quinta-feira, 1 de novembro de 2012

... é o que conta o CORONEL JEREMIAS DE ARAUJO FREITAS sobre FIRMO DE ARAÚJO. E muito mais...

Ganhei um valioso presente: uma cópia das memórias do Coronel Jeremias de Araujo Freitas, de 7 de julho de 1915 e de Horácio de Araújo Freitas, de 10 de  julho de 1943.
Fui presenteado por Luiz Sérgio de Freitas, filho de Luiz Gonzaga de Freitas (este, neto do Coronel Jeremias)
Em conversa com dona Áurea de Freitas, também neta do Coronel,  recebi dela uma foto do Coronel e uma de dona Constança, esposa dele, em desenho feito pela própria dona Áurea.
Reproduzo abaixo as páginas do caderno de memórias, copiado por Horácio,  e as fotos que me foram presenteadas por dona Áurea.
































Embora grande parte dos fatos relatados já tenham sido publicados no livro O ASSASSINATO DO CORONEL FIRMO DE ARAUJO, de Maurício Monteiro, há muita novidade, pois os relatos que encontrei, eu os transcrevi na íntegra.


Cópia fiel  da página íntima de Jeremias de Araújo Freitas

Nasci no dia 22 de outubro de 1848 na freguesia de Monte Alegre, hoje cidade do mesmo nome, no triângulo mineiro, Estado de Minas Gerais.
Em 1858, em companhia de meus pais Capitão Manoel Antonio de Freitas e Ana Emeri de Araujo transferimos residência para aqui, nesse tempo Curato de São Francisco de Assis do Capivara, que pertencia a freguesia de Santa Rita de Meia Pataca, hoje sede do município de Cataguazes, que naquela época pertencia ao município de Feijão Cru, hoje Leopoldina.
Em 1859 entrei para o Colégio  em São Felix, hoje cidade de Pádua, do Estado do Rio de Janeiro, colégio este regido pelo professor Bartolomeu Cordovil de Siqueira e Melo.
Frequentei este colégio apenas oito meses  e voltando a casa paterna segui para Rio Novo, em Minas, onde fui prosseguir meus estudos de primeiras letras tendo por professor Teófilo de Araujo, com quem acabei de completar o curso primário. Voltando a casa paterna em 1862, ingressei-me no serviço da lavoura em casa de meus pais.
Em 1867 estava eu com 19 anos, por ocasião da guerra com o Paraguay, havendo encarniçada luta entre os partidos políticos na localidade, entre conservadores e liberais, desencadeou-se uma tenaz perseguição e estando os conservadores no poder, fui ameaçado de recrutamento, por ser minha família pertencente ao partido liberal.
Não foi sem grande trabalho que consegui me livrar dos energúmenos políticos, apesar de ser de menor idade.
Logo depois mudou-se a situação política com a subida dos liberais ao poder, e seguiu-se um período de tranquilidade, até 1870 com o término da guerra.
Começou aí o exercício de meus direitos políticos, alistando-me como votante nas fileiras do partido liberal.
Em 1872, por ocasião do primeiro recenseamento  fui nomeado agente recenseador e  membro da comissão paroquial . Em 1875 fui feito eleitor especial para as eleições de Senadores e Deputados, pela chamada eleição indireta (Lei Saraiva).
Por este sistema de eleição os votantes Paroquiais elegiam um certo número de eleitores especiais, os quais em um dia aprazado reuniam-se na sede do município, em colégio eleitoral, para votarem em Senadores e Deputados e ahi disputavam os partidos os seus candidatos. O colégio eleitoral, onde se reuniam os eleitores da Paroquia do Capivara era São Paulo do Muriaé.
Sendo em 1877 criada a Vila de Cataguazes, passou o Capivara a pertencer àquele município. A 25 de abril de 1878, fui nomeado 1º Suplente de Sub-delegado e em 11 de janeiro de 1979 nomeado  proprietário do cargo que exerci até 1884. Tendo se levantado  nesse ano a idéia da propaganda republicana, criou-se o Club Republicano Capivarense do qual fiz parte como um dos seus incorporadores, fazendo parte da primeira diretoria como 1º Secretário  e por este motivo exonerei-me do cargo policial. Um fato que não devo esquecer é de ser eu Delegado da Instrução pública e sendo, naquele tempo, como ainda hoje o são, os professores públicos muito mal remunerados, a única cadeira da instrução primária que havia estava vazia pelas dificuldades de casas para alugar-se, pois estas estavam caríssimas.
Foi então que vindo à Capivara o Dr. Joaquim de Carvalho  Dummond, Inspetor de ensino de Cataguazes, surgiu-nos a idéia de um apelo aos pais de famílias no sentido de formar-se uma caixa destinada a pagar o aluguel da casa para a escola. Assim incumbiu-me de promover a subscrição, nomeando a dois amigos, Francisco José Martins de Almeida e Tomaz de Medeiros Pontes, o primeiro farmacêutico e o 2º Agente da Estação, tratamos  de organizar uma sociedade que teve a denominação de Sociedade  Capivarense Amantes da Instrução, com fins mais amplos de proteção a instrução pública, e tal foi a importância levantada, que as expensas da Sociedade foi construído um prédio na Rua da Estação,, no qual ainda hoje funciona a escola pública, e cujo prédio, com a criação da vila da Palma, foi doado ao Estado, cuja escritura foi assinada por  mim, como Presidente da Sociedade. Um outro episódio que se prende ainda à instrução, naquela época, foi o quase conflito, que se deu entre o Colégio Imaculada Conceição, regido por Dona Izabel da Costa Mattos e o professor Zenon Dummond em 1885, no qual tomei parte como Delegado da Instrução, em favor do Professor, por ser ele vítima de uma falsa acusação, como ficou apurado em processo regular. Logo em 1886 levantou-se a campanha (da abolição), digo, Campanha pela abertura de uma rua no povoado, rua esta que hoje tem os nomes de João Pinheiro e Costa Reis, questão esta que tomou tal vulto e tão importante que envolveu toda a população , formando-se partidos prós e contra e da qual tomei parte muito ativa  ao lado dos companheiros  Bernardo Magalhães, Raimundo Correia, Firmo de Araujo  e outros em favor da abertura da rua onde já havia o direito de servidão. Mas o dono de um pequeno pedaço de terra  entre o patrimônio e a rua hoje denominada Dr. Victor Ferreira, havia feito arbitrariamente  uma vala impedindo o transito.
Eu e Bernardo Magalhães, como representantes do povo, que exigia o restabelecimento do trânsito, requeremos à Câmara municipal de Cataguazes a abertura da rua, mas a chicana política  entrou da parte dos adversários nossos e ficou a questão na Câmara, que era composta de adversários nossos, parada por muito tempo sem decisão, até  que houve eleições para novos vereadores.
Abrindo-se logo uma vaga de vereador geral, fui,  por amor da questão da rua, eleito em 21 de novembro de 1886, vereador para pleitear no seio da Câmara  a reabertura da dita rua, cargo que exerci até 1889, quando com a Proclamação da República foram dissolvidas as Câmaras e criadas pelo Governo Provisório as Intendências Municipais, ficando a questão da rua que já estava afeta ao Tribunal da Relação.
Em 1891, criada a Vila da Palma, fui por ato da sua criação nomeado Presidente da Intendência com ordem de  instalar o município,  o que se efetuou em 28 de março do mesmo ano. A Intendência compunha-se dos seguintes membros: Raimundo Correia do Espírito Santo, Joaquim Moreira de Faria Alvim, Bernardo Fernandes de Magalhães e Virgílio Pereira de Freitas.
O primeiro ato da Intendência foi promover o processo de abertura da dita rua que passava assim às suas atribuições. Autorizado pelo Governo Municipal fui a  Ouro Preto promover o cancelamento  da questão , reforçando a procuração dada por mim e Bernardo Magalhães ao  advogado Dr. Francisco de Paula Ferreira e Costa e este decidiu a questão a favor da desapropriação por utilidade pública, o que foi feito pela Intendência.
Calmo correu o período do Governo Municipal pela Intendência , até ser eleita a primeira Comarca Municipal da República.
Uma vez empossada esta, não tardou as discussões políticas no seu seio, havendo logo duas renúncias de vereadores. Já nesse tempo estava organizado o Diretório político do Município, e na eleição para as duas vagas, tive de voltar a ocupar um lugar da Comarca como Vereador. Fomos eleitos, eu e Emílio Brandão e tomamos posse em outubro de 18, digo, em 5 de novembro de 1892.
Havia na Câmara diversas questões de importância  e já haviam decorrido oito meses e os serviços da organização municipal determinada pela lei número 2 estavam em grande atraso, tal era a balbúrdia que reinava na administração: Orçamentos, Estatutos dos Conselhos Distritais por serem aprovados. Vendo, eu e o companheiro que acabávamos de entrar para a Câmara que não podíamos conformar com aquela anarquia, protestamos, e aos nossos protestos o Presidente da Câmara estabeleceu o regimento da obstrução. E não nos conformando com isto deliberamos em plena sessão dar as nossas renúncias, no que fomos acompanhados pelos vereadores Randolfo Barbosa e Manoel José Rodrigues Gomes, isto no dia 15 de dezembro do mesmo ano.
Em 1894, com as eleições para a nova Câmara, surgiu-se questões políticas de caráter grave, estabelecendo-se luta em torno de duas correntes que se batiam em terrenos opostos, tive que obedecer as conveniências partidárias e aceitar de novo o lugar de vereador geral  e foi nessa Câmara  que exerci o cargo de seu presidente e Agente Executivo, interinamente e por espaço de um ano.
Deixando essa Câmara em 1899. Em 1900 fui nomeado Coletor Municipal em  janeiro e em Março Coletor Federal e em 1º de abril, Coletor Estadual cumulativamente, não tendo aceitado os dois últimos, fiquei apenas como Coletor Municipal, que exerci até 1907.
Ainda dentro desse período de 32 anos de serviços a cargos públicos,   exerci por diversas vezes os cargos de 1º , 2º, e 3º  juiz de Paz do distrito da cidade. Todos estes atos formam o acervo dos serviços prestados por mim, os quais aqui ficam encerrados e  constam dos anais e arquivos  públicos, aos quais me reporto.
Fecho, portanto, em 1907 o currículo dos meus serviços pela causa pública, tendo a felicidade de colher  de tudo isso honrosos documentos em atestados, os quase guardo como um tesouro, constituindo a minha folha corrida, que mercê de Deus será o patrimônio dos meus filhos
São portanto esses os frutos colhidos nessa longa e penosa  jornada  de vida, continuando a viver satisfeito por não contar sequer um inimigo, nem mesmo desafeto.
Fazenda do Bahú,
16 de junho de 1917
(a)  Jeremias de Araújo Freitas



REMINISCÊNCIAS

SEGUNDA FASE DO MEU FADÁRIO

HISTÓRICO

Ao relatar esta segunda fase da minha vida, procurarei descrever os fatos com toda a imparcialidade, sem alterá-los na sua essência, sem paixões nem despeitos. Citarei nomes de alguns protagonistas e vitimas  para assim ser fiel na sua narração.
Cumpre-me dissertar um pouco nos antecedentes  desses tenebrosos dias para dar como causa eficiente do ocorrido.
De há muito se havia formado nos municípios vizinhos de Itaperuna e Pádua no Estado do Rio de Janeiro, grupos de “caçadores “ de ladrões de animais que infestavam não só aqueles municípios como os de Palma, Cataguazes, Leopoldina e Muriahé no Estado de Minas, alastrando-se até Cambucy, Monte Verde e Itaocara no E. do Rio.  Este grupo chegou a linchar em Itaperuna e Pádua indivíduos conhecidos como membros da nefasta quadrilha de ladrões. Na madrugada de 6 de julho de 1912, foi a cidade de Palma  invadida pelo grupo que operava em Itaperuna, reforçado por grande número de pessoas do município. Foi assim que pelas quatro horas da manhã daquele dia a população de Palma foi surpreendida  com o bombardeio sobre a casa do Coletor Federal, Olegário de Araújo Pereira, que conseguiu escapar ileso. Uma vez instalado o numeroso grupo de  carabineiros  no centro da cidade em casa do Padre Joaquim Rodrigues Cardoso, foram pelo grupo intimadas as autoridades Judiciárias e policial a não procurarem tolher  a sua ação e desta casa os chefes  fizeram sair piquetes de carabineiros para todos os pontos da cidade tomando os pontos de saída, inclusive a Estação da E. de Ferro Leopoldina e telégrafo.
Estavam à frente deste grupo os fazendeiros José Barbosa de Castro Junior, Osório Barbosa de Castro,  Francisco Barbosa de Castro e o Padre Joaquim Rodrigues Cardoso , e capitaneando o grupo de carabineiros estavam Manoel Lache e João Machado.

Manoel Laxe  Gouvêa

A população aterrorizada por tão inesperados hóspedes, o povo ficou perplexo, humilhado pela ostentação da força não atreveu a sair de casa.
Logo manifestou o grupo ser o alvo daquele movimento invasor a pessoa do Cel. Firmo de Araujo Pereira e todos os seus filhos.
O Juiz de Direito, Dr. Joaquim Rodrigues Seixas, diante de tal atitude, sem forças para reagir, sem comunicação telegráfica, por terem tomado o telégrafo, procurou confabular com os chefes do grupo logo cedo, obtendo permissão para ir à fazenda do Cel. Firmo entender-se com ele sobre o ocorrido; de fato seguiu logo o Dr. Seixas para a fazenda afim de consertar com o Cel Firmo  um plano de maneira a solucionar o caso, de forma a voltar a calma à população alarmada, pois o Cel era acusado de ser o grande Chefe de gatunos e criminosos.
O Cel., depois de ouvir a narrativa do Dr. Seixas, prometeu que no dia seguinte  mandaria uma proposta decisiva.
Voltando o Dr. Seixas à cidade, deu conta da sua incumbência aos Chefes do grupo, respondendo estes que o mais acertado era o mesmo Dr. Seixas, no dia seguinte, convidar ao Cel Firmo para uma conferência , cujo encontro seria na fazenda da Praia a 2 kilômetros da cidade para ali, com a presença do mesmo Dr. Seixas, ficar protocolado o que fosse resolvido. Eu havia, no dia 5, feito uma viagem a Patrocínio e nada de anormal havia e, quando no dia 6 voltava a Palma já havia sido bombardeada a casa do Coletor. Na estação, ao chegar o trem, via-se carabineiros espalhados por toda parte, foi quando soube do ocorrido. Estando todos os pontos da cidade guardados por grupos de carabineiros vi-me sem poder sair da cidade. Foi então que procurei em casa do Padre Joaquim, o  Sr. José Barbosa, a quem pedi uma guia para poder sair em demanda à minha fazenda, obtendo do mesmo uma ordem por escrito às sentinelas para me franquear uma passagem. No dia 7, estando em minha fazenda, recebi um chamado do Cel Firmo para irmos ao encontro dos homens na fazenda da Praia, ponto ajustado para a conferência. Logo seguimos viagem, indo em nossa companhia Lucidoro Rodrigues Pereira e sem incidente algum chegamos ao ponto ajustado. Não encontramos ali ninguém, posto que pelas imediações da casa da fazenda  notava-se escondidos pelas moitas de mato carabineiroas que aguardavam a nossa chegada. Pouco depois chegou o Dr. Seixas e Anibal Barbosa, dizendo ao Cel. que vinham sós porque os outros temeram que o Cel viesse acompanhado de homens armados  em represália, tendo o Dr. Seixas feito Aníbal voltar à cidade para dizer a José Barbosa e Padre Joaquim que o Cel ali estava só comigo e Lucidoro. Decorrido meia hora, em vez dos homens esperados, chegou um grupo de uns 8 (homens) carabineiros convidando o Cel em nome de José Barbosa para ir até a cidade para  lá ter lugar a conferência. Ata formal intimação, em forma de convite, eu, que já via a coisa tomando um caráter  diverso tentei voltar dali, mas  fui aconselhado  por João Machado a não o fazer, pois que corria perigo visto haver homens emboscados pelo caminho. Atendi, e acompanhei, caminho da cidade, o Cel. Firmo e Dr. Seixas a pé na frente do grupo, que ia aumentando com  a reunião dos que estavam emboscados.
Íamos a passos vagarosos e ao avistar-se a cidade, de súbito foi o Cel. alvejado pelas costas e quase a queima-roupa  por cinco ou 6 tiros de carabinas que atingiram-lhe o crâneo, tombando ele já sem vida no leito da estrada, com o crâneo esfacelado pelas balas dos facínoras !! Conquanto fôssemos eu, Dr. Seixas e Lucidoro poupados a sanha dos carabineiros, sofri tão violento abalo que mal me podia conter sobre o animal que cavalgava.
Após uma algazarra infernal feita pelos heróis , nos pusemos  novamente a caminho da cidade. O Dr. Seixas amparado nos braços de João Machado e Lucidoro acometido de um tremor convulsivo, pedia a cada momento  que o matassem também. Eu, como que bestializado, só me lembro quando voltei a caminho de minha casa, passando pelo cadáver do Cel. que jazia  estendido no pó da estrada, notei que seus miolos estavam espalhados pelo chão e o seu rosto irreconhecível. Nunca em minha vida havia sofrido comoção tamanha, e nem até aquela data  havia me passado pela mente ser testemunha de cena tão horrorosa.
Três dias depois daquele trágico acontecimento  meu espírito abateu-se tanto que temia sofrer um desequilíbrio mental. Assim estava eu pensando recuperar a calma para o espírito quando no dia 9, lá pelas 2 horas da tarde, de minha fazenda que distava menos de 1 quilõmetro da do Cel. Firmo, ouviu-se um forte tiroteio na fazenda, que durou uns 5 minutos de fogo cruzado; era o grupo da morte que havia atacado a casa da fazenda na procura dos filhos do Cel. para linchá-los. O prédio ficou crivado de balas que incrustaram nas paredes e não encontrando ninguém, arrombaram as portas da casa, penetraram em todas as dependências , quebraram móveis, espalharam  pelo assoalho tudo que encontravam nas gavetas, cômodas, numa verdadeira depredação.
O pessoal da fazenda, que aos primeiros tiros dos invasores, fugiu embrenhando-se pelo mato próximo, não tendo, por isso, ninguém ferido.
De um lado, vendo minha família acometida de verdadeiro pânico, querendo também abandonar  a casa com receio  de igual invasão dos carabineiros que procuravam agora os filhos do Cel. Firmo que juraram exterminar Em toda emergência precisava eu aparentar calma e mesmo revestir-me de coragem para contê-la, mas no meu íntimo não deixava de temer a sanha do grupo. Não sabia o que fazer, se acalmava a minha família ou se  recebia as pessoas, homens, mulheres e crianças  que chegavam espavoridas ,arquejantes  de  cansados, pedindo socorro.
Estava neste estado de  apreensão  quando chegou a noticia  que o grupo tinha se retirado.
As filhas do Cel. Firmo, que se achavam na cidade, refugiaram-se em casa do juiz de Direito e foram poupadas.
Para  cumulo da minha decepção , no dia 10 fui chamado à Palma afim de depor, como testemunha de vista no inquérito aberto por um delegado militar especial enviado de Belo Horizonte para apurar os fatos. No mesmo dia que depus  como testemunha fui nomeado pelo Juiz de Direito depositário dos bens  e inventariante do espólio do Cel. Firmo que, digo, cujos bens se achavam em completo abandono. Foi uma luta medonha , pois o acervo era enorme, constando de gado vacum e cavalar espalhados por diversas fazendas de pastos sujos. Os bens depois de arrecadados e avaliados foram vendidos em hasta pública e o produto foi rateado entre os credores habilitados, cabendo a cada um a parcela de dezesseis  (16%) por cento.
O mesmo grupo, no mesmo dia 7 de julho de 1912,linchou mais 4 indivíduos, José Fraga, brasileiro, Padeirinho, português, João Simoneaux, francês e Guilherme de tal, inglês, todos supostos capangas do Cel. Firmo.
Quem foi este homem que teve tão trágico fim?
Sei eu porque com ele convivi desde a nossa tenra idade. Firmo de Araujo Pereira era um desses homens pouco vulgares no gênero, dotado de um gênio especial, espírito arguto, penetrante e sagaz, senhor de uma força de vontade invencível, amigo leal e sincero, político até a medula dos ossos. Foi chefe de grande prestígio, tanto no Estado de Minas até onde pode chegar sua ação e influência, como no Estado do Rio de Janeiro, onde começou sua vida política. Sem exageros, pode-se dizer que  foi um Pinheiro Machado dentro do círculo de sua influência, sendo a sua opinião acatada pelos maiorais da política, gozando de influência em todos  os governos, tanto dos Estados como da República, com os quais confabulava e trocava idéias sobre a política.
Desde a proclamação da República, em 1889, ele se dedicou à política no município de Palma e foi devido à sua real influência que a legendária freguesia do Capivara foi elevada á categoria de Vila, Cidade e Comarca seguidamente. Até 1900 obstinadamente não aceitou cargo algum de eleição popular. Seu gosto era dirigir a política, e tinha nisto um prazer especial, era severo nos seus planos, que nunca falhavam; diplomatas eram os adversários, para os quais tinha ele toda a gentileza, posto que, não lhes desse tréguas no pleito eleitoral, ao disputar uma eleição, tinha nisso uma tática extraordinária.                                Gozou ele de grande prestígio, em Minas, de todos os governos, desde Bias Fortes até Delfim Moreira quando lhe foi retirado esse prestígio por causa da eleição de seu particular amigo Francisco Valadares, cuja candidatura extra chapa foi sustentada por ele e vitoriosa em toda  zona e reconhecida, crime este que lhe causou a morte trágica como atrás foi descrita.
Em 1910, vendo seus amigos que o Governo de Minas ia lhe retirando o prestígio, devido à votação dada por ele a Valadares, promoveram-lhe uma manifestação de apreço por ocasião de  seu aniversário natalício, em homenagem aos relevantes serviços prestados ao município, não só como chefe político como Presidente  da Câmara, cargo que vinha exercendo desde 1900 em sucessivas eleições. Esta festa popularíssima teve lugar no dia 1º de junho de 1910, na qual compareceram mais de duas (2) mil pessoas, inclusive os chefes políticos dos municípios vizinhos, Leopoldina, Cataguazes, Muriaé, São Manoel, Carangola , Além Paraíba e grande número de amigos de Pádua e Miracema do Estado do Rio.
Nessa ocasião foi-lhe oferecido um retrato em formato grande que foi colocado no Salão nobre da Câmara Municipal.
Retrato oferecido ao Coronel Firmo de Araujo, em  junho de 1910,
encontra-se, ainda hoje, no prédio da Prefeitura de Palma.

Pois bem. Nada disso lhe valeu.
No dia 7 de julho de 1912, grande parte desses mesmos amigos foram os promotores da  mão armada que tão bárbara  e covardemente o assassinou.
Firmo de Araújo tinha, como todos os homens, o seu lado fraco, ao par de muitas virtudes, tinha o grande defeito de proteger toda casta de criminosos e muitas vezes para servir aos amigos políticos, e assim como dava agasalho a criminosos, também não regateava proteção a quem dele se recorresse, ainda mesmo os seus inimigos e desafetos. Daí a versão de ser ele um homem mau.
Não se registrou fato algum que fosse provado que Firmo de Araujo se serviu dos malvados e assassinos que viviam debaixo de  sua proteção, para tirar desforra ou vingança de seus inimigos. Ao contrário, era ele o mais prejudicado, e a prova disto é que  tendo regular fortuna, seus filhos ficaram na miséria, sendo o seu inventário transformado em massa falida, recebendo os credores  16%.
Esta é história fiel da vida de Firmo de Araujo Pereira
7 de julho de 1915
(a)  Jeremias de Araujo Freitas


ADITAMENTO ÀS MEMÓRIAS DE MEU PAI JEREMIAS DE ARAUJO FREITAS
Que não foram  mencionadas por ele, e que fazem parte de sua vida íntima, e que aqui relato para conhecimento de meus filhos, seus netos, aos quais ofereço para que fiquem conhecendo os troncos da família.
Meu pai, Jeremias de Araujo Freitas casou-se em primeiras núpcias em 1875, com Constança Maria de Campos, filha de Mariano José de Oliveira e de Maria Clara de Campos

 CORONEL JEREMIAS DE ARAUJO FREITAS
DONA CONSTANÇA
(desenho de dona Áurea Freitas,
neta do Coronel e de Dona Constança)

Deste consórcio tiveram os seguintes filhos: Cristino, nascido em 1876, falecido poucos meses depois. Horácio, nascido a 17 de março de 1878, Maria, que viveu poucos dias, Ernestina (1ª ) que viveu 3 dias apenas, Osório, nascido em 1882, que se casou com Ernestina . (ilegível) e faleceu em 1911; Teofilo, nascido a 18 de setembro de 1884, reside na cidade de  Palma e hoje viúvo de Carmem Rodrigues, Ernestina (2ª) nascida a 18 de junho de 1886, casou-se com Osório Pereira de Freitas e hoje falecido.
Minha mãe faleceu no dia 16 de junho após 4 dias do nascimento de Ernestina. Esteve meu pai viúvo 4 anos, casando-se em 2ª s núpcias  com Francisca Rodrigues em janeiro de 1890, na Fazenda do  Fançola (?)      , no município  de Barbacena  . Deste casamento nasceram  diversos filhos, sendo o mais velho Urias de Araujo Freitas, Agente da Estação da E. de Ferro Leopoldina; Américo, Elvira, Plínio, Adélia, Juracy, Cajuby, Iracema, Helena, Lincoln e Francisco, residentes em Palma e no Estado do Rio.

Quanto às suas reminiscências , na segunda parte de suas memórias (páginas íntimas) quanto ao assassinato e vida de Firmo de Araujo Pereira, cumpre-me, como testemunha de fatos que foram omitidos por meu pai, ou por nãos os conhecer ou por motivos de foro íntimo, mas que constituem fatos que antecederam ao fuzilamento sumário de Firmo de Araujo , e que aqui relato tais como se passaram para complemento ao que relatou meu pai.
No período de 1904 a 1907 fui Secretário da Comarca de Palma da qual era Presidente Firmo de Araujo Pereira, e seu secretário particular, por isto conhecia toda a correspondência trocada entre Firmo e os próceres da política mineira. Em 1906, se não me falha a memória, estando na Presidência do Estado Wenceslau Braz e tendo de se processar as eleições para deputados federais, o Presidente Wenceslau fazia questão fechada de ser o candidato Astolfo Dutra    o mais votado no Estado para que continuasse na Presidência da Câmara Federal, e como tivesse surgido no município de Carangola forte oposição contra a sua candidatura, recebeu o Cel.  Firmo de Araujo uma carta particular e confidencial de Wenceslau encarregando-o de se intervir perante os políticos de ambos os partidos políticos de Carangola, no sentido de que Astolfo Dutra tivesse ali maioria dos votos na futura eleição. Em virtude desta carta, Firmo de Araújo se dirigiu a Carangola e ali entendeu-se com os Chefes Cel. Francisco Novais e Olímpio Machado, conseguindo destes a promessa formal de darem a maioria da votação a Astolfo Dutra, uma vez que Wenceslau se comprometesse a  incluir na chapa pa deputado estadual o nome de Olímpio Teixeira , advogado em Carangola.
Voltando a Palma, Firmo de Araujo comunicou a Wenceslau o resultado de sua incumbência e do compromisso assumido, obtendo de Wenceslau, em carta muito amistosa, a aprovação do compromisso assumido, o qual foi cumprido, tendo Olimpio Teixeira sido eleito deputado estadual.
Com este fato mais se firmou o prestígio político de Firmo de Araujo naquela zona da Mata.
No  mesmo ano, e por  motivo da agitação política em torno da candidatura a Deputados Federais, surgiu em Muriaé entre os partidos locais, um chefiado pelo Deputado Federal Silveira Brum e outro pelo Cel. Francisco Vermelho, forte  dissidência. E, tendo sido assassinado alí  de emboscada, o jornalista João Martins, redator do jornal do partido da oposição ao deputado Silveira Brum, foi atribuído a  este e  a Francisco Freitas Lima a autoria do assassinato de João Martins.
Tendo o Cel. Firmo de Araujo ciência de que os amigos de João Martins, chefes do partido oposicionista ao Deputado Brum, planejavam a vingança da
 morte do amigo, nas pessoas de Silveira Brum e Freitas Lima, dirigiu-se a Muriaé e dali retirou Brum e Freitas Lima. Dias depois voltou Firmo a Muriaé, reuniu todos os amigos partidários de João Martins e chefes do partido,  Cel. Izalino, Vermelho, Antônio e Francisco Teodoro e Medeiros, e em demorada conferência que durou mais de 3 dias, conseguiu deles om compromisso por escrito e assinado por todos, de que não vingariam a morte do amigo, uma vez que  Silveira Brum  e Freitas lima não continuassem a perseguir e a mandar matar seus companheiros como vinham fazendo.
De posse do compromisso  assinado por todos os  Chefes do partido , chefiados pelos Ceis. Vermelho e Izalino, Firmo de Araujo comunicou ao Deputado Silveira Brum o resultado de sua intervenção dizendo-lhe que se responsabilizaria  por sua vida e que podia voltar a Muriaé, quando quisesse, uma vez que cumprisse o que seus adversários  exigiam, o que era a coisa mais justa. (Essa correspondência  foi escrita por mim, como secretário particular que era do Cel. Firmo de Araujo)
Pois muito bem, foram estes atos  de amizade e lealdade, não só política como particular, que motivaram o bárbaro, covarde e brutal fuzilamento de Firmo de Araújo no dia 7 de julho de 1912, como o descreveu meu pai na primeira parte de suas reminiscências , neste caderno.
O Dr. Silveira Brum, homem ambicioso  e de maus instintos, que pretendia para si a chefia política do 2º Distrito  Eleitoral de Minas, achou que Firmo de Araujo com suas interferências  pacificadoras na política de outros municípios, era um entrave às suas ambições e começou, desde esta época, a elaborar um plano para eliminar o Firmo de Araujo da política no distrito, como chegou a revelar a um amigo político, com as seguintes palavras (reveladas pelo amigo depois da morte de Firmo): “Preciso de qualquer maneira quebrar o prestígio político do Firmo no meu distrito, porque se ele teve força  perante os meus adversários para conseguir deles  a desistência da vingança da morte de João Martins, se ele entender de intervir  na política do Distrito contra mim, desaparecerá o meu ideal e prestígio e nem Deputado poderei ser.” Lançando mão de alguns adversários do Cel. Firmo em Palma,  pôs em prática o seu diabólico plano de extermínio de seu amigo e benfeitor.
Levantaram na imprensa mercenária do rio e do Estado uma campanha difamatória contra a reputação, não só  política como particular, intrigas baixas perante o governo para anular qualquer prestígio que pudesse o governo a Firmo de Araujo, enquanto Silveira Brum, aproveitando da amizade e compradesco  do Chefe de Polícia, obtinha a retirada do destacamento local afim de levara efeito  o seu plano de cuja execução estava  confiada a José Barbosa de Castro Junior , figura apagada na política mas  de instintos mais perversos do que Silveira Brum, que teve desfecho no dia 7 de julho de 1912, como foi descrito por meu pai.
Peçanha ,  10 de julho de 1943
 Horácio de Araújo Freitas

2ª PARTE

P.S.
José Barbosa de Castro Junior assumiu então a chefia política e administrativa do município com a proteção e orientação de Silveira Brum e entendeu de assegurar o seu prestígio plantando o terror, mantendo sempre capangas e assassinos conhecidos, com o fim de eliminar todos os que não aderissem a sua políticas sanguinária.
Assim é que logo em seguida preparou uma emboscada na Caixa Dágua das Estrada de Ferro, no lugar denominado Pedra Branca, entre as estações de Palma e Banco Verde, onde foi assassinado dentro do carro do trem expresso seu tio e padrinho Cel. José Francisco da Silveira Carvalho,        que não concordava com sua política e que tinha prestígio no distrito de Cachoeira Alegre.
Estabeleceu grande perseguição sobre todos que foram companheiros e adeptos do Cel. Firmo e manteve-se no poder, sempre prestigiado, dominando pelo terror. Tantos foram seus atos de perseguições que ultimamente perseguia os seus próprios companheiros e parentes, de modo  que contra seus atos levantou-se forte oposição política e o próprio governo já não lhe dava mais prestígio.
Iam as coisas neste pé, quando  fez-se a eleição para a Câmara Municipal , em que os vereadores é que elegiam o Presidente e Agente  Executivo, por maioria de votos, e tendo seus adversários indicado para o cargo seu primo Antonino Barbosa, homem honesto e muito estimado, este teve a maioria de vereadores, fazendo 5, quando José Barbosa conseguiu eleger 4 vereadores. Assim, tinha Antonino  garantida a sua eleição para Presidente da Câmara. Mas a lei estabelecia que  em um caso de empate na votação, seria decidida a eleição a favor do candidato mais velho. E sendo José Barbosa mais velho do que Antonino, no caso de empate, seria ele  o Presidente da Câmara,
Assim sendo, José Barabosa, que estava arruinado financeiramente, precisava continuar vivendo, como já vinha, às custas dos cofres municipais, arquitetou o diabólico plano de eliminar um dos vereadores. E poucos dias antes da reunião da Câmara, mandou seus capangas assassinarem o vereador pelo distrito de Cisneiros,  Joaquim Fagundes, homem honesto, trabalhador  e sem inimigos e querido de todos.
Foi este seu ato a sua desgraça porque o Governo  se interessou na descoberta dos assassinos, ficxando provado no inquérito a autoria do crime e José Barbosa como mandante, sendo processado, preso e recolhido à prisão, tendo sofrido ali toda sorte de humilhação , sendo fotografado em trajes de Lampião do Norte.
Apesar da benevolência dos jurados , foi absolvido por um voto apenas, perdeu todo o seu prestígio político e moral,  pobre e quase na miséria,  apesar de ter possuído regular fortuna, pois só de seu pai herdou mais de cem contos de reis, que naquele tempo era uma boa fortuna. Querem saber como acabou este homem os seus dias de vida?
Morreu de morte natural em casa de uma filha e genro que durante a sua doença não acharam uma pessoa que as ajudasse a trata-lo, nem a visita de um amigo, e seu cadáver foi posto , por seu genro e sua filha, em um automóvel e levado para a Estação de Silveira Carvalho, onde foi sepultado no cemitério construído ali por sua vítima, Cel. Francisco da Silveira Carvalho.!!!

8 comentários:

Anônimo disse...

Caro José Alberto,

Material muito interessante, você está se tornando o historiador de Palma. Como você disse, apesar de parte dos Diários aparecer na recente biografia do Cel. Firmo, mesmo assim a leitura é muito proveitosa.

Uma pergunta de quem não tem ido muito a Palma: os descendentes do Cel. Jeremias moram aí?

Grande abraço, Roldão

Anônimo disse...

Palma hoje é um paraíso.

Anônimo disse...

Beto, sou neta de Áurea Freitas e, por consequência, tataraneta do Cel. Jeremias!!!

Venho lhe parabenizar pelo belo trabalho de resgate à memória da cidade, bem como lhe agradecer por me apresentar um pouco mais sobre a minha própria família.

Fiquei encantada com o material que tive oportunidade de ler por intermédio de uma avó orgulhosa dos relatos escritos pelas mãos de familiares que vivenciaram essa fase conturbada da história de Palma.

Obrigada, novamente, por nos proporcionar essa descoberta.

Abraço,
Denise

ADRIANO C. DE ARAUJO disse...

Boa Tarde!! Sou bisneto do Cel. Firmo de Araujo Pereira, meu pai é filho de Theofhilo Benedito de Araujo,e estou impressionado e até constrangido de só nesta altura de minha vida, ter conhecimento de fatos tão IMPORTANTES para a formação de MG. Não conheci meu avô Theofhilo, mais convivi muito com minha querida e saudosa avo Julieta. Nunca nos foram passadas tantas historias da importância do meu BISA...Nasci e cresci em Juiz de Fora, no entanto moro hoje em SP e assim que possível quero visitar PALMA e saber tudo sobre a saga da minha família. Forte abraço!!

Denia disse...

Bom dia! Sou bisneta de Jeremias de Araujo, neta de Horácio de Araújo Freitas. Meu pai chamava-se Ary Mendonça Freitas! Tenho xerox destes relatos feitos pelo meu bisavô e das notas complementares feitos pelo Vô Horácio! Uma pergunta: algum de nossos parentes, ainda residem em Palma? Curiosidade em saber da descendência! Um abraço, Dênia Diniz de Freitas - Belo Horizonte- MG.

Jacqueline Freitas disse...

Cara Denia, sou tb bisneta de Jeremias Araújo Freitas. Gostaria muito de encontrar o ascendente do Pai do bisa Jeremias. No caso seria o pai de nosso tataravô Manoel Antônio de Freitas. Vc tem conhecimento!? Conseguiu cidadania Portuguesa?

Anônimo disse...

O coronel Jeremias é meu trisavô. Sou neta de Cyro e bisneta de Juracy, filha do Coronel em segundas núpcias com Francisca. Cyro (neto do Coronel) reside até hoje em Miracema - RJ, assim como outros parentes. Sei que até hoje também residem em Palma nossos parentes Freitas. Estou alimentando a árvore da família no site Family Search 🙂

Anônimo disse...

Oi Dênia, residem sim, inclusive alguns foram prefeitos da cidade.