quarta-feira, 10 de novembro de 2010

CAPIVARA. VIDA E ...

Banheiro público, no Calçadão Dr. Marco Antonio de Freitas,
centro da cidade, construído sobre o Ribeirão Capivara,
onde antes havia uma ponte
Ribeirão Capivara, no centro da cidade.

Na foto acima, cano do banheiro público.
Uma ajuda da Prefeitura para que o Capivara
seja um pouco mais poluído, no centro da cidade.

AS FOTOS QUE ILUSTRAM ESTA POSTAGEM FORAM
FEITAS DA JANELA DA BARBEARIA DO ZÉ CARLOS,
NO CENTRO DA CIDADE.
O RESTANTE DO QUE DEVERIA SER TRATADO COMO
NOSSO "PATRIMÔNIO NATURAL"
NÃO É NADA MELHOR DO QUE ISSO.

EM ALGUNS PONTOS É MUITO PIOR.

Poucos dias atrás, enquanto Zé Carlos cortava meu cabelo e aparava minha barba, entrou um cidadão na barbearia. Olhou pela janela que dá pro Ribeirão Capivara, pegou uma linha com anzol e atirou na água. Alguns minutos depois, comemorou um pequeno lambari que fisgou. Pouco tempo depois, outro. Mais outro. Um bagre. Um “maria-chiquinha”. Daquela água turva saiu até uma tilápia de um bom tamanho. Rapidamente, uma garrafa PET estava cheia de peixes. Mais lambaris e bagres. A tilápia foi devolvida ao ribeirão porque não cabia na garrafa.

Quando Zé Carlos terminou o trabalho, fui dar uma olhadinha pela janela. Parece mentira que daquelas águas e daquele mal-cuidado ribeirão possa sair alguma vida. Mas, há vida. Mesmo com o descaso da população. Na maioria das vezes, a sujeira do nosso Capivara é conseqüência da “maldade” dos moradores de nossa cidade que têm suas casas construídas ao longo das margens do curso de água.

Embora a Prefeitura faça a coleta de lixo regularmente poucos moradores das ruas João Pinheiro e Heitor Barbosa, do lado do Ribeirão, colocam lixeiras ou sacos de lixo nas calçadas nos dias de coleta.

Construções irregulares, com os famosos “puxadinhos” sobre o ribeirão impedem que uma máquina possa fazer a limpeza necessária.

Mas, a culpa maior recai sobre a população que , mesmo sabendo do mal que provoca, continua jogando lixo no Ribeirão Capivara, um Patrimônio do Município de Palma , pois deve-se a ele uma das primeiras denominações da nossa cidade: ARRAIAL DA CAPIVARA. Depois, SÃO FRANCISCO DE ASSIS DA CAPIVARA.

Quando crianças, os meninos da minha geração tomavam banho em suas águas. Não havia clube na cidade e ninguém tinha piscina em casa. O Capivara era nossa “praia”. Suas águas ainda eram limpas. Hoje...

Da Pedra Branca, da Água Limpa, do Bom Retiro e de outras nascentes vêm as águas que formam o Capivara. E essas nascentes não estão distantes da cidade. Isso mostra que num percurso muito pequeno o povo acaba com o ribeirão. A menos de um quilômetro do perímetro urbano é coletada a água para o abastecimento da cidade. Mas o esgoto jogado nas águas e o descaso da população maltratam as nossas vidas e os peixes.

O sucesso da pescaria pela janela da barbearia do Zé Carlos demonstra que há vida, ainda, no “nosso rio”. Portanto, há tempo para sua recuperação.

E, só pra lembrar a quem possa interessar e a quem deva saber, o verão se anuncia. E O PERÍODO DE CHUVAS, TAMBÉM. Nossas lembranças da enchente passada ainda estão, também, muito vivas.

Recebi, hoje, dia 02 de dezembro, por e-mail, a seguinte mensagem, que transcrevo abaixo.


Caro Beto,

eu quis comentar diretamente no seu blog,sempre muito bom, mas com meus modestos conhecimentos de internet não consegui. Aquelas fotos sobre o Ribeirão Capivara me tocaram profundamente. Eu nasci aí em 1928 ( tô velhinho né ?). A cidade tinha, praticamente duas ruas principais na minha infância: a rua de cima em frente a Matriz (onde minha família morava) e a de baixo, ligadas pelas duas ladeiras: a principal e a do Tiradentes. As ruas transversais quase nao existiam. Eram caminhos que levavam às fazendas; à zona rural. O nosso Capivara que deu o nome antigo ao lugar ( Vila do Capivara), atravessava, ainda bem limpo, a parte central da cidade. Na saída da Vila, na direção de Miracema, perto do Sítio do Totá, onde havia um moinho de fubá, tinha um poço ( largo , com o remanso do ribeirão) e naquela margem , periodicamente , acampavam os ciganos. Eram latoeiros,vendiam ouro, bugigangas, cavalos ( às vezes cegos). A gente os observava (crianças ainda) com um certo medo daquela gente estranha. Naquele poço a garotada se banhava, pulando de mergulho das margens, principalmente na época de verão. Ah!, companheiro, que saudades da Palma da minha infância.
Abraço grande de seu fã. VHC.


3 comentários:

Fabinho do Ribeirinho disse...

Beto
Na década de 80 tivemos junto com o Marcos Petrillo o Jornal O Despertador que atraves de denucias e reuniões com a população conseguimos sensibilizar o poder publico a realizar melhorias no Buraco da Raimunda, voce levanta uma questão muito importante que é o ribeirão da Capivara, tomara que seja uma semente para realização de melhorias e conscientização dos moradores
Parabens pelo texto
Fábio Ribeiro

Sonia Canellas disse...

Beto, que fotos tristes!!!! Lembro-me de nossa Palma dos nossos tempos de crianca....quanto lambari pesquei no Ribeirao, ainda limpo, nos fundos do Bar Rio-Minas. Tempinho bom, inocente, feliz.
Que bom que voce espantou a preguica e voltou a escrever, amigo! Pode parar nao, voce e' o guardiao da nossa memoria, da nossa historia.
Abraco saudoso,
Soninha

Unknown disse...

So posso dizer que tenho saudades deste tempo tao maravilhoso da nossa terra natal que e Palma querida de todos nos.