- Ai!!!!!!!! Quase queimei meu pé!
Foi assim, naquele dia, que
terminou uma brincadeira de mergulho na
palha da Máquina de Arroz do Nenen Alvim.
Não tínhamos percebido que a palha de arroz estava queimando. Éramos quatro
moleques que, escondidos da mãe e do pai, todos os dias, depois de fazermos os
deveres de casa, íamos fazer nossas estrepolias pelas ruas, pelas máquinas de
arroz e no pasto do Ary. Nas ruas eram os
piques-bandeira, na linha do trem, brincávamos de bang-bang, no pasto do Ary,
descíamos escorregando dentro de canoas feitas com caixas de papelão ou pedaços de coqueiros. E
quase, perigosamente, as nossas canoas voavam e paravam no meio da rua. Quanta
inconsequência! Quanto perigo! Mas como era bom!
Carrapatos se agarravam aos
montes nas nossas pernas . Alguns, mais espertos, subiam pelo corpo. E a
coceira se alastrava!!!! E coçava, coçava, coçava. E quando chegávamos em casa nossas mães faziam
aquela roda de coro. E juntando à coceira vinham os vergões da vara fininha que
a gente mesmo pegava no mato pra mãe usar na bunda de cada um. E como doía!!!
Mas como era bom!
Mas, no dia seguinte, íamos
nós outra vez, um a um, saindo de casa. Sorrateiramente. Próximo ao Santuário
de Nossa Senhora de Fátima, a gente se encontrava, dava aquela olhadinha
esperta pra ver se não tinha nenhum adulto olhando e... zás. Rapidinho
estávamos todos dentro do ribeirão. As latas que tínhamos escondido na véspera
estavam lá nos esperando. Cada um com uma latinha na mão. As de gordura de coco
eram as melhores, porque cabia mais areia dentro delas. Começava então a tarefa de tirar areia do
leito do ribeirão. Cada lata cheia representava um buraco mais fundo no meio do
ribeirão. O buraco crescia e virava um pocinho. Pronto. Nossa piscina estava
pronta. O barranquinho ao lado do
ribeirão era nosso trampolim. Nossos mergulhos eram cronometrados. Um, dois três, quatro... trinta... quarenta e
um... Os que estavam de fora contavam pra ver quem aguentava mais tempo com a
cabeça debaixo d’água. Era nosso campeonato de mergulho. E no corpo todo, as chamechugas
grudavam na nossa pele . Saíamos da água e começávamos a tarefa de retirar as
chamechugas. Bichinhos nojentos! Mas como era bom!
De volta pra casa, outra
surra. Mas, não tinha importância. Já tínhamos brincado o tanto que queríamos.
E no dia seguinte , todos lá, outra vez. Mas a brincadeira já era outra. Saíamos passeando pela cidade
sem usarmos as ruas e as calçadas. Nosso passeio era dentro do ribeirão, que
ia se juntar, mais na frente, ao ribeirão maior, o Capivara. Passávamos por
dentro das manilhas por baixo das ruas. Enfiávamos as mãos nas locas em busca
de cascudos e bagres. Às vezes usávamos as latas para a
pesca de pequenos lambaris. Chamechugas
e as vezes pequenos cortes nos pés. Mas
como era bom!
Ainda estava longe o tempo dos
vídeo-games, da TV. Poucas eram as casas com geladeira. Na hora do almoço íamos
nas casas que tinham uma “Frigidaire” e pedíamos um pouquinho de gelo; Um copo de
groselha era o “refrigerante”. Mas como era bom!
São apenas algumas lembranças
do que “aprontávamos” na infância, nos dias de semana. Porque aos sábados o
programa era o Açude do Aíde. Depois de algum tempo apareceram o Açude do Luiz Teixeira,
o Açude do Maron e o Açude do Zé Amaral. Porque o “Pocinho da Rebahía “ era muito perigoso (mas
a gente fugia pra lá também) e a Prainha era só para as meninas. E o pocinho do
Américo Pinto era muito raso. Mas como era bom!
Bela infância! Belos momentos!
Grandes surras! Mas como era bom!!!!!!
3 comentários:
Beto, você hoje estava especialmente inspirado!
BETO EU VIVI ISTO TUDO QUE VC POSTOU, É COMO SE FOSSE UMA HISTÓRIA DE MINHA INFANCIA. ADOREI
NIZIN DE SO OSNY DO CORREIO
Lindo demais! Boas lembranças.
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