SAHDA E JOÃO SIMÃO
MARIA METRE ABDALLA, ELIAS ABDALLA E BECHARA ABDALLA SAAB
VIOLETA SIMÃO
DA ESQUERDA PARA A DIREITA: SALOMÃO SIMÃO MALUF,
PE. THIAGO EUSSEN, (UM PADRE LIBANÊS QUE VEIO A PALMA
ARA CELEBRAR O BATIZADO
DE TULIO FONSECA CHEBLI) LATUF CHEBLI, AMALI ABDALLA CHEBLI,
WARD MENDER,
LOURDINHA E FUED ABDALLA, NEGE, ... E SAID CHICRE.
DA ESQUERDA PARA A DIREITA: SALOMÃO SIMÃO MALUF,
PE. THIAGO EUSSEN, (UM PADRE LIBANÊS QUE VEIO A PALMA
ARA CELEBRAR O BATIZADO
DE TULIO FONSECA CHEBLI) LATUF CHEBLI, AMALI ABDALLA CHEBLI,
WARD MENDER,
LOURDINHA E FUED ABDALLA, NEGE, ... E SAID CHICRE.
ADIBA SIMÃO E CARLOS
VIOLETA, NAZIRA, FARIDE, ADIBA E MICHEL SIMÃO
NÁGILA E MAURA MANIRA COM SEUS PAIS
MARIA E ROQUE NACIF
MARIA E ROQUE NACIF
MÁLAQUE SIMÃO METRE (MINHA AVÓ)
JOSÉ SALIM
WARD E FILHOS
MIGUEL FELIPE AMARO
FERES E MÁLAQUE METRE
E FILHOS
JOSÉ, AMÉLIA, MARIA, LAILA E HELENA
FERES NEMER
SORAIA AMMAR
ALFREDO E SAHUD SALIM
WARD
ISABEL NAMITALA AMARO
AMÉLIA METRE MARON E FERES MARON
SAIDE E SAID MANSUR
BURBARA DAHER
SALOMÃO SIMÃO MALUF
ELIAS ABDALLA SAAB
CHICRE METRE
MARIA KALIL METRE
LIBANIA, HILLY E SAHDA
PEDRO CHICRI
RALYLE METRE, (também filho de Chicre Metre)
com filho CARLOS e neto MIGUEL
.
KALIL MALUF SALUM
ALIDA METRE MALUF
JOÃO MANSUR AMMAR
(recentemente fiquei sabendo, por intermédio de Alberto Ammar,
que existira outro libanês em Palma: João Mansur Ammar,
irmão de Jorge Amar.
Hoje,( 16/12/11}gentilmente, Súh Ammar, (neta)
enviou-me esta foto..
HELENA METRI (MINHA MÃE) E EU
MINHA TIA LAILA METRE JACOB
É necessário que se faça algum registro sobre a importância dos imigrantes libaneses que se instalaram em Palma no início do século passado e sua contribuição para o desenvolvimento do comércio do município.
Infelizmente, até a data em que redijo o texto que se segue,no poder público municipal, de todos os tempos, ainda não apareceu ninguém sensível o suficiente para reconhecer a grande contribuição dos libaneses que vieram para nossa região e se fixaram em Palma.Na sede do município não existe nada (rua, placa, praça, monumento ou qualquer outra manifestação) que faça lembrar a importância do libanês na cidade.
Inicio tal registro com a relação daqueles que constituíram família e por aqui ficaram por muito tempo. (peço perdão pela grafia errada de algum nome)
A seguir, os casais que aqui vieram residir, aqueles que se casaram em nossa terra e constituíram suas famílias, com os respectivos filhos e outros
Depois, apenas algumas lembranças e coisas que ouvi contar.
- Alfredo Salim e Sahud Salim ( Nacib, Chaquib, Faride, Jofre. Alfredo, José, Glorinha,Selma e Iracema)
- Calixto Maluf e Alida Maluf Miguel ( na verdade Kalil Maluf Salum e Alida Metre Maluf)(Assed, Chafia e Odete)
- Chicre Metre Maluf e Maria Kalil Metre( Pedro, Said, José, Ralile, Sahda, Libania, Rosa e Hily)
- Daher Mirad e Burbara Sahid ( Mirat, Maron, Fideles, Teresa, Arlete, Manira, Alzira, Maria da Penha)
- Elias Abdalla Saab e Maria Metre Abdalla (sem filhos)
- Família Salum, em Cisneiros.
- Feres Maron e Amélia Metre Maron (Victória e Odaléa)
- Feres Metre a Málaque Simão Metre (Maria, Amélia, José, Helena e Laila)
- Feres Nemer e Málaque Nemer (Wilson , Jorge, Ivone, Ivete, Tereza, Vitória e Emily)
- João Simão e Sahda Simão ( Nacib, Adib, Said, Simão, José, Chafih, Latufala, Maria Helena e Jamel)
- Jorge Ammar e Soraya Ammar (Mansur, Emily, Jorgete, Janete e Jane)
- José Auad e Maura Manira Auad (Lea, Marina, Terezinha, Joana D’Arc, Maria José, Maria Imaculada, Maria Cristina, Maron, Pedro, Antonio de Pádua e João Batista)
- José Simão e Violeta Simão (Américo, Michel, Mário, Nazira, Adiba, Adelina, Maria, Violeta, Faride e Emília)
- Latuf chebli(Astolfo Abdala)e Ward Mender ( Fued, Nege, Michel, Amale)
- Miguel Felipe Amaro e Isabel Namitala Amaro (Omar, Hinkler, Norma, Márcia, Carlos Miguel e Eber Pólo)
- Roque Nacif e Maria Jacob Nacif (Nagila, Maura Manira e Antonio )
- Said Abdalla e Jamel Abdalla ( Victória)
- Said Mansur e Saide Mansur ( Chaquib, Diebe, Hacibe, Michel, Nimer, Málaque, Linda e Manira )
- Salim Simão e Helena Simão (Salomão, Nagib, José e Maria Helena)
- Salomão Salim Maluf e Nazira Simão Maluf (Michel e José Carlos)
- Said Chicre (não se casou)
Infelizmente, até a data em que redijo o texto que se segue,no poder público municipal, de todos os tempos, ainda não apareceu ninguém sensível o suficiente para reconhecer a grande contribuição dos libaneses que vieram para nossa região e se fixaram em Palma.Na sede do município não existe nada (rua, placa, praça, monumento ou qualquer outra manifestação) que faça lembrar a importância do libanês na cidade.
Inicio tal registro com a relação daqueles que constituíram família e por aqui ficaram por muito tempo. (peço perdão pela grafia errada de algum nome)
A seguir, os casais que aqui vieram residir, aqueles que se casaram em nossa terra e constituíram suas famílias, com os respectivos filhos e outros
Depois, apenas algumas lembranças e coisas que ouvi contar.
- Alfredo Salim e Sahud Salim ( Nacib, Chaquib, Faride, Jofre. Alfredo, José, Glorinha,Selma e Iracema)
- Calixto Maluf e Alida Maluf Miguel ( na verdade Kalil Maluf Salum e Alida Metre Maluf)(Assed, Chafia e Odete)
- Chicre Metre Maluf e Maria Kalil Metre( Pedro, Said, José, Ralile, Sahda, Libania, Rosa e Hily)
- Daher Mirad e Burbara Sahid ( Mirat, Maron, Fideles, Teresa, Arlete, Manira, Alzira, Maria da Penha)
- Elias Abdalla Saab e Maria Metre Abdalla (sem filhos)
- Família Salum, em Cisneiros.
- Feres Maron e Amélia Metre Maron (Victória e Odaléa)
- Feres Metre a Málaque Simão Metre (Maria, Amélia, José, Helena e Laila)
- Feres Nemer e Málaque Nemer (Wilson , Jorge, Ivone, Ivete, Tereza, Vitória e Emily)
- João Simão e Sahda Simão ( Nacib, Adib, Said, Simão, José, Chafih, Latufala, Maria Helena e Jamel)
- Jorge Ammar e Soraya Ammar (Mansur, Emily, Jorgete, Janete e Jane)
- José Auad e Maura Manira Auad (Lea, Marina, Terezinha, Joana D’Arc, Maria José, Maria Imaculada, Maria Cristina, Maron, Pedro, Antonio de Pádua e João Batista)
- José Simão e Violeta Simão (Américo, Michel, Mário, Nazira, Adiba, Adelina, Maria, Violeta, Faride e Emília)
- Latuf chebli(Astolfo Abdala)e Ward Mender ( Fued, Nege, Michel, Amale)
- Miguel Felipe Amaro e Isabel Namitala Amaro (Omar, Hinkler, Norma, Márcia, Carlos Miguel e Eber Pólo)
- Roque Nacif e Maria Jacob Nacif (Nagila, Maura Manira e Antonio )
- Said Abdalla e Jamel Abdalla ( Victória)
- Said Mansur e Saide Mansur ( Chaquib, Diebe, Hacibe, Michel, Nimer, Málaque, Linda e Manira )
- Salim Simão e Helena Simão (Salomão, Nagib, José e Maria Helena)
- Salomão Salim Maluf e Nazira Simão Maluf (Michel e José Carlos)
- Said Chicre (não se casou)
- Pedro Chicre (casou-se com uma brasileira: Nair Buarque Chicre)Maria Helena, Norma, Amale, Vitória, Antonio, Elias, José Paulo e João Batista)
- Málaque Mansur (Casou-se com um brasileiro, João Pereira Gomes) – João Antonio, Rily, Estela, Josélia, Sonia e Heleno)
Minha avó era uma grande contadora de histórias, nas quais a personagem principal era ela, Málaque Simão Metre. . E contava com tantos detalhes, que minha cabeça de criança usava toda a fantasia possível para torna-las ( as histórias) ainda mais bonitas.
Contava, minha avó, que meu avô, Feres Metre, a deixou grávida, no Líbano, e veio para o Brasil, em 1912, em busca de uma vida melhor, e que breve mandaria busca-la. Lá nasceu minha tia, Maria Metre.
No Líbano, também, ainda ficaram os irmãos de minha avó, José, João, Salim e Wadyh, que, posteriormente, também vieram para o Brasil.
Meu avô, que foi um grande e competente marceneiro, veio para o Brasil e logo começou a trabalhar, mesmo com a barreira da língua árabe. Ele nada falava em português.
Depois que minha tia nasceu, minha avó ainda permaneceu no Líbano por mais algum tempo., na Cidade de Kfar Katra, onde nascera. Sobre esta cidade ela deixou gravadas nas minhas lembranças as imagens da rua e da casa onde morava. Para mim a casa era de pedra, muito bonita, embora cinzenta (cor da pedra). Mais alta do que a rua, a casa tinha um porão onde se guardavam tonéis cheios de azeite com bolinhas de lábine mergulhadas no óleo. Tinha muita azeitona. E ovelhas. E comida gostosa. Minha tia chegou a brincar por lá antes da vinda para o Brasil. Contava que chegou a dar ovo frito para o priminho recém nascido, Salomão, que também veio para o Brasil, onde se casou com uma prima, chamada Nazira.
Hoje penso como deve ter sido triste deixar a cidade natal, a terra natal e rumar para um país distante e desconhecido, e nunca mais, NUNCA MAIS rever o pai, a mãe. Arrancavam-se as raízes e voavam pelo mundo.
Uma interrupção para contar outro caso:Assim foi com tio Elias, (o Elias Abdalla Saab)ainda criança. Aos 12 anos, em 1914, na companhia que um tio dele que iria para a Argentina, o menino deixou pai, mãe e irmãos na cidade de Maasser Beit Eddine, e , num navio, veio para a América do Sul. Aqui no Brasil, o tio o deixou e seguiu para a Argentina. Elias ficou por aqui, nunca me contou como. Só sei que nunca mais reviu pai e mãe. Um irmão, chamado Bechara Abdalla Saab veio passear no Brasil em 1968. Eu me lembro perfeitamente da emoção do reencontro. Ficou por aqui algum tempo e depois foi embora. E não mais voltou. O Elias desse parágrafo casou-se em 1930 com a Maria, filha da Málaque e do Feres, do início da história.
Lá em Kfar Katra, Málaque continuou a viver com Maria até que Feres Escreveu dizendo que ela poderia vir para o Brasil.
Mas o melhor da história, para mim, ainda criança, foi a que ela contou sobre a viagem de navio até o Brasil. Pela descrição que vovó fazia e o que minha mente visualizava, o navio era uma grande e moderna cidade flutuante. Tinha ruas, todas cobertas, com vendas (lojas) nas laterais. Como em Palma, na Rua do Cinema, as pessoas também passeavam pra lá e pra cá pelas ruas do navio.
A história é confusa, sem uma seqüência correta, mas é assim que os fatos vêm na minha cabeça.
Na década de 1960, o progresso trouxe aqueles imensos gravadores, com rolos também imensos de fitas. O gravador era do Hélcio Marcenes. Tia Ward juntava todos os libaneses na casa dela e Hélcio levava o gravador. E em meio a grande porções de tabule, homus, quibe e às vezes Arak (bebida árabe destilada da tâmara ou da uva, aromatizada com aniz), cada um gravava , entre risos e muito choro, suas mensagens que, depois, eram enviadas pelo correio para familiares no Líbano. Lá, outra reunião. Eles ouviam e gravavam as respostas. Outra vez a fita era colocada no correio. Quando chegava aqui em Palma, outra reunião. Todos ouviam. Riam. Davam gargalhadas. Choravam mais ainda. E a língua árabe era revivida em cada um desses encontros. É uma pena que hoje, dos poucos descendentes, apenas as irmãs Odete e a Chafia Maluf Miguel ainda saibam algumas palavras e contem algumas histórias.
Para Palma vieram muitos libaneses. Na maioria parentes. Aqui se estabeleceram e muito fizeram pela cidade. José Auad, Miguel Felipe Amaro, José Simão, João Simão, Said Abdalla, Elias Abdalla, Latuf Abdalla, Jorge Ammar, Salomão Salim Maluf, Feres Maron, dentre outros, foram importantes comerciantes na cidade.
O comércio palmense desenvolveu-se com os libaneses.
Algumas das principais lojas de libaneses, em Palma, a partir da década de 1920:
Casa Azul de Elias Abdalla – Grande e variadíssimo sortimento de fazendas finas, fazendas grossas para lavoura, ferragens, calçados, louças e miudezas em geral. Rua da Estação. (jornal A Voz de Palma – 1932)
Casa Estrela de Astolfo Abdala – Fazendas , armarinhos, louças, ferragens, perfumarias, calçados, chapéus, papelaria, artigos escolares, etc
A Barateira de José Auad – tecidos, artigos de perfumaria, louças e miudezas em geral – Esquina da Rua João Pinheiro com Rua Dr. Victor Ferreira.
Casa São Jorge de Jorge Ammar- Anúncio no Jornal A Voz de Palma , de 1932 - Completo sortimento de bebidas finas, nacionaes e estrangeiras, doces, conservas e artigos para fumantes. Tem annexo um bem montado Salão de Bilhares – Rua Dr. Victor Ferreira – Próximo ã Ponte.
Conta-se, também, que Seu Jorge, da Casa São Jorge, ensinou a muitas crianças o jogo de bilhar e um outro, chamado bagatela (ou bacatela – sobre esse jogo só encontrei um registro de que é tipo pimball) . Para tanto ele pedia às crianças que recolhessem as garrafas de bebidas vazias do bar. O tempo de jogo para cada criança dependia da quantidade de garrafas recolhidas.
Hoje, das lojas fundadas por libaneses em Palma, somente uma se mantem, embora com outro nome ( LOJA DO BETO )e outro proprietário (eu): a Casa Azul, de Elias Abdalla, loja de tecidos, armarinho, funciona no mesmo local, ainda comercializando tecidos e armarinho.
(texto já publicado neste blog em 27 de agosto de 2009)
Hoje, 21 de agosto de 2011, há poucos palmenses, filhos e filhas de pai e mãe libaneses, que ainda residem aqui:
- Málaque Mansur (Casou-se com um brasileiro, João Pereira Gomes) – João Antonio, Rily, Estela, Josélia, Sonia e Heleno)
Minha avó era uma grande contadora de histórias, nas quais a personagem principal era ela, Málaque Simão Metre. . E contava com tantos detalhes, que minha cabeça de criança usava toda a fantasia possível para torna-las ( as histórias) ainda mais bonitas.
Contava, minha avó, que meu avô, Feres Metre, a deixou grávida, no Líbano, e veio para o Brasil, em 1912, em busca de uma vida melhor, e que breve mandaria busca-la. Lá nasceu minha tia, Maria Metre.
No Líbano, também, ainda ficaram os irmãos de minha avó, José, João, Salim e Wadyh, que, posteriormente, também vieram para o Brasil.
Meu avô, que foi um grande e competente marceneiro, veio para o Brasil e logo começou a trabalhar, mesmo com a barreira da língua árabe. Ele nada falava em português.
Depois que minha tia nasceu, minha avó ainda permaneceu no Líbano por mais algum tempo., na Cidade de Kfar Katra, onde nascera. Sobre esta cidade ela deixou gravadas nas minhas lembranças as imagens da rua e da casa onde morava. Para mim a casa era de pedra, muito bonita, embora cinzenta (cor da pedra). Mais alta do que a rua, a casa tinha um porão onde se guardavam tonéis cheios de azeite com bolinhas de lábine mergulhadas no óleo. Tinha muita azeitona. E ovelhas. E comida gostosa. Minha tia chegou a brincar por lá antes da vinda para o Brasil. Contava que chegou a dar ovo frito para o priminho recém nascido, Salomão, que também veio para o Brasil, onde se casou com uma prima, chamada Nazira.
Hoje penso como deve ter sido triste deixar a cidade natal, a terra natal e rumar para um país distante e desconhecido, e nunca mais, NUNCA MAIS rever o pai, a mãe. Arrancavam-se as raízes e voavam pelo mundo.
Uma interrupção para contar outro caso:Assim foi com tio Elias, (o Elias Abdalla Saab)ainda criança. Aos 12 anos, em 1914, na companhia que um tio dele que iria para a Argentina, o menino deixou pai, mãe e irmãos na cidade de Maasser Beit Eddine, e , num navio, veio para a América do Sul. Aqui no Brasil, o tio o deixou e seguiu para a Argentina. Elias ficou por aqui, nunca me contou como. Só sei que nunca mais reviu pai e mãe. Um irmão, chamado Bechara Abdalla Saab veio passear no Brasil em 1968. Eu me lembro perfeitamente da emoção do reencontro. Ficou por aqui algum tempo e depois foi embora. E não mais voltou. O Elias desse parágrafo casou-se em 1930 com a Maria, filha da Málaque e do Feres, do início da história.
Lá em Kfar Katra, Málaque continuou a viver com Maria até que Feres Escreveu dizendo que ela poderia vir para o Brasil.
Mas o melhor da história, para mim, ainda criança, foi a que ela contou sobre a viagem de navio até o Brasil. Pela descrição que vovó fazia e o que minha mente visualizava, o navio era uma grande e moderna cidade flutuante. Tinha ruas, todas cobertas, com vendas (lojas) nas laterais. Como em Palma, na Rua do Cinema, as pessoas também passeavam pra lá e pra cá pelas ruas do navio.
A história é confusa, sem uma seqüência correta, mas é assim que os fatos vêm na minha cabeça.
Aqui, minha avó teve mais quatro filhos: Amélia (casou-se com Feres Maron), José (casou-se com a brasileira Antonia) , Helena (minha mãe, casada com o brasileiro, Oliveiros) e Laila (casou-se com Jacob Massud Jacob)
Salomão era o único que sabia escrever em árabe, em Palma. Era ele o redator de todas as cartas que iam e o leitor de todas as cartas que vinham do Líbano.Na década de 1960, o progresso trouxe aqueles imensos gravadores, com rolos também imensos de fitas. O gravador era do Hélcio Marcenes. Tia Ward juntava todos os libaneses na casa dela e Hélcio levava o gravador. E em meio a grande porções de tabule, homus, quibe e às vezes Arak (bebida árabe destilada da tâmara ou da uva, aromatizada com aniz), cada um gravava , entre risos e muito choro, suas mensagens que, depois, eram enviadas pelo correio para familiares no Líbano. Lá, outra reunião. Eles ouviam e gravavam as respostas. Outra vez a fita era colocada no correio. Quando chegava aqui em Palma, outra reunião. Todos ouviam. Riam. Davam gargalhadas. Choravam mais ainda. E a língua árabe era revivida em cada um desses encontros. É uma pena que hoje, dos poucos descendentes, apenas as irmãs Odete e a Chafia Maluf Miguel ainda saibam algumas palavras e contem algumas histórias.
Para Palma vieram muitos libaneses. Na maioria parentes. Aqui se estabeleceram e muito fizeram pela cidade. José Auad, Miguel Felipe Amaro, José Simão, João Simão, Said Abdalla, Elias Abdalla, Latuf Abdalla, Jorge Ammar, Salomão Salim Maluf, Feres Maron, dentre outros, foram importantes comerciantes na cidade.
O comércio palmense desenvolveu-se com os libaneses.
Algumas das principais lojas de libaneses, em Palma, a partir da década de 1920:
Casa Azul de Elias Abdalla – Grande e variadíssimo sortimento de fazendas finas, fazendas grossas para lavoura, ferragens, calçados, louças e miudezas em geral. Rua da Estação. (jornal A Voz de Palma – 1932)
Casa Estrela de Astolfo Abdala – Fazendas , armarinhos, louças, ferragens, perfumarias, calçados, chapéus, papelaria, artigos escolares, etc
A Barateira de José Auad – tecidos, artigos de perfumaria, louças e miudezas em geral – Esquina da Rua João Pinheiro com Rua Dr. Victor Ferreira.
Casa São Jorge de Jorge Ammar- Anúncio no Jornal A Voz de Palma , de 1932 - Completo sortimento de bebidas finas, nacionaes e estrangeiras, doces, conservas e artigos para fumantes. Tem annexo um bem montado Salão de Bilhares – Rua Dr. Victor Ferreira – Próximo ã Ponte.
Conta-se, também, que Seu Jorge, da Casa São Jorge, ensinou a muitas crianças o jogo de bilhar e um outro, chamado bagatela (ou bacatela – sobre esse jogo só encontrei um registro de que é tipo pimball) . Para tanto ele pedia às crianças que recolhessem as garrafas de bebidas vazias do bar. O tempo de jogo para cada criança dependia da quantidade de garrafas recolhidas.
Hoje, das lojas fundadas por libaneses em Palma, somente uma se mantem, embora com outro nome ( LOJA DO BETO )e outro proprietário (eu): a Casa Azul, de Elias Abdalla, loja de tecidos, armarinho, funciona no mesmo local, ainda comercializando tecidos e armarinho.
(texto já publicado neste blog em 27 de agosto de 2009)
Hoje, 21 de agosto de 2011, há poucos palmenses, filhos e filhas de pai e mãe libaneses, que ainda residem aqui:
Odete Maluf Miguel
Chafia Maluf Miguel
Eber Polo Filipe Amaro
José Simão Sobrinho
Maria Helena Simão de Paula
Jorgete Ammar Chebli
Michel Abdalla Chebli
11 comentários:
Olá Beto,
Seu blog é maravilhoso!Quando pensamos que não,vem você novamente nos presenteando!Porisso nós é que temos que te agradecer!Parabéns!
Abraços,
Anna Barbosa
Olá Beto,
Estou completamente emocionada, entrei brincando na rede com o nome de uma tia e encontrei seu blog, com fotos da minha avó menina, MAURA MANIRA, sua irmã Nagila e pais, além do lindo texto e da refencia à loja do meu avô, José Auad. Ambos já estão no outro plano mas este egistro os torna ainda mais presentes. Obrigada por preservar a história não só de minha família mas de todos os outros "turcos" presentes nestas páginas.
Abraço,
Karin Auad
Olá Beto,
Como minha prima Karin, também estou muito emocionada, pois meu avô, José Auad, deixou para nós uma herança absolutamente inesgotável. Meu irmão Ronaldo Auad já havia me falado de você e vou mostrar esse Blog para minha mãe, Léa. Tenho certeza que ela vai amar. Somos, os descendentes de Libaneses muito sensíveis à memoria, né, Beto? Bom que você se utilizou desta sensibilidade para registrar essa importante contribuição humana para o lugar Palma. Obrigada. Abração, Andréa Auad.
Querido Beto,
Querido por trazer à nossa memória tempos inesquecíveis. Lembro-me das brincadeiras na rua onde morávamos.
Filha de José Auad e Maura Manira, ouvi inúmeras histórias sobre os conterrâneos de meus pais, mas a emoção de ver as fotos e saber de sua história deixou-me emocionadíssima. Saudades misturadas com outras tantas emoções... Estou sem palavras. Deixo tão somente o meu muito obrigada!!!
Abraços,
Marina Auad
Prezados Beto Metri,
Andréa hoje me mostrou seu Blog. Fiquei super emocionada. Revi imagens das pessoas que conheci, amei e amo ainda. Palma está em meu coração, foram maravilhosos os anos que passei em minha terra e quero voltar assim que puder. Vi sua mãe Helena nas fotos, lembro-me muito dela, pois ela era a autora dos "papelotes" em meu cabelo para coroar Nossa Senhora no mês de maio. Beijos prá ela. Abração prá você, Léa Auad
Parabéns, Beto. Mais um texto maravilhoso postado em seu blog. Foi muito bom saber um pouco desta imigração Libanesa e, consequentemente, conhecer um pouco da história dos meus antepassados.
Beto, eu não sou árabe nem libanez, mas convivi na infância com eles e a imagem de alguns me foram sempre presentes por toda a vida. Os nomes me soam todos conhecidos. VV, deixaram um "modo de vida" muito lindo que toda a Palma herdou. Obrigado por mim e minha família. Vctor Hugo do Carmo filho de Oscar Avelino o Carmo, irmão do Padre Ávila do Carmo e mais nove irmãos todos nascidos em Palma. Um abração fraterno.
Parabéns Beto adorei tua postagem
Maravilha Beto parabéns
Olá,adorei o texto. Meus bisavós e avó vieram do Libano, por volta de 1912-13 Veio primeiro meu bisavô Jorge Gazel depois minha bisa e avó. Vieram para o norte, Amazonas. No texto você cita o sobrenome 'Miguel', era sobrenome da minha bisavó, Emilia Miguel Gazel.
Postar um comentário