sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

PALMA VISTA DA JANELA DO TREM DA MEMÓRIA.

O trem saiu de Cisneiros ainda há pouco.
Da chaminé da Maria Fumaça sai o aviso: ela está chegando.
Vamos juntos fazer uma pequena viagem no tempo.
Guarda-pó, malas e matulas, tudo em ordem.
Vamos embarcar numa viagem de saudade
e de lembranças;
percorrer o trecho onde havia a linha do trem
na nossa Palma e ver como está a nossa cidade hoje.
Estamos chegando na estação. Olhem um pouco pra esquerda.
O velho prédio das oficinas ainda está de pé.
(ou quase)
Um olhar para a direita e vislumbramos o morro
da igreja.
Olha!!! Lá está Palma!!!
O que é isso à nossa esquerda?
Tudo isso virou moradia.

Bandeiras desfraldadas anunciam a chegada à estação.
Cadê os trilhos?
Pra que?
O trem da saudade percorre qualquer caminho
onde haja lembranças.
O trem se aproxima da estação.
E as bandeiras nos brindam com suas cores.
Quase lá!
O coração bate descompassado.
A saudade aperta!!!!
Chegamos na estação de Palma.
Palmeiras???
Será pra nos lembrar que aqui é Palma?
Não é necessário nada externo pra que eu reviva
grandes momentos.
Lá na frente está a casa onde morava o agente da Leopoldina.
Ah! A pracinha!!!
Cadê os bancos e os casais de namorados??
O escritório da Quarta Residência. Nome pomposo!!

Dona Julieta não está aqui, nem seus deliciosos biscoitos de polvilho.
Já está na hora de partir.
Você está escutando o sino?

Café com pão
manteiga, não.
café com pão,
manteiga é bom.
Começa o ritmo da Maria Fumaça.
Vamos começar a deixar a estação.
A plataforma, vazia.
Palma não vai ficar pra trás.
Vamos, maquinista.
Lenha na caldeira!!!
A estação vai se distanciando.
Café com pão,
manteiga, não...
Café com pão
manteiga, não...
Dê mais uma olhadinha pra trás.
Agora, vamos em frente.

À nossa direita, a Rua Francisco Otoni de Paula.
Logo aqui, à direita, a máquina de arroz do Seu Antonio Dingo.

Aqui, onde a linha cruzava com a estrada Palma-Laranjal,
hoje é a esquina da Rua Dr. Ormando Borges de Aguiar com
a Rua Flodimira Titoneli.
E vamos lá!
Onde era trilho, agora é trilha.
Acabou de passar um boi por aqui.
Ainda bem que lembranças não atropelam animais.
Qua saudade!
Que tristeza ver o que está contecendo com a nossa estrada,
antes tão movimentada, com o expresso, o noturno
e os trabalhadores da Estrada (era assim que nos referíamos a eles)
Nosso trem avança.

E nossas lembranças nos acordam pra esse novo tempo.
Fogo, maquinista!!
Olha alí a Rua Heitor Barbosa.
E lá no fundo, a Rua Firmo de Araújo, a antiga Rua do Matadouro.
E vamos tocando em frente.
O mato cresce.
Assim como a nossa saudade
de tempos tão bonitos!
Dessa curva dá pra ver bem a Igreja de São Francisco.

Mais um boi!!
E um lagarto!!!
Ainda bem que a gente ouve o canto dos pássaros.
E quantos pássaros!!!!
Alí é o Calçadão, a antiga Rua do Cinema.
Agora dá pra ver a Rua do Dó.

Olhando um pouquinho pra trás, dá pra enxergar a Prefeitura
e o Fórum, lá no cantinho, à direita.

Olha a ladeira alí, gente.
Uai, cadê o Clube Santa Cecília?
Acabou.
Que saudade!
A Rua Tiradentes, a Rua do Sapo (Rua Adriano Raymundo)
e o alto do Morro da Nicota (Rua Dr. Costa Reis)
Meus olhos captam a Igreja em zoom.
Você se lembra da Cruzada, das Filhas de Maria, dos Congregados Marianos,
da Irmandade de Nossa Senhora Aparecida,
das festas de Maio???
E da Folia de Reis descendo do Mato Dentro?

Agora o nosso trem passa perto da esquina da Rua João Pinheiro
com a Rua Dr. Costa Reis.
Ali, no alto, a Capela de Santo Antonio e o Hotel Campos,
onde antes funcionava o Ginásio Nossa Senhora Aparecida.


Mais uma vista da Costa Reis e do Morro da Nicota,
que vão ficando pra trás.

Dê a ultima olhada dessa viagem,na Rua Tiradentes.
Veja, ainda existe um casarão antigo por lá!
Meu Deus, até quando???
Que seja restaurado e dure por muitos e muitos anos.
Lá em cima é o Parque das Palmeiras.
Era por alí que existia um reservatório de água , que abastecia toda
a cidade.
Nossa viagem está quase chegando ao fim.
Aqui, à nossa esquerda, uma pequena gruta.
Olhe alí .
É a Rua Oscar Rodrigues de Paula.
Era logo alí, à direita, que ficava o pocinho do Américo Pinto, onde a molecada
se banhava nos dias de calor.
É a última curva. Agora deixamos a cidade.
A partir daqui, sua lembrança é que vai levá-lo a outras viagens.
Vá com Deus.
E não se esqueça da nossa Palma.
Espero que não tenha ficado triste com o que viu.
Mas , eu acho que deu pra matar a saudade.
BOA VIAGEM.
LENHA NA CALDEIRA, MAQUINISTA!!!!!!
café com pão,
manteiga, não,
café com pão...

28 comentários:

Norma Luíza disse...

Oi Beto, embarquei nesta viagem. Me emocionei.
Havia na pracinha um velho flanboiant onde eu e Mário gravamos nossos nomes em forma de cruz.
Lindas lembranças.
Quanta saudade!

betometri.blogspot.com disse...

Essa nostalgia acontece com todos, inclusive em nós que não nascemos lá. No meu caso, como se tivesse nascido, são 40 anos de experiência com a terra e os costumes.

Ass.: Paulo Sérgio

Unknown disse...

Lindas lembranças!Òtima infância naquela pracinha da estação...
Saudades!

Cristina disse...

Beto, viajei legal.....
Adorei, me vi na estação esperando o noturno para passear no Rio...
Belas lembranças.... Muitas saudades..
Parabéns!!!!!

Anônimo disse...

Muito obrigado pela viagem.......... Que viagem maravilhosa........ Eu viajei de verdade, fui até Eugenópolis............. Maravilha.
Abração.
anônimo

Francisco Geraldo de Paula Lima disse...

Como não entrar neste noturno e viajar uma distância de 60 anos em 10 minutos e copiar tudo na modernidade do meu blog, incluindo tb os comentários ja existentente.
Fica registrado o meu agradecimento a vc e a todos que fizeram que uma viagem tão longa me deu tanto prazer. Obrigado pela sua existência BETO, obrigado Norma ao lembrar do Mario enfim atodos. F.G. & Sida 4/12/2010

Unknown disse...

Beto

Isso chega a ser maldade!!! É o trem da saudade, é o trem que sempre levou alegria, é o trem que era referência de horario, e esse trem virou o "...o último do sertão..."!!!
Viajei...
Voltei à realidade. Por isso eu digo que foi maldade...
Se pudesse entraria no túnel do tempo...

Um abraço,

Cléverson

Anônimo disse...

Oi Beto.... adorei a viagem....
Uma pena não ter vivido naquela época....
Abraços.....
G.

Anônimo disse...

OLA BETO QUE LINDOS TEMPOS? QUANTA SAUDADES; APESAR DA MODERNIDADE DE HOJE NAQUELA EPOCA NOS ERAMOS MUITO FELIZ E NAO SABIAMOS FICO MARAVILHADA COM SUAS LEMBRANÇAS FAÇO TAMBEM MINHA VIAGEM NO TEMPO IDOS E VIVIDOS BEIJAO

DULCE

Iara e Leley disse...

Beto,
O que dizer de uma ilustração tão perfeita, feita apartir da " Janela do trem da mémoria", tempos passados e vividos por pessoas de tão boa indóli assim como vc e pessoas do meu pouco conhecimento.
Grande abraço com enorme carinho por todos dessa cidade maravilhos...
Iara e Leley.

Andre Miranda Amaral disse...

Zé Betio
Parabens pela ideia e realização. Minha vida sempre esteve ligada ao
trem e a esta Estação onde passei a
maior parte de minha infancia.

Orenil disse...

Muito bacana, Beto.
Me lembro que minha prima Marília Hungria (in memoriam), me levava até os trilhos, para colocarmos alfinetes neles, para quando o trem passar achatá-los dando-lhes formas aleatórias. Coisas da infância.
E também do sino a badalar. Blem-blem!!! Que ficava na estação.
Que fim teve?

É mesmo uma viagem retroativa no tempo, e ótimas lembranças.

Abraço!

Orenil!!!!!!!!!

Anônimo disse...

QUANTA SAUDADE!ANOS 60,ANOS 70 ....LEMBRANÇAS DO MÊS DE MAIO DESCENDO A LADEIRA....
A IDA E VINDA A EUGENÓPOLIS-QUANDO DA ALTURA DA CONGELAÇÃO(ONDE TENHO MUITAS LEMBRANÇAS),AVISTAVA NOSSA PALMA,O CORAÇÃO PARECIA QUERER SAIR DO PEITO E A VIAJEM CONTINUA ATÉ O ALTO DO CALÇADÃO(RUA DO CINEMA)QUANDO AVISTÁVAMOS PALMENSES QUE ACOMPANHAVAM A PASSAGEM DO TREM,E NÓS ESTUDANDES CHEGANDO DE EUGENÓPOLIS CANTAVAMOS FELIZES A CHEGADA A NOSSA TERRA.
BETO,SE ACOMPANHASSE MINHAS LEMBRANÇAS ESCREVERIA MUITO,MUITO MAIS.
VALEU PRIMO!!!!WELDA

Unknown disse...

Beto, meu marido é fanático por esta hitória tão bem contado por vc. Quando tiver alguma foto da congelação poderia mandar pelo seu blog. Meu marido morou em Palma até os quinze anos, ele é filho da Benzica(Carlinhos). Ele ficou muito feliz desta bela recordação.Abraço.

Professor Wagner Inácio disse...

O que dizer...simplesmente fantástico! Não importa idade ou distância, a vista da Matriz é lembrança que nos faz querer voltar a nossa Palma! Parabéns!

julia nogueira disse...

oi beto!

o lançamento do livro ´´nas assas da poesia foi um sucesso

mais eu nao apareci em nenhuma foto): ahahahahaha(brincadeira)

Sebastião Oliveira disse...

Beto, só mesmo você... O meu mais efusivo muito obrigado, do fundo do meu coração. Lá naquela estação, levava minha vida de moleque e brincava de trabalhar transportando os malotes dos Correios, que a Maria Fumaça trazia a bordo de seus vagões, com as correspondências, as cartas, que eram tão comuns naquela época. O apito do agente da estação, Sr. Geraldo, o apito da Maria Fumaça, o chiado do vapor comprimido, o barulho dos vagões em movimento, o adeus da partida, o abraço de felicidade da chegada, o flamboaiã com os nomes dos namorados, todo aquele movimento aflorou-se em minha memória, e foi muito bom... Foi muito bom ter revivido aquela época.
Muito obrigado,
Tão.

Unknown disse...

Oi Beto,
Sempre que a saudade aperta visito seu blog. Que bom rever essas fotos. A casa onde morei, esta la! Pertinho da estação, (a casa do agente).Vontade imensa de rever pessoas que viveram as mesmas coisas que eu vivi! E uma saudade boa, não doi! Obrigada!
anna barbosa.

Anônimo disse...

"Há um vilarejo ali
Onde areja um vento bom
Na varanda, quem descansa
Vê o horizonte deitar no chão

Pra acalmar o coração
Lá o mundo tem razão
Terra de heróis, lares de mãe
Paraiso se mudou para lá

Por cima das casas, cal
Frutas em qualquer quintal
Peitos fartos, filhos fortes
Sonho semeando o mundo real..."

HELEN FALCI disse...

Oi Beto,mostrei para minha mãe Mafalda as fotos e ela disse que minha vó Balbina muito religiosa cuidou muito tempo da gruta,viajou em lembranças maravilhosas.Obrigada.Helen Falci Ferreira

Monica Magalhaes disse...

bateu uma saudade imensa ,meu pai Osny buscava as correspondências na estação,eu msm viajei pra Muriaé de trem,como era bommmm,Parabéns Beto adoro seu blog,um abraço

Anônimo disse...

Beto amei, nossa saudade demais, realmente vi meu pai Osny direitinho na estação.
Parabéns Beto amei o blog
Rose Magalhaes

Anônimo disse...

Boa noite, Beto, a "Fumaça" chegou em Eugenópolis, depois de passar por Muriaé, Patrocínio, chega aqui, me faz percorrer os trilhos da minha infância saudosa e bem vivida! Vejo pelos comentários que um conterrâneo, infelizmente anônimo, também embarca na viagem! Realmente, essa viagem me inspirou continuá-la daqui pra frente. Teremos então: Estação Coelho Bastos, Antônio Prado de Minas e vamos subindo! Porciúncua-RJ, volta pra Minas, Tombos, Faria Lemos, Carangola, as paradas de Ernestina e do Capitão(?), Caiana, Espera Feliz até chegar Manhuaçu. Fim de linha! Senhores passageiros, não foi possível detalhes. Era o Expresso Noturno! Essa escuridão faz doer mais ainda a saudade! Obrigado pela viagem, Beto! Cléber Agotini - Eugenópolis-MG

Maria do Carmo disse...

Saí mas um dia voltei
Saudade me fez voltar
Crianças brincando na rua
Pulando sem nada pensar....

Por isso eu volto...e uma mistura de saudade ,nostalgia ,dor e alegria........amo muito tudo isso !!! Mais uma vez ,parabéns BETO!!!

Jane disse...

Triste não. Vc me fez chorar. Qts lembranças! Minha mãe preparando o meu almoço para ter condições de pegar o trem das dez. escrever para mim é difícil. minha vontade é de te telefonar e dizer o qt tudo isto fez uma revolução em mim. O brigado Beto. Vc é muito especial.

Jane disse...

Triste não. Vc me fez chorar. Qts lembranças! Minha mãe preparando o meu almoço para ter condições de pegar o trem das dez. escrever para mim é difícil. minha vontade é de te telefonar e dizer o qt tudo isto fez uma revolução em mim. O brigado Beto. Vc é muito especial.

Anônimo disse...

Fiquei maravilhado com a viagem Beto!!!!!!!!!!!!!!!!!!! É fácil nos transportarmos para essa época! Parabéns pela história!!!!!!!!!!!!!!

Amarildo Mayrink disse...

Sensacional!! Esse "maquinista" conduziu todos nós a uma bela viagem.