gomes – João Rodrigues Ferreira – Manoel Pereira Viana – Manoel Antonio de Freitas – Augusto José da Silva Braga – Manoel Querubino de Araújo Freitas – Joaquim José Leite – Jerônimo Brás Teixeira Leão – Francisco Pereira dos Santos – Francisco Barbosa de Castro Valente – João Ennes Pinto Bandeira – Manoel José Vieira Pires – Manoel Agostinho Bastos – Felippe Francisco de Paula - Luiz José de Souza – Firmo Ferreira Leite – Francisco Ignácio de Carvalho – João de Deus Magalhães Portilho – Francisco Beirito Trigo – Hilário José ribeiro – Manoel Antonio Sexto – Ramon Trigo Y. Alonso – Mariano José de Oliveira – Camilo Gonçalves Campos – Firmo de Araújo Freitas – Antonio Fernandes Vieira – João Fernandes Vieira – Joaquim Christovão da silva Seraphim – Caetano Nogueira - Enéas da Silva Medeiros – Antônio Joaquim Correa de Araújo – José Teixeira de Mattos – Henrique Gonçalves Campos – Manoel Alves da Silveira – Marciano Fernandes Gonçalves – Manoel Botelho de Lima Barbosa – Alfredo da Fonseca Souza – Secundino José Corrêa – João Francisco da Mata e silva – Manoel Ignácio Gomes – Manoel Gomes Mendanha – Antenor de Araújo Freitas – Leonídio de Almeida Santos Oliveira - Antonio de Abreu Lopes – João Ennes Filho – José Barbosa de Castro Valente – Marcelino da Silva Ramos – Francisco Barbosa da silva Castro – Hygino José Nunes Carneiro – Constâncio Thomaz de Oliveira.”
A primeira reunião do Conselho de Intendência Municipal de Palma realizou-se no dia 2 de abril de 1891. Foi nomeado, para secretário, Antonio Fontes Junior. Passando ao expediente foi lida uma proposta do Intendente Joaquim Moreira de Faria Sobrinho, para nomeação dos funcionários da intendência, recaindo-se elas sobre Manoel Gonçalves de Almeida, para Procurador; Cândido José Pereira, fiscal geral; Antonio da Silva Ribeiro, alinhador; Manoel Alves da Silveira, aferidor; Luiz José de Souza, porteiro. Foram organizadas as comissões de contas, obras e fazenda municipal: o intendente Moreira, propostas e poderes; o intendente Espírito Santo.
Na reunião de 8 de abril, foi nomeado o secretário efetivo, Antonio Fontes Junior, para fiscal de Itapiruçu, Fabião Teodolino dos Santos. Adotaram-se, para o novo município, o Código de Posturas, de Cataguazes e a respectiva tabela de impostos. Tomaram posse os funcionários nomeados no dia 2.
Em 4 de maio , constou o ofício do governador do Estado, datado de 3 de abril, “comunicando o estabelecimento do fórum civil deste termo”. Outro, do mesmo governador, de 6 de abril, participando a nomeação do partidor, distribuidor e contador do termo de Cataguazes para o ofício de escrivão de órfãos deste termo. Proposta do intendente Moreira relativa à construção de um pontilhão em frente à casa de Trigo & Cia. Outra do mesmo, opinando pelas denominações das ruas da cidade, de acordo com os nomes já empregados pelo povo, ficando a que estava situada o Paço da Intendência, denominada “Rua da Intendência”, outra do Dr. Bernardo Fernandes de Magalhães, lembrando a construção de um Curral do Conselho e de um Matadouro Público. Outra do intendente Moreira pedindo que se abra concorrência para publicação, pela imprensa, dos trabalhos da Intendência. Foram enviados editais às redações dos jornais dos municípios vizinhos. Registrou-se nesse dia, a colocação, na sala das reuniões, do retrato do Presidente da República, General Manoel Deodoro da Fonseca, oferta de Enéas da Silva Medeiros. Fixaram-se os seguintes proventos; do secretário 50$000; fiscal 40$000; porteiro 20$000; guarda fiscal 20$000.
Em 11 de maio resolveu-se a construção do matadouro público em terras de propriedade do Dr. Inácio de Amorim Antutérpio, à beira do ribeirão. Providências para esgoteamento das lagoas existentes na Rua Amantes da Instrução. Resolveu-se a localização do Curral do Conselho nos fundos do Paço da Intendência, margem esquerda do pequeno córrego que desemboca no ribeirão. Alteraram-se disposições do regulamento dos cemitérios públicos, de Cataguazes, adotado para esse município; os preços sofreram as seguintes alterações: sepulturas para indigentes , grátis; adultos e menores, para 3 anos 3$000; 5 anos, 15$000; 10 anos, 30$000; 20 anos, 60$000; perpétua, 100$000; jazigo da família, 200$000.
A 18 de maio, foi aprovado o orçamento do Curral do Conselho, na importância de 192$000. Foi José Nazareth de Oliveira, nomeado guarda fiscal de Cachoeira Alegre.
Da ata da sessão realizada a 1º de junho de 1891 constou a leitura de um ofício do Governador do Estado, datado de 10 de maio, mandando que pela Intendência de Palma, se fizesse o orçamento do presente exercício, tomando por base, os impostos que, por sua natureza, não chegaram a ser arrecadados pelas intendências a quem pertenciam antes de ser instalado este município. Foi lido o ofício do Governador do Estado, enviando cópia do Decreto n7 512 que aprova a adoção do Regulamento dos Cemitérios Públicos do Município de Cataguazes , para este termo, com as alterações apresentadas pela Intendência de Palma, com referência à tabela de preços e outras providências adotadas pelo município.
Foi aprovado o seguinte Projeto do Orçamento:
RECEITAS
Negociantes
3:145$000
Indústrias e Profissões
687$000
Engenhos de Cana e de Café
740$000
Padaria e botequins
80$000
Compradores de Café
60$000
Farmácias
100$000
Hotéis e Bilhares
120$000
Mascates
50$000
Edificações
150$000
Espetáculos públicos
50$000
Multas por infrações
100$000
Aferições
200$000
Eventuais
300$000
Total
5:782$000
DESPESA
Ordenado ao Secretário
450$000
Ordenado ao Fiscal
360$000
Ordenado a 2 guardas fiscais
270$000
Ao porteiro e caminheiro
180$000
Ao guarda de cemitério
60$000
Percentagem ao Procurador
578$200
Expediente da Int. e Júri
100$000
Eleições , Iluminação da Casa
100$000
Água, luz e limp. da Cadeia
100$000
Custas Judiciais
200$000
Iluminação pública
200$000
Mobília da intendência
1:000$000
Publicação dos Trabalhos
200$000
Tratamento dos Presos Pobres
50$000
Aposentadoria do Juiz de Direito
100$000
Obras públicas
1:500$000
Eventuais
333$800
Total
5:782$000

Constou, ainda, dessa reunião, uma proposta do cidadão Antonio Marques da Silva, relativa `a arrematação do corte de carne verde, propondo 120$000 pelos seis meses que faltam para findar-se o presente exercício. E abater duas reses por semana e cobrando 5$000 por cada 15 kg; bem como as mesmas reses serem examinadas antes da matança, que se compreenderá, também, de carne de porco.
Uma proposta do Dr. Inácio de Amorim Antutérpio, com relação ao aforamento do terreno para a construção do matadouro público, pedindo 100$000 anual, pagos em prestações trimestrais e dois anos de duração, com direito à rescisão ou a prorrogação. O terreno media 30 palmos de frente e 60 de fundos.
Um abaixo-assinado pedindo o alargamento da Rua Silva Jardim.
Resolveu-se entregar a função de aferidor de pesos e medidas ao Procurador da Intendência.
Uma indicação do Intendente Raymundo Correa do Espírito Santo pedindo que a Intendência dirija ao Congresso Mineiro, no sentido de legalizar as divisas deste município com o vizinho Estado do Rio de Janeiro pelo Ribeirão Santo Antonio dos Brotos, a fim de se evitarem os conflitos de jurisdição que freqüentemente se tem dado.
Lidas quatro propostas para publicação dos trabalhos da Intendência; Uma, da “Cidade de Turvo”, outras, do “O Leopoldinense”, da “Gazeta de Leste” e uma do cidadão Carlos de Assis de Oliveira, para o seu jornal que está a se fundar na Vila.
Na sessão de 8 de junho, examinou-se uma carta do Procurador da Intendência, em Ouro Preto, Dr. Francisco de Paula Ferreira e Costa, sobre custas da carta de sentença da Relação relativa à abertura da atual Rua João Pinheiro.
Não existia cofre na Intendência, porque o seu Conselho entendia ser de custo muito elevado e que a sua aquisição sobrecarregaria de ônus a despesa municipal. Por esse motivo, foi o saldo em caixa entregue mediante recibo, ao cidadão José Joaquim da Rosa, nomeado depositário da Intendência.
Na sessão de 25 de junho, tratou-se da proposta do jornal “O Muriaé”, oferecendo-se para publicar os trabalhos da Intendência, mediante a quantia de 200$000, pagamento trimestral. Aprovada. Foi nomeado o cidadão Antonio Esteves pinheiro para zelador do cemitério local. Aceita a proposta de Roberto Antonio Gomes, oferecendo 20$000 para arrematação do corte de carne verde no distrito de Aliança (Cisneiros atual). Lavrado o contrato da construção do matadouro público, com Ramon Trigo, por 140$000. Um ofício do delegado de polícia pedindo, entre outras coisas, a colocação de um sino e um lampião na cadeia; outro, do mesmo, juntando uma conta de 34$000, importância de comedorias, fornecidas aos presos da cadeia, pelo proprietário do “Hotel Miguel”, durante os meses de maio e junho, bem como ao destacamento no dia da chegada.
Em 6 de julho houve uma sessão, na qual foi autorizado o pagamento de 87$000 a Antonio da Silva Ribeiro, pelo fornecimento de 9 bancos para a sala da Intendência, sino que foi colocado na Cadeia e outros serviços de utilidade pública.
Foi ordenado ao zelador do cemitério que adquirisse 50 chapas destinada à numeração das sepulturas.
A 3 de agosto, estabeleceram-se medidas para a demarcação dos limites urbanos da Vila de Palma e o intendente Raymundo Correia do Espírito Santo encareceu a necessidade de se chamar um engenheiro para que alinhasse as ruas da vila . Foi apresentada ao Presidente uma carta de fiança do Procurador da Intendência, homologada pelo Juiz de Direito, na importância de 4:000$000, tendo, por garantia, um prédio situado em Itapiruçu.
O Intendente Moreira Sobrinho propôs se determinassem o limite da zona urbana da Vila de Palma pelos pontos seguintes: terrenos de Manoel Machado de Mendonça, Laureano Fernandes Lopes e Camilo Gonçalves Campos; e, daí, pelo alto do morro, em frente do povoado até o pontilhão da estrada de ferro, abrangendo os terrenos do Dr. Antutérpio, Vigário Vespúcio e Dr. Mateus, encontrando-se com os do patrimônio. Sobre a proposta, o Intendente Raymundo Correia opinou que fossem abrangidas as casas de morada de Marciano Gonçalves Fernandes, Custódio Antunes de Siqueira e Joaquim Nunes Vieira. Aprovado.
Reuniu- se a Intendência a 15 de agosto. Devido à carestia e atendendo ao arrematante de carne verde, resolveu-se consentir o aumento de preço por quilo de carne de vaca de 5$000 para 6$000 por 15 kg passando, assim, a carne a ser vendida a 400 réis o quilo.
Na quinta sessão ordinária realizada às 11horas e 45 minutos do dia 8 de setembro desse mesmo ano de 1891, constou uma indicação do intendente Raymundo Correia, pedindo se oficiasse ao cidadão José Bernardo Fernandes de Magalhães, no sentido da concessão do manancial de água potável à população da vila, servindo a sua resposta como título provisório até que fosse lavrada a escritura respectiva.
O proprietário do manancial, quando se realizava a reunião de 21 de setembro, apresentou a resposta afirmando que logo obtenha a escritura da fazenda onde emana a água, cederia esta à Intendência para o desejado fim. Nessa mesma reunião constou a comunicação de Ramon Trigo sobre a conclusão das obras do Matadouro Público e do Curral do Conselho.
A 20 de outubro, constou o ofício do sub-delegado da polícia de Cachoeira Alegre comunicando a epidemia de varíola que grassava na vizinha povoação de Patrocínio, pedindo providências no sentido de que a mesma não invadisse este município. O fiscal dirigiu àquele distrito, com medicamentos necessários. O Fiscal de Itapiruçu encarece a necessidade de aumento do cemitério local, falando que a salubridade dali é esplêndida, pois o cemitério da Aliança, construído há algum tempo, nenhum enterramento foi feito no mesmo. Nomeada uma comissão composta dos senhores José Joaquim de Andrade e Venâncio Alves de Souza, para orçar a ponte de Cachoeira Alegre. Américo Vespúcio de Andrade, negociante em São Joaquim ( Angaturama atual), pede devolução da importância que pagou do imposto à Intendência de Palma, pois o território de sua residência, então pertencente ao distrito de Itapiruçu, desmembrou-se, constituindo-se em novo distrito, para pertencer a Leopoldina. Nomeado Fabião Teodoro dos Santos, zelador do cemitério de Itapiruçu, cuja reconstrução foi ordenada, aumentando a sua área para 200x150 metros. Uma verba de 1 conto de réis para a conclusão do cemitério de Aliança.
3 de novembro. Uma conta de Miguel de Oliveira Alves, relativa à aposentadoria do Juiz de Direito. Outra de Antonio Esteves de Sant’Ana, de 26$800, relativa à iluminação, limpeza e mais serviços na cadeia. Mandou pagar, observando-se, porém, ao carcereiro, de que o gasto de querosene parece excessivo. O intendente Raymundo Correia propôs se intimassem aos proprietários das casas da vila, para calçarem a frente de suas casas, dentro de 90 dias.
19de novembro. Tratou-se da mudança de leito do ribeirão que atravessava a vila, a fim de não só assegurar a salubridade como também melhorar o aspecto urbanístico local. Exonerado o alinhador Antonio da Silva Ribeiro e nomeado para substituí-lo Antonio Hipólito Ferreira da Silva.
7 de dezembro. Orçado em 600$000 o serviço de construção da ponte de Cachoeira Alegre. Resolvida a construção da estrada da Fazenda da “Serra”.
21 de dezembro. A última do ano de 1891. Majorada a tabela de impostos. O presidente comunicou que tendo ido à estação de Morro Alto, distrito de Cachoeira Alegre, ali notou que o proprietário de um engenho central, Francisco Antonio Leite de Castro, acumulava palha de café e bagaço de cana num córrego ali existente. Nomeados os médicos Drs. Mateus Gama e Antutérpio para darem parecer sobre o fato; se o mesmo constituía perigo à salubridade pública. O Sr. José Cristóvão de Sá pediu o pagamento de 200$000 por se achar em meio o serviço de canalização do ribeirão que corta a vila. Uma representanção da classe caixeiral pedindo o fechamento das casa comerciais às quatro horas da tarde aos domingos.
4 de janeiro de 1892. Senhor Francisco Bernardino de Paula, proprietário na “Serra” permitiu que o caminho projetado passasse por sua fazenda sem pagamento, por indenização, dos pés de café que o caminho estragar. A Intendência recebeu do governo, instruções, para que fossem realizadas as eleições municipais. O zelador do cemitério de Itapiruçu alega que a necrópole não tem mais espaços para enterramentos e que os habitantes de São Joaquim continuam a enviar cadáveres para ali. O cidadão Elisiáario Macário da Silva se interessa pela abertura de uma farmácia em Cachoeira Alegre. Existia, em Morro Alto, uma farmácia dirigida por um profissional. José Cristóvão de Sá diz que concluiu as obras de canalização do ribeirão. Uma conta de Júlio Cezar & Cia. De 35$000 de aposentadoria do Juiz de Direito em seu hotel.
Lavrou-se um ato nomeando Luiz da Silva Freitas, afiador da Intendência. O cemitério da Fazenda de Santa olímpia passou à administração municipal. A sua construção datava de 20 anos.
A 14 de janeiro, se tratou do assunto de São Joaquim; se pertencia ou não ao município de Palma. O governo nada se pronunciara a respeito.
6 de fevereiro. Constou a leitura dos ofícios dos presidentes das mesas eleitorais que funcionaram no dia 31 de janeiro de 1892. Essa foi a primeira eleição municipal, propriamente dita, realizada em Palma, para a organização do governo municipal representado pela Câmara. O fiscal efetivo diz que foi vítima de um assalto em viagem que fazia a Miracema. Recebeu um tiro que o prostrou e teve que permanecer acamado por algum tempo. Alega que, nesta emboscada, lhe foi roubada a importância de 250$000, pertencente aos cofres municipais, mas se prontifica a restituir essa quantia se a Intendência a exigir, o que não se deu. Foi orçada a ponte da Rua Nova por 900$000. Apresentada uma conta de Francisco Campos, 80$000 por dois lampiões e postes destinados à iluminação pública. Outra de Manuel da Conceição de Souza Lima, de serviços prestados como enfermeiro do Dr. Manoel Esteves, falecido de febre amarela.
A 3 de março de 1892, reuniu-se, pela última vez, o conselho de Intendência Municipal de Palma. Existia em caixa, uma saldo a favor da Intendência, de 3:480$758.
O governo municipal, emanado de seu Conselho de intendência teve a duração de quase um ano. Iniciou em 31 de março de 1891, com a instalação do município e terminou em 3 de março de 1892, a fim de entregar as rédeas do governo à Câmara eleita pelo povo, nas eleições de 31 de janeiro de 1892.
Foi numa época de transição histórica que essa modalidade de governo se registrou. Naquele lapso de tempo que medeou a partir de 15 de novembro de 1889, quando o Brasil foi sacudido por uma mudança brusca de regime – do monárquico para o republicano – até a posse da nova Câmara Municipal, foram criadas as Intendências. O município de Palma foi instalado nessa ocasião, mas nos últimos meses desse período de preparação democrática.

Damos aqui os traços biográficos do Coronel Jeremias de Araújo Freitas, o primeiro Administrador Municipal de Palma:
Nasceu no dia 22 de outubro de 1848, na freguezia de Monte Alegre, hoje cidade de Monte Alegre de Minas, situada no Triângulo Mineiro.
Em 1858, em companhia de seus pais, Capitão Manoel Antonio de Freitas e de d. Ana Esméria de Araújo, transferiram residência para o então Curato de São Francisco de Assis do Capivara.
No ano seguinte entrou para o Colégio São Felix, hoje cidade de Pádua, no estado do Rio de Janeiro, regido pelo Professor Bartolomeu Cordovil de Siqueira e Melo. Freqüentou esse colégio apenas oito meses.
Voltou à casa paterna. Depois, com o profesor Teófilo de Araújo, em Rio Novo, terminou o seu curso primário.
Em 1862, se encontrava no serviço da lavoura em casa de seus pais.
Em 1870, alistou como eleitor nas fileiras do partido liberal.
Em 1872, por ocasião do primeiro recenseamento, foi nomeado recenseador e membro da comissão paroquial.
Em 1875, feito eleitor especial, para as eleições de deputado e senador, pela Lei Saraiva.
Por este sistema de eleição, os votantes paroquiais elegiam um certo número de eleitores especiais, os quais, em um dia aprazado
Se você tiver a continuação dessa "monografia....", acrescente.
Esta parte, deste blog, só existe proque consegui recuperar alguns exemplares de A DEFESA e digitar o texto escrito pelo Professor José Marinho Araújo, publicado pelo Sr. Antônio Agrícola.
Mas ele tem continuação.