terça-feira, 1 de junho de 2010

DIVISA RIO/MINAS











Na estrada de terra, dezoito quilômetros separavam Palma de Miracema.
Taxi era carro de praça e taxista era chamado de chofer de praça.
No Morro do Vigilato, se chovesse, não passava ninguém.
Guarda-pó era usado para se proteger da poeira.
Os ônibus da Rio-Ita passavam levantando uma nuvem
de pó.
Galinhas, porcos, malas, matulas, sacolas, pacotes, latas de leite e trouxas
enchiam o corredor da "condução".
Seu Joaquim, o motorista, parava em cada porteira que
encontrava para um bate-papo.
Quem podia ia de carro de praça. No meio do caminho era inevitável
uma paradinha para alguém vomitar.O cheiro da gasolina misturado ao
da poeira e ao próprio pó inalado era um coquetel perfeito
para "embrulhar" o estômago.
- abre a janela....
- põe um jornal dobrado por dentro da camisa...
- mastiga um palitinho de fósforo...
respira fundo epõe a mão pra fora...
Mas nada adiantava.
O Ford 51... às vezes um 29...
Antônio Aarão, Julio, Salomão, Didi...
paciência....
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Mas, quando chegava na divisa, a visão do marco era mágica.
Aquele "obelisco", no meio do mato era o passe mágico.
Parecia que a gente respirava outro ar.
Daqui pra lá. respirávamos o ar fluminense.
De lá, pra cá, o cheirinho de Minas.
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O "obelisco" continua lá.
Com suas placas de bronze registrando datas e nomes de autoridades.
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Na minha lembrança a mágica ainda existe.
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Hoje, o obelisco está aqui
para matar as saudades e pra gente não permitir
que ele desapareça.







Um comentário:

betometri.blogspot.com disse...

A 1ª vez que fui a Palma, 1971, caiu um temporal e eu tinha que embarcar em Miracema às 23:00 hs e nenhum carro de praça se disponibilizou em me levar. De repente uma solução: O Jeep, tração nas quatro rodas, do sr. Francisco Lourival. Com muito custo e derrapadas conseguimos chegar e consegui embarcar. Alguém afirmou: Esse não volta nunca mais em Palma, mas erraram, eu voltei e não me arrependi.

Ass.: Paulo Sérgio